Diario de uns Ateus

  • Home
  • Contactar
  • AAP

Vaticano e Itália – I

27 de Maio de 2006  |  Escrito por Palmira Silva  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

O jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, criticou na terça-feira dois ministros do novo governo italiano que se manifestaram, respectivamente, em favor da pílula abortiva e da legalização das uniões civis.

A ministra da Saúde italiana, Livia Turco, foi criticada por relançar a pílula RU486, proibida em Itália desde Janeiro deste ano pelo governo do grande paladino de óvulos e espermatozóides Silvio Berlusconi, pouco depois de Bento XVI ter exortado os médicos a não prescreverem este medicamento e ter afirmado que o governo italiano não deveria «introduzir medicamentos que de uma forma ou outra escondem a grave natureza do aborto».

Como esperado, o Osservatore Romano não perdeu tempo a lamentar a atitude da nova ministra da Família, Rosy Bindi, que defendeu o reconhecimento das uniões de facto.

O jornal do Vaticano classificou como «desconcertante» a pressa com que o Governo de Prodi aborda «matérias particularmente delicadas» (para o Vaticano, claro).

Para se perceber no seu real enquadramento, que nem remotamente tem a ver com uma suposta «ortodoxia» (i)moral, este início das hostilidades entre o Vaticano e o governo de Romano Prodi, que com as suas primeiras medidas já mostrou não ser tão permeável aos «conselhos» do Vaticano como o seu antecessor, e porque estes ataques ir-se-ão certamente intensificar se Prodi ousar defrontar abertamente o ditador do Vaticano como o fez Zapatero, é necessário compreender o que está subjacente a esta guerra: poder político que por sua vez é necessário para manter os benefícios financeiros, nomeadamente total isenção de impostos, do Vaticano.

E a influência política da ICAR em Itália, como demonstrado pelas últimas eleições, já não é o que era. O Vaticano precisa com urgência de mostrar ao governo que não perdeu o ascendente político no país e nada melhor para isso que acirrar as guerras das ditas «questões fracturantes»! Caso contrário, o primeiro-ministro italiano, a braços com uma grave crise económica e a maior dívida da zona euro, pode ter ideias peregrinas para resolver de uma assentada a crise, como revogar a isenção de impostos aos negócios, completamente sem nada a ver com religião, do Vaticano.

Isto é, passarem a pagar impostos os muitos negócios e investimentos que o Vaticano detém em Itália, como a maior imobiliária italiana, a Società Generale Immobiliare, para não falar nas participações em multinacionais como a Morgan Guaranty, Credit Suisse, Chase Manhattan ou a Continental Illinois. Esta absurda isenção total de impostos foi concedida por Mussolini e nunca foi revogada, embora Aldo Moro tenha tentado. Mas foi assassinado, supostamente pelas Brigadas Vermelhas, antes de o conseguir…

 

Arquivo Histórico

Colaboradores

  • Abraão Loureiro
  • Associação Ateísta Portuguesa
  • Carlos Esperança
  • David Ferreira
  • Eduardo Costa Dias
  • Eduardo Patriota
  • Fernando Fernandes
  • João Vasco Gama
  • José Moreira
  • Ludwig Krippahl
  • Luís Grave Rodrigues
  • Onofre Varela
  • Palmira Silva
  • Raul Pereira
  • Ricardo Alves
  • Ricardo Pinho
  • Vítor Julião

Diário

Maio 2006
S T Q Q S S D
1234567
891011121314
15161718192021
22232425262728
293031  
« Abr   Jun »

Commentadores:

Administração

  • Iniciar sessão
  • Feed de entradas
  • Feed de comentários
  • WordPress.org


©2021 Diário de uns ateus
Concebido na plataforma WordPress sobre tema desenvolvido por Graph Paper Press.