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Impunidade em nome de Deus – pedofilia

A Igreja católica volta a fazer as manchetes de vários jornais britânicos pelas piores razões, agora pelo maior caso de abuso sexual de menores em julgamento neste país.

Cerca de 140 ex-alunos do St William’s Community Home em Market Weighton, East Yorkshire, uma instituição de apoio a menores em risco fechada em 1992 quando as dimensões do abuso perpetrado no seu interior vieram a público, processaram a diocese de Middlesbrough, mais concretamente a Catholic Child Welfare Society e a Middlesbrough Diocesan Rescue Society, e a De La Salle Brothers, uma ordem católica de professores.

Pelas descrições dos ex-alunos que tiveram a coragem de dar a cara a instituição católica era uma casa de horrores, em que os pupilos lá colocados pelo sistema social britânico eram sujeitos a abusos físicos e sexuais constantes. As queixas dos pupilos que reportaram aos assistentes sociais os espancamentos constantes, os repetidos abusos sexuais e psicológicos sofridos às mãos dos católicos mentores não foram consideradas durante muitos anos.

O irmão James Carragher, o director do centro, encontra-se correntemente a cumprir uma pena de 14 anos por abuso sexual sistemático de menores. Já anteriormente, em 1993, tinha sido condenado a 7 anos de prisão por outras ofensas de abuso sexual grave. O superintendente Richard Kerman, que conduziu a investigação no segundo julgamento, descreveu Carragher como «o homem mais malvado que alguma vez conheci».

O abuso sistemático das cerca de 2000 crianças em risco que por lá passaram teve como resultado homens amargos, sem qualquer confiança no seu semelhante, cerca de metade dos quais se encontram na prisão a cumprir pena por crimes diversos.

Algo que tem provocado indignação é o facto de nem sequer a diocese ter pedido desculpas pelo que se passou. Um porta-voz da diocese afirmou que pedir desculpas seria equivalente a admitir culpas… e com um processo judicial em curso poderia ter como consequência uma maior indemnização a pagar pela diocese.

Uma actuação na linha da do Bispo William Skylstad que, referindo-se ao escândalo da pedofilia no clero americano e pesadas indemnizações decorrentes, afirmou para os seus pares «não há dúvida, irmãos, que estes últimos anos exerceram um pesado tributo sobre nós» não só relegando para o passado os abusos sexuais de menores perpretados por padres mas sugerindo falaciosamente que a Igreja é uma vítima inocente dos seus próprios crimes. Mais preocupada em proteger padres pedófilos que crianças, ignorando as vítimas reais dos abusos sexuais, as inúmeras crianças brutalizadas por padres ao longo dos anos, a Igreja preocupa-se apenas com o dinheiro que lhe sai dos cofres (e com o que não entra devido ao escândalo) !

Como já afirmei, pessoalmente considero que a sexualidade de cada um, desde que praticada com adultos consensuais, é algo do foro pessoal e sobre a qual nunca considerei fazer juízos de valor. Mas surpreende-me sempre pela negativa e sempre o denunciarei o empenho da Igreja Católica em determinar a sexualidade de outrem, a veemência das campanhas pela abstinência e contra o preservativo, as exortações ad aeternum à castidade e virgindade, inclusive como único método de prevenção admíssivel da SIDA, quando em casa própria a única preocupação é encobrir os crimes sexuais praticados por membros do clero católico!

Assim, continuarei a denunciar estes casos enquanto a prática adoptada pela Igreja Católica continuar a ser o encobrimento do abuso sexual perpetrado por eclesiásticos, muitas vezes «recompensados» com promoções após serem de tal denunciados pelas vítimas. Como o caso do padre Neil Gallanagh, que se declarou culpado de pedofilia com os pupilos (surdos) do St John’s Roman Catholic School for the Deaf em Wetherby, West Yorkshire. O padre Gallanagh foi promovido a esta posição depois de ter sido condenado… a uma multa de 30 libras … por ter violado um rapaz de 9 anos da sua congregação de Craigbane em Derry, Irlanda do Norte, durante uma viagem à Ilha de Man.

Enquanto aqueles que denunciam e tentam ajudar as vítimas de pedofilia são… suspensos, como aconteceu a Bob Hoatson, um padre de New Jersey, que num testemunho em Maio do ano passado, se atreveu a dizer a verdade: afirmou que os responsáveis da Igreja católica têm mentido sistematicamente sobre os casos de pedofilia!