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Mês: Setembro 2010

14 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Um clérigo que abomina a liberdade religiosa

Uma delegação liderada pelo reverendo protestante Ian Paisley, ex-primeiro-ministro da Irlanda do Norte, irá esta semana a Edimburgo para protestar contra a visita do papa Bento XVI ao Reino Unido.

O ex-chefe do Governo da Irlanda do Norte (2007-2008) e fundador da Igreja Livre Presbiteriana, Paisley liderará um grupo composto por cerca de 60 pessoas para manifestar na Escócia sua oposição à presença de Bento XVI, cuja visita qualificou de “erro”.

14 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A igreja católica é ferozmente anti-semita

Na Polónia católica, na Hungria e Eslováquia, predominantemente católicas, o anti-semitismo, proibido pelos regimes comunistas, reapareceu no domínio público e a ICAR (igreja católica apostólica, romana) é o instrumento desse desvario, suportado no Novo Testamento, esquecida da sua cumplicidade na eliminação dos judeus pelo nazi-fascismo. O mesmo se aplica aos protestantes de diversas Igrejas.

É possível combater o racismo e o ódio que bolça um livro fascista e impossível usar os mesmos critérios para o livro que centenas de milhões de crentes atribuem a Deus. Nuns casos é crime, noutros revelação divina.

O direito que a ICAR se atribui, aliás imposição, de evangelizar todos os homens e a convicção de que fora dela não há salvação, tem levado os seus sequazes a tentarem evangelizar o planeta. A política imperialista do Vaticano é, ainda hoje, seguida pelo último ditador europeu que dispõe de um Estado – o papa –, e a aplica com recurso à intriga, suborno e chantagem sob o manto da diplomacia.

Segundo a jurisprudência de Nuremberga «a pertença voluntária a uma organização criminosa é, em si mesma, um crime», culpa jurídica que ninguém se atreve a formular contra uma religião.

Os Evangelhos foram escritos algumas décadas depois da morte de Jesus e reflectem o racismo e preconceitos que alimentavam a rivalidade com o judaísmo, no fim do séc. I, quando a separação estava consumada por Paulo de Tarso.

Querem os cristãos renunciar ao livro que julgam revelado por Deus ou manter-se fiéis, insistindo em acusar os judeus? Esse é o dilema de crentes para quem o anti-semitismo não é acessório, mas fundamental, e não pode ser expurgado, sob pena de deixarem o seu Deus mal colocado.

O Novo Testamento atribui aos judeus a morte do filho de Deus e aceita que os cristãos os difamem e persigam. Está aí a base do anti-semitismo cristão, plagiado por Maomé, tal como na Tora se encontra a justificação para o sionismo que os judeus de trancinhas cultivam. Sempre a violência religiosa.

13 de Setembro, 2010 Miguel Duarte

Encontro Ateísta e Humanista de Setembro 2010

Aproxima-se o próximo Encontro Ateísta e Humanista.

Desta vez é no próximo dia 15 de Setembro, pelas 19:30, na Loja de História Natural (Rua do Monte Olivete, 40).

Se estiver interessado em comparecer, ou ser informado dos próximos encontros, por favor faça o seu registo em:

http://encontros.humanismosecular.org/calendar/14538629

Nota: A Rua do Monte Olivete, onde se localiza a Loja de História Natural, é mesmo em frente do Museu de História Natural (Rua da Escola Politécnica).

13 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A luta pelo mercado da fé

O pastor americano Terry Jones é um destes provocadores que apelam aos sentimentos mais primários da populaça para acirrar os ânimos e chamar a atenção para a sua Igreja. O termo «fundamentalismo» apareceu no início do século XX, nos EUA, para qualificar o protestantismo evangélico, prosélito do deus cruel, vingativo, xenófobo, homofóbico e violento que povoa o Antigo Testamento e que o actual Papa persiste em defender como inspirado pelo seu deus.

Ao ameaçar queimar exemplares do Corão mostrou o gosto pelos autos-de-fé em que se incineram livros em vez de pessoas. É um talibã, na versão evangélica, de um país onde, com todos os defeitos, a livre expressão é um direito adquirido.

