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Espanha – Os bispos afrontam Zapatero

A inteligência e moderação do Cardeal Vicente Enrique Tarancón, arcebispo de Madrid, foram preciosas na ajuda à transição pacífica para a democracia.

Hoje, com a democracia consolidada e o país em acelerado processo de secularização, o episcopado prefere o confronto, reelegendo o ultra-reaccionário Rouco Varela para presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), o cardeal que desceu à rua para contestar a política do Governo – uma exótica posição sem precedentes na Europa – e que mandou votar PP.

Os bispos espanhóis, que se aproximam da centena, estão cada vez mais unidos no ódio à democracia e nas saudades do franquismo, quando o ensino da religião católica era obrigatório nas escolas públicas, o divórcio praticamente proibido e o catolicismo era a religião do Estado.

O braço de ferro entre os bispos liderados por Rouco Varela, um cardeal ligado ao Opus Dei, e o Governo legal, enfrenta uma sociedade em rápida mudança, cada vez mais laica e farta de missas. O desespero pôs as mitras em polvorosa e agitou os báculos e anelões.

A reeleição do cardeal de Madrid para a presidência da CEE é sinal de que a hierarquia religiosa, após o último debate Zapatero/Rajoy, já interiorizou a derrota eleitoral onde, numa atitude sem precedentes, se envolveu. Em aflição, tentou a fuga em frente.