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Mês: Setembro 2010

10 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

As religiões e os pirómanos

Para clérigos muçulmanos, queima do Alcorão ameaça relação do Islão com o Ocidente

O plano de um pastor americano de queimar cópias do Alcorão, o livro sagrado do Islamismo terá graves consequências para as relações entre o Islão e o Ocidente, advertiram clérigos muçulmanos à BBC Brasil.

Comentário: Não se devem queimar livros. Deve-se, isso sim, denunciar o seu carácter violento e desalmado, como é o caso do Corão, do Levítico e do Deuteronómio.

Apostila: O pio delinquente americano já anunciou que não queima o Corão.

9 de Setembro, 2010 Ricardo Alves

Proibir? Não.

A pequena igreja da Florida que tenciona queimar publicamente o Corão quer, principalmente, atenção. Está no seu direito.  E vai consegui-la. A atenção. Todos vamos ficar a saber que são fundamentalistas cristãos apostados numa «guerra santa» de isqueiro e papel.

Proibir a queima do Corão está fora de causa (e seria tão errado como proibir o Corão, já agora). O papel e o cartão não têm sentimentos e não vão chorar ao ser queimados. E nenhum país civilizado proíbe que se queimem símbolos ou textos em público (com a excepção, discutida, dos símbolos nacionais).

Hillary Clinton critica publicamente a anunciada fogueira. E está bem: cabe-lhe garantir a ordem pública interna e a afirmação externa. Não pode, pelo contrário, proibir o acto em si, como pede um senhor do Cairo. Ainda se está dentro dos limites da liberdade de expressão. Embora haja muita coisa que, sendo legal, é ética e politicamente condenável.

[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]

9 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

O reverendo Luís e a procissão (Crónica)

Ao Luís não eram conhecidas virtudes públicas quando terminou o curso de engenharia e anunciou que tinha ouvido um chamamento. Julgaram que mencionava alguma oferta de emprego que um recém-licenciado sempre almeja. Nada disso. Rumou ao seminário e era vê-lo, quando regressava, nas férias, embevecido, a acolitar o padre nas cerimónias pias.

Não tardou, o tempo passa depressa, que o fizessem diácono e, a seguir, padre. Com que orgulho passou a substituir nos serviços litúrgicos o padre Manuel que, em Agosto, se deslocava ao Brasil impelido pelo gosto da viagem ou pelo desvelo paternal, segundo murmuravam os paroquianos desconfiados de uma filha naquelas paragens.

Um dia o João Nunes, antigo colega e também engenheiro, encontrou o reverendo Luís e disparou-lhe:

– Então como vai o engenheiro?

– Engenheiro, não, padre se faz favor, porque engenheiros há muitos e padres poucos.

– E o que é preciso para ser padre, retorquiu o primeiro, com visível boa disposição.

– É preciso ter juízo.

– Que grande cunha !…

E o diálogo terminou abruptamente, com o jovem clérigo amuado.

Começou aí o azedume do reverendo, emproado com as vestes talares e o colar romano que lhe cingia o pescoço, indiferente à canícula, persuadido de que a batina encobria os pecados e o engrandecia aos olhos dos profanos.

Alguns dias depois, na procissão da Senhora da Barca, o reverendo Luís comandava, no trajecto do costume, o cortejo, as orações e os cânticos quando, junto da esplanada do Café da Candidinha, se tresmalhou do pálio e se aproximou dos fregueses, crucifixo em riste, colérico, para os desancar evangelicamente, enquanto os devotos desfrutaram a pausa na fé e no percurso assistindo ao espectáculo profano.