A memória traumática do 11 de Setembro, nove anos depois, continua a horrorizar o mundo mas não é queimando o Corão que se procura a paz ou se desmascara a violência que escorre das suas páginas.

Em vez de queimar o Corão, tal como o Deuteronómio ou o Levítico, deviam distribuir-se exemplares, com versículos sublinhados. Mostrando a verdadeira face do deus do Sr. Terry Jones ou do deus de Bin Laden pode conseguir-se a vacina preventiva contra a demência da fé. Queimando os livros só se consegue agravar a superstição e a crença.

A religiões procuram a globalização e cada uma delas pretende ser a única a sobreviver. Sem a separação do Estado e das Igrejas não há garantias para a liberdade religiosa. Ao dobrar de um templo podemos sempre encontrar um esquizofrénico evangelista ou um demente islâmico. Precisamos de Estados que mantenham a mais estrita neutralidade em matéria religiosa.

12 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A missa na aldeia_1 (Crónica)

Os sinos da igreja intimavam os paroquianos para a missa. O templo ia enchendo, homens à frente, mulheres atrás, os menos pobres nas primeiras filas, sempre conforme à hierarquia e à tradição. Uns minutos antes das nove ouvia-se a moto do padre Farias que já tinha despachado a missa das oito em Casal de Cinza e ainda o esperava a das dez noutra paróquia.

Entrava sempre com o ar mal disposto de quem sentia o penoso serviço de Deus como condenação, em paróquias pobres, de gente rude, sem instrução nem banho. Ainda há dois dias ali estivera para ouvir em confissão os pecadores mais aflitos ou com hábitos mais frequentes da eucaristia. Não tardariam a chamá-lo de novo para levar o viático a um desgraçado que já não descolava da cama nem para a santa missa.

O latim deixava estarrecidos os crentes pelo carácter esotérico que assumia aos castos tímpanos de quem até o português, para lá de algumas centenas de palavras, soava a latim ou parecia língua estrangeira criada por Deus para confundir os homens nas obras da Torre de Babel.

A homilia era breve e as ameaças repetidas. Trabalhar ao domingo deixava o Senhor furioso, comer carne à sexta-feira era veneno para a alma de quem não tivesse a bula, a côngrua andava atrasada por parte de alguns paroquianos, a trovoada tinha dizimado as searas, era certo, mas a culpa não lhe cabia a ele, padre Faria, que cuidava das almas, a moto não se movia a água nem o mecânico a consertava a troco da absolvição dos pecados. No entanto, o mais injurioso para Deus e arriscado para a alma era trair a castidade pela qual a Santa Madre Igreja tanto zelava.

Dita a missa, antes de deixar sair os paroquianos, fazia avisos: pedia a quem encontrasse uma burra que avisasse o dono, lembrava às freguesas que as crianças podiam ficar em casa se não se calassem na missa, que todos os cristãos podiam baptizar um recém nascido em perigo de vida, in articulo mortis, sem necessidade de despachar estafeta a exigir a sua presença, com risco de não estar ou de lhe minguar a disponibilidade.

Recordo as pias mulheres, embiocadas no xaile e lenço negro, a debitar ave-marias, sem me ocorrer que vivessem o drama de D. Josefa que Eça nos apresenta «toda sossegada, toda em virtude, a rezar a S. Francisco Xavier – e, de repente, nem ela soube como, põe-se a pensar como seria S. Francisco Xavier, nu, em pêlo».

Já não me surpreende que a Ti Celesta, transida de frio e carregada de fome, de fé e de filhos, sempre com aquela tosse que irritava o padre e merecia das outras mulheres o diagnóstico de tísica, se debatesse com o mesmo problema da D. Josefa de «O crime do padre Amaro», talvez em situações mais graves.

A bondosa D. Josefa acrescentava à nudez fantasiada do santo outro pecado que a torturava: «quando rezava, às vezes, sentia vir a expectoração; e, tendo ainda o nome de Deus ou da Virgem na boca, tinha de escarrar; ultimamente engolia o escarro, mas estivera pensando que o nome de Deus ou da Virgem lhe descia de embrulhada para o estômago e se ia misturar com as fezes! Que havia de fazer?”

