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Mês: Abril 2013

7 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Brasil – destino papal em viagem de negócios

Destino do papa, Rio é o primeiro Estado sem maioria católica

Em junho, quando chegar ao Brasil para a 28.ª Jornada Mundial da Juventude, o papa substituto de Bento XVI vai desembarcar diretamente no primeiro Estado em que os católicos já não são maioria na população. A tendência é que nos próximos anos o mesmo aconteça em outras regiões, até no Nordeste, onde o catolicismo se mantém mais arraigado.

(Enviado por Stefano Barbosa)

7 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A liturgia e a fé – indústrias do Vaticano

Quem é um ateu para se imiscuir na liturgia da Igreja católica? Que tem a inteligência a ver com o Cristo servido às rodelas na língua dos devotos ajoelhados ou passado de mão em mão de um presbítero para o beato?

Não fora a vocação totalitária da religião e os ateus dedicar-se-iam a outras tarefas.

A liturgia é o circo da fé com Cristo a saltar do cálice, com duplo mortal e pirueta sobre a patena, para acertar na língua do devoto e percorrer o tubo digestivo até acabar na rede de saneamento após a descarga do autoclismo.

As religiões vivem de rituais como os ilusionistas da prestidigitação. JP2 e B16 foram avatares dos papas medievais que sofreram a mágoa de não poderem acender fogueiras e de verem ímpios indiferentes ao Inferno e aos castigos divinos.

No regresso à Idade Média, no eterno retorno ao fanatismo e à intransigência, estes papas sentiram a raiva da impotência e o ódio à modernidade. Sob a tiara, pensavam na forma de fazer ajoelhar os homens e pôr de rastos os cidadãos.

Nada foi mais desconfortável para JP2 e B16 do que viverem num mundo que não se persigna, ajoelha ou submete à vontade dos padres e às ordens do seu Deus. O Vaticano é uma ditadura encravada na União Europeia e o último Estado teocrático da Europa, herdeira do Iluminismo e da Revolução Francesa, berço da democracia e reduto da liberdade.

No bairro das sotainas germinam 44 hectares de ódio, cultivados pela legião de padres, monsenhores, cónegos, bispos e cardeais. Fabricam santos, bulas e indulgências, mas é o horror à liberdade que os anima, a conspiração contra a democracia e a aversão à modernidade.

O Vaticano é o Estado criado por Mussolini mas é, sobretudo, o furúnculo infecto num espaço onde o sufrágio universal não conta com o voto de Deus, ausente dos cadernos eleitorais.

5 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A ICAR e o dízimo

 

 

Amável envio de Stefano Barbosa.Carolicismo_dizimo

5 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Sinos da minha aldeia – Crónica

Na aldeia o sino da torre ainda insiste nas meias horas e, com intervalo curto, na repetição das horas diurnas. Calam-no, de noite, para não perturbar o sono de citadinos em férias. O relógio comunitário ignora os seus homólogos, no pulso dos cidadãos, a sua fiabilidade e a facilidade da consulta.

À força de se repetir vão-se as pessoas esquecendo de escutá-lo e de lhe prestar atenção. Se acaso parar poucos darão pela falta e o abandono será o destino fatal que já o condena. Viverá enquanto não se partir a corda e o maquinismo não encravar.

Mingua nas presas a água que regava os campos à claridade da aurora. Secaram as fontes que alimentavam regatos, mantinham viçosos os prados e os defendiam da canícula.

Falta a água, seca a erva, ficam maninhos os campos. Os velhos vão mirrando enquanto os novos se fizeram à vida e abandonaram as terras e os pais.

Também na igreja o sino chama os paroquianos para os actos litúrgicos com o som triste de quem envelheceu com as pessoas e trina por hábito, sem convicção nem entusiasmo dos que ainda o escutam.

Só os emigrantes iludem, durante as férias, a solidão e abandono a que o interior de Portugal está votado. Foi longo o processo, mas eficaz, penoso e irreversível.

In Pedras Soltas (esgotado)

4 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A Suécia e a descrença

Encontrei isto: Qual é o país com mais ateus no mundo?

