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Islamização crescente da Indonésia


Em breve as paradisíacas águas de Bali poderão refrescar apenas veraneantes modestamente vestidos como exemplificado por este modelo.

De facto, as autoridades indonésias preparam uma lei, a ser aprovada em Junho, que prevê pena de prisão de 10 anos e multa de 45 000 euros para quem exiba «indecentemente» em público umbigos, coxas ou ancas – alguns fundamentalistas querem incluir ainda os ombros nas partes anatómicas indecentes.

O projecto de lei, que se aplica igualmente a qualquer exibição da tentadora carne em papel ou em filme, pretende criminalizar qualquer comportamento considerado lascivo pelos piedosos fundamentalistas. Assim tudo o que possa ser considerado como ofensa à «decência» ou incitador de «luxúria», como um simples beijo em público, a popular dança erótica balinesa, o dingdut, ou mesmo roupa justa ou sugestiva será proibido. Casais não casados vivendo juntos ou a homossexualidade serão igualmente anátemas.

O projecto de lei, mais um na senda da islamização crescente do país, na prática servirá para impôr o código de conduta e vestuário islâmicos em todo o território da Indonésia incluindo locais como a Papua, onde é normal as mulheres exibirem os seios e os homens usarem apenas uma tanga ou o Bali, em que a maioria da população é hindu, e em que o estilo de vida tradicional está nos antípodas do que desejam os virtuosos religiosos.

Vários grupos religiosos e culturais por toda a Indonésia têm protestado veementemente esta proposta de lei que na prática tornará violações da lei, puníveis com pena de prisão e multas pesadas, numerosas tradições culturais.

No Bali os protestos foram especialmente audíveis especialmente por parte da comunidade artística porque, como afirmou um dos promotores de uma das manifestações, «As artes e crenças religiosas balinesas nunca consideraram a sensualidade e a sexualidade como uma coisa impura, moralmente repreensível. Pelo contrário, a sensualidade e a sexualidade são tratadas como componentes naturais, integrantes das nossas vidas como seres humanos».

O desrespeito pelas tradições locais e a imposição a todos da lei islâmica é ainda manifestado em muitos outros acontecimentos, como por exemplo o que aconteceu na bienal internacional de Jacarta ou na prisão em Java de Yusman Roy. O crime deste último, considerado «espalhar o ódio», foi a blasfema leitura de orações na língua local, Bahasa, em vez de árabe…