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Os católicos e a moral

Os católicos acreditam na superioridade moral da sua fé tal como acreditam na bondade do seu Deus. Julgam que a solidariedade, a compaixão e a generosidade variam na razão directa das hóstias que papam, dos terços que rezam e das indulgências que solicitam.

A ausência de espírito crítico leva-os a pensar que a manipulação política de Fátima contra a República, primeiro, e o comunismo, depois, foram desígnios divinos com cambalhotas do Sol e suaves aterragens de um anjo, para convencerem gente rural da existência de um Deus com que o catecismo terrorista da época tinha fanatizado três crianças.

Não se interrogam os propagandistas da fé, panegiristas do Papa e mensageiros da pantomina sobre os crimes da sua Igreja e o atávico tropismo para a defesa das piores tradições e a cumplicidade com regimes totalitários.

A ICAR esteve com o esclavagismo, com as monarquias absolutas, com a tortura e com a pena de morte. Nunca se colocou ao lado do liberalismo contra o absolutismo, da modernidade contra o feudalismo, da república contra a monarquia, da democracia contra a ditadura.

A repressão e a violência fazem parte do código genético herdado de Constantino. Não se pode esperar a libertação de quem leva dois milénios a falsificar textos e a impedir que o mundo avance. Na torpe violência que a corrói a mulher foi sempre a vítima predilecta. O clero e a nobreza viveram sempre na harmonia dos carrascos unidos contra a libertação dos povos.

Sem a Revolução Francesa ainda hoje teríamos o beija-mão e a submissão dos príncipes ao Papa mas, felizmente, a evolução vai atirando para o caixote do lixo da História a superstição e o medo com que o clero oprime os simples.