Os alvos foram antigos colegas de colégio quando este era o único estabelecimento de ensino secundário no concelho. O João Nunes, o Aristides e o Zé Vaz aguentaram em silêncio a descompostura de quem não lhes tolerou a troca da devoção pela cerveja de barril. Foram admoestados furiosamente, seus hereges, não respeitam o padre, não se ajoelham à passagem da procissão, ofendem Deus Nosso Senhor, não têm consideração pela Senhora da Barca, indignos, pagãos… e, só depois de serenado com o espectáculo pio, o presbítero se recolheu ao pálio e à procissão que prosseguiu perante a assombro de alguns paroquianos e o gáudio de muitos outros.

Os hereges ficaram algum tempo mudos, mal refeitos da censura e do medo de levarem com a cruz, brandida pelo irado reverendo que, no delírio, parecia querer usá-la à vista dos devotos. Só quando a cauda da procissão se sumiu, as pernas deixaram de tremer e a calma voltou, soltaram os desabafos reprimidos que até a mãe do padre abrangeram.

A ligação entre os antigos colegas de colégio excluiu do convívio o presbítero e foram parcas as relações que ficaram. As férias terminaram e cada um foi à vida, enquanto o reverendo Luís regressou à paróquia da diocese de Lisboa onde exercia as funções a que o alegado juízo o predestinou.

No ano seguinte, no dia canónico, a procissão da Senhora das Neves repetir-se-ia com o padre Manuel no Brasil e o reverendo Luís a substituí-lo. Apenas os réprobos do ano anterior evitaram o café, não fosse o diabo tecê-las, e repetir-se a insólita cena.

A procissão teve a precedê-la a missa, como era uso, onde o reverendo Luís enalteceu as virtudes da santa e verberou o comportamento de paroquianos ausentes, indiferentes à procissão, capazes de se manterem sentados enquanto o andor, o pálio e a cruz viajavam pelas ruas. Soube-se que foi pobre a homilia e grande o acinte que moveu o oficiante, capaz de desancar os réprobos se, acaso, os visse perto do cortejo pio, sem se rojarem de joelhos à passagem. Não consta que os devotos se tivessem deixado encolerizar, apesar de acirrados, pelo jovem e piedoso presbítero que, a seguir, presidiu à procissão.

Pelas ruas ainda se viam colchas garridas às janelas quando o andor, o pálio e outros adereços desfilavam pelas ruas da vila. A procissão progredia vagarosamente com as orações e os gestos da coreografia de sempre. O Valdemar lançava foguetes em honra da santa, longe do cortejo, para evitar que as canas atingissem os devotos, indiferente aos incêndios que podia atear e a que, como bombeiro, teria de acudir.

Na esplanada do café da Candidinha o reverendo Luís viu de longe uma mesa ocupada onde a experiência lhe dizia que não morava a devoção. Ao chegar próximo do local, abandonou o pálio e correu de cruz erguida a admoestar os incréus, seus hereges, seus malcriados, não respeitam Deus, não estimam a santa, não veneram a cruz, não temem o Inferno, não conhecem a cólera divina e…, esgotada a pia admoestação, cego de raiva e fervor pio, regressou ao pálio e aos cânticos para maior glória da Senhora das Neves.

Na esplanada, um casal estrangeiro, surpreendido, sem nada ter percebido, hesitava em dar o iogurte ao filho.

8 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Direitos humanos segundo Maomé

TEERÃO (Reuters) – Países estrangeiros não devem interferir no sistema legal do Irão e devem parar de tentar converter o caso de uma mulher condenada à morte por apedrejamento por ter cometido adultério em problema de direitos humanos, disse Teerão na terça-feira.

Continua….

8 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Jesus cansado da cruz (Crónica)

Um dia o enorme crucifixo da velha igreja ganhou vida. Genuflectida a seus pés uma beata debitava a salve-rainha enquanto, do lado direito, um pouco atrás, antes do transepto, outra beata rezava padre-nossos junto ao altar da Virgem Maria. Era a força do hábito. Trocavam-se orações por pedidos sem reclamação dos ícones nem reparo dos mendicantes, enquanto o padre vociferava latim e dizia a missa.

