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Espanha – Cardeal Rouco Varela humilhado nas eleições

Contra o PP, contra o cardeal Rouco Varela, contra os franquistas e todos aqueles que se juntavam nas ruas de Madrid em persistente contestação ao cumprimento das promessas do PSOE, José Luís Rodríguez Zapatero ganhou as eleições e o direito de formar governo para um segundo mandato.

Nem a desesperada manifestação terrorista da ETA, que vitimou um vereador socialista a quem o Governo de Franco assassinara o avô, foi suficiente para inverter a tendência de voto a favor do PP, cúmplice da invasão do Iraque e companheiro das manifestações dos bispos que traziam para a rua as mitras, os báculos e os devotos e que, nas homilias, vociferavam contra a despenalização do aborto, a facilitação dos divórcios, os direitos concedidos aos homossexuais e o carácter facultativo que foi concedido ao ensino do catecismo nas escolas oficiais.

A derrota da direita começou a desenhar-se com a hegemonia de sectores mais radicais, com a crispação dos sectores mais reaccionários e terminou com a eleição do cardeal ultra-conservador Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola com o apoio de Bento XVI de quem é amigo.

O eleitorado castigou a interferência do Vaticano no processo eleitoral, a ingerência aguerrida do clero e o manifesto espírito retrógrado dos sectores mais radicais, que Mariano Rajoy não conseguiu controlar. Pelo contrário, deu uma segunda oportunidade ao PSOE que desenvolveu a Espanha, impôs a laicidade do Estado e fez um país mais moderno, europeu e civilizado.

Aznar, a CEE e Rajoy, que não pôde ou quis demarcar-se de tão más companhias, são os derrotados. Zapatero e o povo espanhol mereceram a vitória. Vitória da moderação e da tolerância.

A ICAR foi humilhada. O consumo das hóstias continuará em queda e o clero católico, por muitos mártires que canonize, representará cada vez mais os mortos e cada vez menos vivos.