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A crueldade de Deus e a demência dos homens

O crime de honra é uma velha excrescência religiosa que se observa nos meios mais reaccionários e embrutecidos pela fé. Deus é um ser misógino que odeia a mulher, acima de todas as coisas, e o amor como algo de vergonhoso.

A mulher é um ser desprezível que se destina a assegurar a reprodução da espécie, servir o marido e ensinar a doutrina aos filhos. Amar não é só o distúrbio dos sentidos, é uma ofensa para a família que apenas se consente dentro do matrimónio canónico, sem manifestações lascivas ou trejeitos mundanos, sem outro fim que não seja o da prossecução da espécie.

Esta notícia traz-me à memória a aldeia da minha infância, onde uma mãe solteira era expulsa de casa, pelos pais, e lançada na prostituição para que a honra da família ficasse limpa. E o responsável podia esperar o fio de uma navalha que lhe trespassasse as tripas por não ter reparado com o casamento a desonra de uma família.

Há nestes crimes cruéis várias infâmias que se perpetuam nos meios rurais, analfabetos e fortemente religiosos:

– Considerar a mulher um ser inferior;
– Considerar a sexualidade um tabu:
– Culto exacerbado da tradição;
– Ignorar os direitos humanos, em geral, e os da mulher, em particular;
– Manutenção de preconceitos hediondos.

Como curiosidade, aproveito para informar os leitores mais novos que, antes do 25 de Abril de 1974, em Portugal, o Estado considerava injustificadas «as faltas dadas por mães solteiras por motivo de parto». Que raio de país.

Pobres homens que não merecem que, ao menos uma vez na vida, uma mulher lhes diga «amo-te», porque as feras não merecem e os brutos não apreciam.