Com a Celeste a consumição era maior, embora alheia à metafísica. A tosse e a expectoração apoquentavam-na durante a eucaristia e o padre Farias já a tinha ameaçado de lhe recusar o sacramento apesar da devoção com que cumpria os deveres canónicos e a regularidade com que paria um filho por ano.

Mal o corpo e o sangue do Cristo lhe eram pousados na língua, em forma de alva rodela de pão ázimo, logo as secreções lhe acudiam à boca parecendo acalmar à medida que o alimento espiritual aconchegava o tracto gastrointestinal, acalmando o jejum e o catarro, seguindo o curso fisiológico.

Depois, enquanto o padre desaparecia sobre a moto, entre nuvens de pó, ficavam os homens a falar da vida, as mulheres regressavam a casa a fazer contas à vida e os garotos enganavam a fome com uma bola de trapos, sem pensar na vida.

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

A procissão ainda vai no adro

Pedofilia

Bélgica. 13 vítimas de abusos sexuais de padres suicidaram-se

Relatório sobre pedofilia na Igreja Católica revela 475 denúncias de abusos. A maior parte dos crimes prescreveu

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Chile – A evocação de um crime

Amigos do peito e da hóstia

Faz hoje 37 anos. Um obscuro general derrubou o Presidente eleito do Chile, Salvador Allende, e deu início a uma longa e sinistra ditadura que permanece como paradigma da crueldade, do arbítrio e da barbárie.

Solidário com os muitos milhares de desaparecidos, torturados, presos e assassinados, o Diário Ateísta recorda o frio e piedoso torcionário Augusto Pinochet.

Para que não se esqueçam os algozes.

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

EUA – Nove anos após o 11 de Setembro

Demente da fé

«O nosso primeiro inimigo não é Bin Laden nem Al Zarqawi, mas o Corão, o livro que os intoxicou». (Oriana Fallaci, jornalista italiana, falecida).

Há nove anos não foi agredida apenas a América, a civilização foi posta à prova. O ódio religioso é a lepra que alastra e corrói a base dos sistemas democráticos e põe em risco a civilização.

11 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Eu ateu me confesso_1

Andam por aqui alguns crentes à espera da penitência pelos pecados cometidos. Vêm cheios de proselitismo, ansiosos por agradar a Deus. Não sei se é o desejo de mortificação que os atrai, se a inútil vontade de nos converter. Podiam ser mais originais no que escrevem, mas limitam-se a manifestações de subserviência para com o defunto Papa e a debitar louvores a um defunto mais antigo – Jesus Cristo. Depois, repetem até à náusea a prosa e a convicção.

Os créus têm as Igrejas, os órgãos de comunicação social, a Concordata, os padres, a água benta, o incenso, as orações e a eucaristia para ruminarem a fé numa posição de privilégio. Todavia arribam a este espaço de incréus onde não se apela ao terço, não se recomendam as orações, não se reconhecem os milagres nem a bondade do Papa milagreiro.

Aqui é um espaço de liberdade onde a Declaração Universal dos Direitos do Homem é a Bíblia que nos une, onde a igualdade dos sexos e a não discriminação por questões de raça, religião ou cor são o único credo. Aqui, no Diário Ateísta, consideramos que não há a mais leve suspeita da existência de Deus nem o menor motivo para pôr pessoas de joelhos e aliená-las com orações. Não reconhecemos à água benta mais valor do que à outra, nem à hóstia, depois de consagrada, mais calorias do que antes.

Os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, que a Revolução Francesa nos legou, são incompatíveis com o direito divino que as religiões defendem e com as ameaças e castigos com que os seus padres assustam. O Inferno somos nós que o fazemos, aliás, sois vós, os crentes. O vosso Senhor, que se zanga com os homens que procuram a felicidade, que tem uma multidão de clérigos a administrar uma treta a que chamam sacramentos, que aliena as pessoas com ladainhas e orações, é uma ficção perigosa de raiz totalitária.

O vosso Senhor, o Deus que as religiões do livro vendem, com atributos pouco recomendáveis e mau feitio, é uma invenção muito antiga, adaptada ao longo dos séculos e imposta com a barbaridade de que só os clérigos são capazes.

Nós sabemos que Deus vos ama. Não deixem que vos troque por nós, ateus, que apenas queremos que nos deixe em paz.