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Primeiro aborto legal na Colômbia

Há pouco mais de três meses a Colômbia assistiu a uma vitória civilizacional quando foi aprovada a legalização do aborto em caso de violação, malformações fatais do embrião/feto e quando a vida ou a saúde da gestante está em perigo. A lei anterior, que criminalizava o aborto em qualquer circunstância, foi alterada, não obstante os estridentes protestos da delegação local do Vaticano, por violar os tratados internacionais subscritos por aquele país, nomeadamente a declaração internacional dos direitos do homem, que reconhece a todos o direito à vida e à saúde. A criminalização do aborto no caso em que a saúde ou mesmo a vida da mulher está em risco se a gravidez não for interrompida é uma clara violação destes direitos.

Para a misógina Igreja de Roma só a mera menção de direitos da mulher, nomeadamente o direito à vida, é uma heresia abominável, já que a mulher (excepto no estado embrionário ou fetal) é um sub-humano sem direitos. Assim, o colombiano Alfonso Lopez Trujillo, responsável pelo Conselho Pontifical da Família, manifestou a sua indignação à rádio RCN (colombiana) afirmando que a decisão de despenalizar o aborto para salvar a vida da gestante foi «um ataque à vida humana».

A posição da ICAR sobre a questão é bem descrita pelo comentário de um mui católico leitor no site católico em língua espanhola ACIprensa, indignado com a «liberalização» do aborto na Colômbia, «As mães condenadas por Deus a morrer pelos seus filhos devem encarar essa missão com um sorriso, são umas privilegiadas».

Não é assim de espantar que o primeiro aborto legal na Colômbia, de uma criança de 11 anos violada pelo padrasto, tenha sido realizado sob violentos protestos dos dignitários católicos locais e que os seus sequazes se tenham manifestado contra o procedimento à porta do hospital Simon Bolivar.