O senhor Jesus já por ali andava dependurado, há uns séculos, a suportar a crueza dos espinhos e o mau aspecto das chagas que nunca mais saravam. Enegreceu com o fumo das velas, suportou os odores de quem cuida melhor a higiene da alma do que a do corpo, ouviu gente em desespero e pedidos de vingança de almas danadas que lhe solicitavam o infortúnio alheio.

Conheceu centenas de padres e numerosos bispos a quem nunca fez reparo pelo latim periclitante, a pobreza das homilias ou a riqueza dos paramentos. Ouviu confissões eróticas sem mover a tanga, safadezas incríveis sem se ruborizar, misérias de vidas e vidas de miséria, sem um suspiro, um grito ou um vómito. A tudo o senhor Jesus se habituou, até às versões diferentes a respeito da sua própria vida.
Ouviu um bispo irado a condenar os jacobinos, outro a  amaldiçoar os judeus, e, todos, conforme as épocas, a execrar a Revolução Francesa, a república, o laicismo, a apostasia, a blasfémia e o preservativo.

A tudo o senhor Jesus assistiu, em silêncio, no bronze em que o esculpiram. Até um dia. Até ao dia em que o padre apostrofou os incréus que se afastavam do culto, faltavam à santa missa e se furtavam à eucaristia; admoestou as donzelas impacientes que não esperaram pelo casamento; ameaçou os casais que substituíam a castidade pelo preservativo e contrariavam os desígnios de Deus quanto aos filhos. Jesus despertou no preciso momento em que o oficiante explicava que naquelas rodelas de pão ázimo ia ele próprio, em corpo e sangue, pousar nas línguas ávidas de quem guardara jejum desde a meia-noite, bem confessado, melhor arrependido e excelentemente penitenciado.

Foi então que arrancou os cravos, deu um piparote na coroa de espinhos, abandonou a cruz e esgueirou-se por entre os devotos sem ninguém notar, nem a beata das salve-rainhas, nem o padre que administrava a partícula, nem os comungantes habituados a fechar os olhos. Ninguém reparou que no seu lugar ficou apenas um sinal mais, em raiz de nogueira, com quatrocentos anos, aliviado do peso e do freguês.

Jesus não mais foi visto.

7 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Momento zen de segunda

Por

Rui Cascão

O Carlos Esperança que me perdoe por me antecipar à sua diuturna refutação da crónica de Segunda feira de João César das Neves no DN, e ainda por lhe plagiar o “lead”, mas desta vez não consegui resistir.

Ora cá cá vai a contradita:

JCN refere “Desde o Iluminismo que uma ingénua arrogância luta, em nome do mundo novo, para substituir as tradições cristã, judaica, muçulmana, celta, germânica, greco-romana por uma ficção pseudo-científica que alimenta o corropio de ideologias.”. É claro que JCN convive mal com a Europa que emergiu das luzes, e que preferiria o pio mundo das trevas medievas e da infalibilidade papal.

Numa outra pérola, afirma que “pelo contrário, havendo atrocidades de parte a parte, regra na época, a superior técnica cruzada permitiu, face a enorme desvantagem numérica, manter um reino e rica cultura “que, pelo menos ao longo da costa, durou quase tanto quanto os EUA são uma nação” … não haverá aqui uma contradição no raciocínio de JCN? Ora as atrocidades de parte a parte, regra na época, conforme afirma, não são apenas a consequência do espírito da época pré-iluminista? Ora, os valores iluministas consistem precisamente na erradicação da barbárie, e os que se verificaram no período pós-iluminista se devem essencialmente a derivas irracionalistas ou na incapacidade humana de aplicar os valores do iluminismo?

