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Deus caiu em desgraça

Deus caiu das alturas onde o medo dos homens e os negócios da fé o colocaram. Andou por lá demasiado tempo, graças à propaganda eclesiástica, à repressão do poder secular e à tradição.

Era difícil aguentar o mito nas alturas sem subverter a lei da gravidade. Deus caiu com o Renascimento, o século das luzes e a vitória da liberdade sobre as teocracias e entrou em coma com a secularização e o laicismo.

Apanhado nas malhas da evolução, sem fazer prova de vida, foi-se o mundo esquecendo dele enquanto alguns padres entraram em histeria e outros mudaram de rumo e de ramo. Só o Islão manteve o Deus violento, cruel e apocalíptico, graças à sobrevivência tribal e à concentração dos meios de produção na mão dos clérigos. A vigilância do clero e o medo do Inferno agravaram a devoção, a demência e o martírio.

Hoje, nas sociedades livres e democráticas, Deus é o papão que assusta as crianças que recusam a sopa, o mordomo invisível do Papa, a quem este atribui a autoria dos despautérios que profere, o abominável mito que os mullahs dizem ser grande e a quem adjudicaram um profeta que deseja ver o mundo rastejar a seus pés.

Se Deus existisse não havia necessidade de o inventar.