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Glória a Frei Galvão – parteiro e santo brasileiro

Frei Galvão ultrapassou o padre Cícero na corrida para a santidade. O Padre Cícero Romão Batista tinha a mais elevada cotação na Bolsa da Fé mas viu as acções de Frei Galvão subirem com o anúncio da compra de dois milagres pelo Vaticano.

O Brasil, apesar da devoção que os portugueses levaram, juntamente com a varíola e sífilis, nunca tinha produzido um santo. Há terrenos mais férteis, destacando-se a Itália com toneladas de ossos de taumaturgos, relíquias fétidas a necessitar de incineração, para defesa da saúde pública, e santos detritos com cheiro a incenso e mofo.

A Pátria de Jorge Amado foi finalmente distinguida com um santo que interferiu num parto depois de ter morrido em 1822. Os obstetras estão obsoletos, basta um cadáver de que a parturiente seja devota para resolver os problemas de uma bacia estreita, um útero mal formado ou uma distocia.

É verdade que Frei Galvão já podia há muito ter-se estreado no ramo milagreiro, na área da obstetrícia, mas foi o impulso de João Paulo II para a produção de milagres em série, com certificados de garantia e atestados médicos, que fez nascer a onda de milagres que percorre o mundo católico.

Nesta noite, em que se comemora o mito cristão do nascimento de Cristo, o Brasil que se ajoelha e papa missas, o País que debita a Bíblia e reza novenas, os pobres que se atiram à hóstia para sentirem algo no estômago, devem agradecer a Bento 16 por ter reconhecido o segundo milagre de Frei Galvão e rubricado o primeiro alvará de santo.

Bendito seja o Brasil e o seu santo Galvão, já biografado pelo Daniel Sottomaior.