É a Suécia. Lá, 85% da população não tem nenhuma crença ou não acredita em Deus.
Esse foi o resultado da pesquisa Ateísmo: Taxas e Padrões Contemporâneos, do sociólogo norte-americano Phil Zuckerman.

Segundo ele, os suecos aprendem sobre cada uma das religiões na escola e são livres para escolher seguir ou não uma delas. E isso se repete na maioria dos países com alto índice de ateísmo. Vale lembrar que o estudo engloba ateus, agnósticos e não-crentes em Deus e o ranking é baseado na percentagem populacional de cada país.

Vale ressaltar também, que a Suécia é um dos países com menos índice de violência.

(Enviado por um amigo)

4 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A monarquia espanhola, os escândalos e o futuro

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A acusação da Infanta Cristina, cuja cumplicidade com o marido parece irrefutável, é mais uma acha na fogueira em que arde a monarquia espanhola.

Iñaki Urdangarin, vem sendo acusado do desvio de fundos, fraude, falsificação e tráfico de influência, além de infrações fiscais e possível lavagem de dinheiro. Não é provável que a mulher desconheça os negócios suspeitos do marido de que ela também beneficia.

É difícil e delicado investigar a família real espanhola, a derradeira herança franquista intocada, mas, para o juiz José Castro, já deixou de ser intocável e os duques de Palma respondem pela apropriação de fundos públicos, como qualquer plebeu de mau porte.

Desde que o direito perdeu a origem divina, as monarquias são instituições de adorno ou tradições exóticas que exigem um comportamento imaculado para serem toleradas. No caso espanhol não se trata de uma tradição continuada mas de um abcesso legado pelo genocida Francisco Franco que derrubou a República, sufragada pelo povo espanhol.

Não vem ao caso recordar a orgia de sangue que dos dois lados da barricada manchou a Espanha durante a cruenta guerra civil de 1936/39, mas convém lembrar que foi Franco que, depois de vencida a guerra, continuou a executar centenas de milhares de espanhóis de forma sumária. A vitória fascista, abençoada pelo Papa, que a designou ‘cruzada’, foi a mais sangrenta tirania de que havia memória. É inútil regressar aos crimes hediondos, de que há abundantes testemunhos históricos, e às cumplicidades que os permitiram.

A monarquia espanhola é uma espécie de última vontade de Franco que o rei perpetua. As hormonas e as relações enegrecem Juan Carlos, e a comunicação social não precisa de licença para investigar o passado e escrutinar o presente.

O boato posto a circular sobre a inestimável contribuição real para o fracasso do golpe de Estado perpetrado pelo grotesco militar Tejero Molina, que invadiu o parlamento, já não basta para apagar a nódoa do seu compromisso com o monstro que o escolheu.

A única apólice da monarquia continua a ser o medo com que Franco oprimiu o País em doses de intolerável crueldade. Há medo da desintegração de Espanha, de que se julga ser cimento o regime que o povo não sufragou e o rei que o ditador legou. Teme-se os demónios totalitários, que podem voltar, a violência, os desaparecidos, as valas comuns, as crianças roubadas, a pena de morte e a aliança entre um caudilho e a Igreja que tarda em democratizar-se.

Um dia, vencidos o medo e a crise económica, a Espanha regressará à República. Viva a República!