JCN prossegue afirmando que “Desde o Iluminismo que uma ingénua arrogância luta, em nome do mundo novo, para substituir as tradições cristã, judaica, muçulmana, celta, germânica, greco-romana por uma ficção pseudo-científica que alimenta o corropio de ideologias. Em resultado, empirismo, utilitarismo, positivismo, marxismo, nazismo, existencialismo, pós-modernismo têm-se sucedido, degradando uma elevação cultural que modelou o mundo.”. Fabuloso… nem sei por onde começar a contestação. JCN é um economista, sendo o seu pensamento económico (que é aliás irrepreensível) enquadrado por uma óptica liberalista. Ora o liberalismo económico tem como bases o empirismo, o positivismo e o utilitarismo. Será que JCN arriscará a sua credibilidade profissional ao renegar as bases metodológicas da sua arte? Sempre pensei que JCN fosse cristão. Ora o existencialismo iniciou precisamente como uma reacção filosófica cristã contra o positivismo e o utilitarismo (com o seu expoente máximo o teólogo Søren Kierkegaard). Por outro lado, como é que se colocam no mesmo saco do pós-iluminismo ideologias tais como o nazismo, o existencialismo e o pós-modernismo, que têm como fundamento a própria negação dos princípios e valores do iluminismo, ou o marxismo (e o hegelianismo) que restringem o valor da liberdade humana em contradição com o iluminismo, no mesmo saco do positivismo e do utilitarismo? Só com a intenção dolosa de criar uma falácia tal se poderá admitir.

Prossegue JCN ao afirmar que “Desde o Iluminismo que uma ingénua arrogância luta, em nome do mundo novo, para substituir as tradições cristã, judaica, muçulmana, celta, germânica, greco-romana”… Será que não haverá aí um certo elitismo, para não dizer outra coisa, na selecção das pseudo-matrizes culturais da Europa? Milhares foram os povos e culturas que preteritamente marcaram e futuramente marcarão a Europa enquanto este planeta existir. Então e a tradição eslava, a tradição báltica, a tradição nórdica, a tradição magiar, a tradição otomana, a tradição cigana, a tradição albanesa, a tradição basca, a tradição ibérica, as várias tradições de todas as sete partidas do mundo que enriqueceram a cultura europeia, etc.? E expliquem-me o que é que significa “tradição greco-romana” para além de um cliché? Que eu saiba, existe a cultura helénica, a cultura helenística, a cultura romana e um aglutinado entre uma cultura avançada (a helenística, hedonística e nefelibata) que foi conquistada e escravizada por outra cultura mais pragmática. Tradição germânica… qual? A dos Francos? A dos Visigodos? A dos Ostrogodos? A dos Vândalos, e neste caso quais? Os Asdingos ou os Sililingos? O que é a tradição cristã? A cristã ortodoxa, a católica, a luterana, a calvinista, a copta ou a monofisita? E a tradição islâmica? A sunita, a xiita ou a sufita? E entre a sunita, prevalente na Europa? A wahabista, a salafista, a malaquista, ou a shafiista? Então e as “tradições” cristalizam-se no tempo e no espaço em entropia?

