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A droga da religião

A tradição, a coacção social e os interesses de classe ou de grupo estão na origem do proselitismo de que as primeiras vítimas são as crianças.

É habitual «dar» catequese dos seis aos dez anos, idades em que é fácil a manipulação ideológica e o exacerbamento dos sentimentos.

Os empregados de Deus já antes, logo após o nascimento, marcaram as crianças como gado de uma coutada que nunca mais podem abandonar. O baptismo ou a circuncisão imprimem marcas que os profissionais da fé não deixam apagar.

Sabe-se como nas aldeias se coage o matrimónio católico, se incita à prática da missa e organizam festas religiosas e orações colectivas. É mais temido o padre do que o fiscal dos impostos e a ida à igreja é mais assídua do que à escola.

O condicionamento da opinião pública começa, através das Igrejas, pela manipulação dos crentes. Só a secularização, que aparece com o bem-estar, independência económica e alfabetização de um povo, consegue descolar a população das sotainas e da hóstia.

Em períodos de crise, as pessoas abandonam os partidos políticos e integram-se nas Igrejas onde o pensamento único e vocação totalitária lhes levam o consolo e a calma de quem preza mais as certezas divinas do que as interrogações humanas.

Não é por acaso que, nos conturbados tempos em que as várias religiões se digladiam e o futuro da humanidade é um enigma, numerosos fiéis façam maratonas aos santuários, debitem orações e se refugiem a ouvir litanias dos profissionais do embuste.

Há sempre quem prefira viver de joelhos a morrer de pé.