3 de Abril, 2013 José Moreira

A cruz da minha avó – crónica pascal

A minha avó mora numa vivenda moderna, tipo maison. Quem entra na casa da minha avó depara-se, logo à entrada e do lado direito, com um nicho recheado de tudo quando é parafernália religiosa, desde medalhas a “santinhos”, passando por terços, relicários, estatuetas, e outros atavios de igual  jaez. Sobrepondo-se a toda essa tralha, destaca-se a imponência de um enorme crucifixo em madeira, devidamente equipado com um Cristo pendurado. A minha avó garante que a cruz não é, e ela faz questão em enfatizar, não é, dizia eu e diz ela, daquelas cruzes foleiras que dizem ser de restos da cruz original. Nada disso até porque, argumenta ela e eu assino por baixo, se fossem a juntar todos os bocados que se garante serem da cruz original, isso daria direito a um instrumento de tortura com o peso de tantas toneladas, que nem Cristo, por mais deus que fosse, seria capaz de arrastar até ao Calvário. Não senhores, aquela cruz, a cruz da minha avó era, apenas, feita do que restou da madeira com que se construiu a cruz original, o que já permite crer um pouco mais na sua veracidade, até porque não consta haver cruzes feitas dos restos da madeira, facto demonstrativo da perspicácia criativa do vigarista que vendeu o crucifixo à minha ancestral. Aliás, se calhar foi por isso que aquela cruz custou uma pipa de massa, com manifesto prejuízo para a minha herança, já que sou o neto preferido, não obstante ser único. Já quanto ao Cristo dependurado, a minha avó assume ser uma imitação, já que “o original subiu ao Céu em todo o seu esplendor, como tu sabes”, embora a minha avó nunca tenha explicado se o esplendor era do Céu ou do original referente à carunchenta cópia.

Pois bem, nesta última Páscoa fui de abalada até à santa terrinha onde mora a minha avó. Era Domingo, e a provecta senhora afadigava-se em volta da mesa sobre a qual iam jazendo as mais apetitosas guloseimas pascais, devidamente acolitadas por uma pinga de estalo, colheita própria. Bom, se o vinho é sangue de Cristo, bem-haja quem o matou, que sempre se aproveita alguma coisa de jeito.  “É para o senhor padre e os acólitos, quando trouxerem Nosso Senhor a visitar e a abençoar esta casa”, explicava ela, perante a minha curiosidade. “Mas… ó avó, então o Nosso Senhor não sabe o caminho, é preciso vir tanta gente…” mas a minha avó nem me deixou terminar o aliás preclaro raciocínio: “Nada de heresias! Com Deus não se brinca, que podes ser castigado. Claro que Nosso Senhor está no Céu, sentado à direita de Deus-Pai, mas o senhor padre traz o crucifixo, que é a mesma coisa.” Mesmo correndo o risco de ver a minha herança, ou o que resta dela, ir direitinha para as mãos do padre, não me contive: “Ó avó, o que vale mais? É o crucifixo de metal que o padre traz, ou o crucifixo que a avó tem, e que até é feito dos restos da madeira da cruz original? Para que é que a avó quer a visita do “nosso senhor”, se ele já está cá em casa em regime de permanência?”

Ao longe, ouvia-se a cada vez mais próxima sineta que anunciava o “compasso”. Prudentemente, e sem aguardar a resposta, que se adivinhava pouco simpática, da minha avó, esgueirei-me para a tasca do senhor Alfredo, que corria o risco de se tornar mais bem frequentada do que a casa da minha avó.

O senhor Alfredo é ateu.

3 de Abril, 2013 Carlos Esperança

A vida, a morte, a ressurreição e o sermão ímpio

Na última sexta-feira, adjetivada de santa, a cristandade chorou a morte matada de Jesus Cristo (JC), judeu utilizado por Paulo de Tarso na cisão com o judaísmo, e às 00H00 de domingo houve euforia com a ressurreição, todos os anos repetida. Nos três dias de luto, nunca três dias tiveram tão poucas horas, puseram de lado a carne, sobretudo de porco e, presume-se, também aquela que dá origem ao pecado da luxúria.

JC, antes de proceder à sua ressurreição e de ter subido ao Céu com os órgãos intactos, incluindo o santo prepúcio que, só em Itália, chegou a gozar o ouro de igual número de relicários, antes de um papa acabar com as peregrinações e a disputa sobre o verdadeiro, com a alegação de que a subida ao Céu não podia deixar resíduos, JC já tinha treinado o truque da ressurreição num pobre diabo, que referirei adiante, onde ganhou prática.

Sabe-se que JC morreu no Gólgota onde o dedicado Cireneu o ajudou a arrastar a cruz e, embora com algumas discrepâncias, o Novo Testamento encarregou-se da narrativa da morte, da ressurreição e das conversas com pessoas das suas relações antes de subir ao Céu. Sabe-se que deu nas vistas nos últimos três anos de vida em que se dedicou aos milagres e à pregação, atividades frequentes para quem fugia ao setor primário. Um dos milagres, quiçá o que lhe valeu a divindade, milagre só repetido para si próprio, foi o da ressurreição de Lázaro. Hoje os milagres são pífios e basta a cura da queimadela de um olho com óleo de fritar peixe, suprindo o colírio, para canonizar um bem aventurado.

