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Fundamentalismo em alta no sistema educativo britânico

O sindicato que representa o maior número de professores na Grã-Bretanha, o National Union of Teachers, avisou na quinta-feira que os fundamentalistas religiosos estão a ganhar controle das escolas nomeadamente através dos curricula aprovados pelo governo.

Uma moção a ser debatida na conferência anual do National Union of Teachers pede o fim do financiamento público de escolas confessionais e pede legislação «para prevenir a influência crescente das organizações religiosas na educação e ensino e o ensino de criacionismo ou desenho inteligente como uma alternativa válida à evolução».

De facto, como já tinha referido, a introdução, a verificar-se no próximo ano lectivo, do criacionismo nos curricula de ciências britânicos é extremamante preocupante.

Igualmente preocupante, especialmente quando consideramos que o Reino Unido, a par dos Estados Unidos, é um dos dois países ocidentais líderes no desastroso campeonato da gravidez adolescente e doenças sexualmente transmissíveis nesta faixa etária, são as notícias que as escolas católicas vão substituir os programas de educação sexual por programas de abstinência.

O programa, igualmente a ser introduzido no próximo ano lectivo, pretende seguir à letra as posições dos celibatários do Vaticano em matéria de sexo e relações pessoais. Embora sejam omissos em relação às recomendações de Ratzinger de que «é um dever cortar qualquer comunicação com pessoas que tenham se afastado da doutrina católica», o que certamente contribuirá para uma integração social muito católica dos jovens, os dignitários católicos informaram que se restringirão estritamente aos ditames do Vaticano no restante. Para isso, estão a preparar a formação dos professores encarregues de tal aberração, uma suposta educação sexual nas escolas católicas que consistirá em lavagens cerebrais destinadas a incutir nos jovens a sacralidade de óvulos e espermatozóides e que sexo só no casamento.

Como diz Michael McGrath, director do Scottish Catholic Education Service, «Nós daremos informação sobre o que é a contracepção … mas não iremos promover qualquer forma de contracepção artificial. O aborto não faz parte da educação sexual, mas claramente todas as escolas católicas irão promover a santidade da vida humana e não irão promover o aborto».

Como indica um artigo publicado no British Medical Journal os programas de abstinência «associam-se a um aumento do número de gravidez entre os casais dos jovens que os seguiram». De igual forma, a UNICEF é bastante inequívoca nas suas recomendações. Usando como exemplo a Suécia, que mudou a sua política de educação sexual de forma radical em 1975, explica a diminuição drástica de doenças sexualmente transmitidas e gravidez na adolescência neste país: «Abandonaram-se as recomendações de abstinência e de praticar o sexo exclusivamente no casamento, a educação contraceptiva tornou-se explícita e criou-se uma rede nacional de clínicas para jovens, concretamente para fornecer de forma confidencial orientação aos jovens sobre métodos e tratamentos contraceptivos… Durante as duas décadas seguintes, o índice de nascimentos em adolescentes baixou em 80%». As doenças sexualmente transmitidas, em contraste com os crescentes índices do RU e EU, baixaram neste país cerca de 40% nos anos 90.

Esperemos, a bem dos jovens que tenham a infelicidade de frequentarem estas escolas e da paz e integração sociais, que a moção do National Union of Teachers seja aprovada e seguida pelo governo britânico, ou seja, que tenha finalmente fim o financiamento público de escolas confessionais.