Finalmente refere JCN uma obra de Rodney Stark com uma visão alternativa das cruzadas em que o materialismo rapaz dos cruzados é uma falsificação, os cruzados são a ingerência humanitária in illo tempore, etc. JCN, quando não fala sobre economia, é recidivo em utilizar apenas uma fonte revisionista erigindo-a em suma autoridade que decisivamente revê o paradigma. Penso que JCN deveria ler Thomas Kuhn. Bem sei que provavelmente Kuhn deve estar no index e que JCN provavelmente preferiria a epistemologia coeva de Galileu. Kuhn afirmou que, para que uma determinada tese científica (paradigma) possa ser revista e superada, de forma a haver uma revolução epistemológica relativamente a essa tese, é necessária a completa superação da tese anteriormente dominante na comunidade científica. E, quanto às cruzadas, o paradigma dominante não foi superado por esse autor que JCN indica, e que configura esse sistema histórico (as cruzadas) como um confronto de interesses entre dois pólos principais. De um lado os interesses espirituais e venais dos Estados Pontifícios, de algumas potências europeias com possibilidades limitadas de expansão territorial devido ao equilíbrio de poder na Europa e forte pressão demográfica (quanto a isto, leia-se o Diplomacia de Kissinger), a ânsia de glória e fortuna dos não morgados excedentários do regime feudal. Do outro lado o expansionismo do califado islâmico, (aliás, JCN deveria verificar melhor as suas fontes, nas primeiras cruzadas ainda os turcos não tinham adquirido a preponderância no mundo islâmico- o protagonismo coube até 1258 ao Califado Abássida de Baghdad, data em que foi conquistado pelos mongóis… a história afinal tem números, tal como a economia). Actores menores e contraditórios foram o Império Romano do Oriente (cristão ortodoxo, que foi saqueado e ocupado na quarta cruzada pelos cruzados, precipitando a sua agonia que culminou com a tomada de Constantinopla em 1483) e a Sereníssima República de Veneza, ansiosa de expandir o seu território, acertar contas com os Estados Pontifícios e promover os seus interesses mercantis no Levante.

JCN fala de cátedra e fala bem quando fala de economia. Quando fala de filosofia ou de história, deveria ir mais ao fundo. E não deveria generalizar no que concerne a temas tão imensamente complexos. É que a sua reputação sofre. E prefiro mil vezes o nosso imperfeito admirável mundo novo à entrópica pax ecclesiae e o gloria in excelsis deo defendidos por JCN.

6 de Setembro, 2010 Carlos Esperança

Os 33 mineiros do Chile e o oportunismo clerical

Sobre a mina de S. José os padres pairam como aves de rapina.

No Chile, a 700 metros de profundidade , 33 mineiros lutam pela sobrevivência numa caverna onde deviam ter sido escavados túneis que tornavam a exploração mineira mais cara mas de menos risco.

A tragédia apanhou-os numa jornada de 12 horas, horário herdado do piedoso Pinochet, fascinado por Milton Friedman que transformou o Chile no laboratório da sua demência neoliberal.

Os mineiros, afeitos ao sofrimento e penosidade, têm resistido às condições adversas e mantêm viva a esperança de resgate. Enquanto lutam pela vida, cá fora, os funcionários de deus lutam pelo mercado da fé. O Papa enviou-lhes 33 terços benzidos manualmente, por intermédio do cardeal Francisco Javier Errazuriz, e o pastor Carlos Parra, da Igreja do Sétimo Dia, 33 bíblias protestantes em miniatura.

O respeito pela diversidade religiosa e pelas condições de fragilidade psicológica não impediu os prosélitos de montarem a tenda de adereços pios sobre a mina onde lutam pela vida os mineiros enclausurados e as famílias desesperadas aguardam.

Cá fora ergueram um santuário a transbordar de altares sobre pedras e caixas de cartão. Entre a reprodução da Virgem de Andacollo e um Cristo não faltam Santo Expedito e, naturalmente, S. Lourenço que a Igreja católica decidiu fazer patrono dos mineiros.

O presidente Piñera, especialista na caça ao voto, já ameaçou erguer um santuário católico no local, indiferente ao respeito que devia merecer-lhe o pluralismo religioso, nomeadamente a Igreja evangélica, que cerca de metade dos mineiros enclausurados frequentavam. Os clérigos que exploram o medo e a aflição das famílias fragilizadas parecem aves de rapina à espera dos despojos. Não aguardam a libertação dos mineiros, exploram o drama que se vive dentro e fora da mina, numa acção de propaganda pia.

Agora é tempo de confiar nos homens e esperar que especialistas mantenham condições de sobrevivência durante meses enquanto outros lutam por abrir um túnel que os salve.

Perante o barulho das máquinas fica o espectáculo da superstição e do oportunismo clerical a explorar a dor, o medo e a ansiedade.

Há profissões que vivem disso.