O homilia da ressurreição de Lázaro é, ainda hoje, um comovente exercício da divina omnipotência. Era este sermão que cabia fazer ao pároco de uma aldeia da Beira, num qualquer domingo depois do Pentecostes, quando ficou afónico. Não se atrapalhou o padre e ordenou ao sacristão, inexperiente na parenética, que fosse ele, a substituí-lo.

Depois das peripécias da recusa, que por economia dispenso de referir, o padre garantiu estar a seu lado para emendar algum erro improvável a quem sabia de cor o sermão que tinha ouvido dezenas de vezes. E assim fez.

Tal como combinado, o sacristão advertiu os paroquianos que ia dizer o sermão pelas razões conhecidas, e começou:

– Queridos irmãos, naquele tempo estava Jesus e alguns apóstolos, com a mesa e a mala, a fazer milagres à beira do Lago de Genesaré, hoje chamado de Tiberíades, e veio junto dele um coxo e disse: «Senhor, curai-me» e o Senhor curou-o; veio depois um cego com igual pedido e o Senhor curou-o; e fez o mesmo com sifilíticos, leprosos e paralíticos. Já Jesus tinha arrumado a mala e ainda vieram junto dele as irmãs de Lázaro, chorosas, e lhe disseram: «Senhor, o nosso irmão morreu; Senhor, valei-nos». O Senhor disse-lhes: ide e orai e elas assim fizeram.

O Senhor foi junto da campa de Lázaro e ordenou-lhe: Lázaro, levanta-te e anda. E ele andeu…

– «andou, estúpido!» balbuciou-lhe do lado o padre, afónico, e o sacristão continuou…

– andou estúpido algum tempo e depois curou-se.

3 de Abril, 2013 Carlos Esperança

Mulher e vítima – Herança tribal e religiosa

A MULHER NA HISTÓRIA DA EUROPA…

DOS HOMENS…

Parirás com dor.
Bíblia.

A mãe não saberia dar vida. Ela é somente o vaso onde o germe vivo do pai se desenvolve. É ao pai que são devidos o respeito e o amor das crianças. Quem mata a mãe não é parricida.
Ésquilo.

Há um princípio bom que criou a ordem, a luz e o homem. Há um princípio mau que criou o caos, as trevas e a mulher.
Pitágoras.

A mulher é fêmea em virtude de uma certa falta de qualidades
Aristóteles.

Mulher, tu és a porta do Inferno, a via da corrupção, a aliada de Satanás. Deverias sempre vestir de luto e não te cobrires senão de andrajos e teres os olhos inundados de lágrimas. Tu és responsável pela a do género humano.
Tertuliano.

A mulher menstruada estraga as colheitas, devasta os jardins. mata as sementes, faz cair a fruta, mata as ovelhas e faz azedar o leite se lhe toca.
Plínio.

Um ser ocasional e acidental, a mulher
São Tomás de Aquino.

A gravidez não é mais do que a tumefação do útero.
São Tomás de Aquino.

É através da mulher que nos foi enviada a destruição; é através da mulher também que nos foi enviado o parto.
Santo Agostinho.

Nascemos entre os excrementos e a urina.
Santo Agostinho.

A mulher é feita para ceder ao homem e suportar-lhe as injustiças
Jean-Jacques Rousseau.

Ela foi dada ao homem para que ela faça filhos e ela pertence-lhe, como uma árvore com frutos pertence ao jardineiro.
Napoleão.

A mulher é uma propriedade que se adquire por contrato. Deveis ter horror às raparigas com instrução
Balzac.

Não tenham a mínima inquietação com os seus queixumes, os seus gritos, as suas dores. A natureza fê-la para suportar tudo. Filhos, pancada e desgostosos do homem.
Balzac

Devemos alimentá-las bem e vesti-las bem mas não as meter na sociedade. E não devem senão ler livros de piedade e de cozinha.
Byron.

Uma mulher, ao usar a sua inteligência torna-se feia, louca, macaca
Proudhon.

Não se pode imaginar uma olimpíada feminina. Seria impraticável, inestética e incorreta.
Pierre de Coubertln

O destino da mulher deve permanecer o que é: na juventude uma coisa adorável e deliciosa; na idade madura, o de uma esposa querida. (…) o desejo do êxito numa mulher é uma neurose, o resultado de um complexo de castração do qual só se curará através de uma total aceitação do seu destino passivo. A mulher… um homem falhado.
Freud.

Citações recolhidas em .Sexologia, de Gilbert Tordjman, e em Assim seja Ela, de Benoite Grautt.

2 de Abril, 2013 José Moreira

Turismo em Portugal

Acabo de ouver, neologismo televisivo-cinematográfico que consiste na aglutinação de ouvir e ver, , dizia eu que acabo de ouver, na televisão, que o Governo de Portugal está empenhado, como se nós não soubéssemos, em promover o turismo, e esta parte é que eu não sabia. Alavancar, como se diz hodiernamente. Para isso, vai tomar medidas para desenvolver o turismo de saúde e, pasme-se! o turismo religioso.

Ora, eu acho que o turismo religioso é, na verdade, uma fonte praticamente inesgotável de receitas, e a iCAR que o diga, mas a ICAR deve ficar com a parte de leão. O que está correcto, se considerarmos que é a ICAR a única produtora, isto é, detém o monopólio das duas vertentes religiosas que mais atraem os turistas daquele ramo: os milagres e as aparições. Mas parece-me que será chegada a altura de os governantes começarem a pensar seriamente na hipótese de promover uma alteração nos acordos bi-laterais, de modo a que a ICAR passe a contribuir num pouco mais para o esforço anti-crise. Um pouco mais, é como quem diz: contribuir, tout-court. O que não se me afigura difícil, mas se o for certamente que o ministro Álvaro não deixará de deprecar os bons ofícios do católico presidente da República. Sim, que isto de país laico é muito lindo, mas é como a saúde tendencialmente gratuita: fica muito bem na Constituição, e dá um ar de democracia. Só.

Vamos ao que interessa. Em primeiro lugar, para que o turismo religioso, porque é este que interessa abordar neste local, seja, efectivamente, alavancado, há que modernizar toda a estrutura, de modo a que os turistas religiosos sejam efectivamente atraídos por algo mais que as patéticas passeatas do mamarracho pelo terreiro de Fátima.  Alvitro, assim, que sejam criadas novas aparições, de preferência no Algarve, de modo a que os turistas possam juntar o útil ao agradável. Nada mais prático do que assistir a uma procissão enquanto se passa o bronzeador pelo toutiço, ou debitar uma ave-maria entre dois mergulhos nas águas cálidas. As velinhas acesas podiam ser, facilmente, substituídas por telemóveis com retro-iluminação nos “displays”, ou por modernas lanternas de raios-laser. Pelo menos, não se corria o risco de apanhar com pingos de cera na roupa, que aquela porcaria dá uma trabalheira do caraças a tirar.

Depois, os milagres. Os milagres atraem sempre gente. Mas nada de milagres fatelas, tipo olho-esquerdo-de-D. Guilhermina, nada disso! Milagres a sério, do género serrar uma mulher, pode ser um homem, ao meio e o tipo, ou a tipa, aparecer vivo da costa e com as partes coladas, aquela multidão toda a berrar “milagre! milagre!”. Até podiam convidar o Luís de Matos ou, até, um outro ilusionista no desemprego… Sim, porque aquele truque da ressurreição já está mais que visto, anda a humanidade católica a gramar isso há quase dois mil anos, já cansa, é sempre a mesma trata, aleluia, ele morreu para nos salvar, etc.

Por falar nisso: qual a razão para ainda se manter o anacrónico hábito de andar o “compasso” de porta em porta? Em pleno século XXI, com a tecnologia a tornar a palavra “impossível” cada vez mais sem sentido, não se poderia resolver o problema por e-mail? Ou com o acesso a um “site” apropriado?

À atenção de quem de direito.