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Morreu o banqueiro de Deus

Corria o Ano da Graça de 1978 quando João Paulo I ascendeu ao trono pontifício e anunciou uma investigação ao Instituto das Obras Religiosas (IOR) também conhecido por Banco do Vaticano cujas fraudes eram objecto de rumores.

Um jornalista comentou então: «Não anda cá muito tempo». E Deus assim o quis. João Paulo I foi Papa durante 33 dias e não verificou a contabilidade do IOR. Esqueceu-se de respirar durante a noite de 28 de Setembro.

Nunca se saberá se foi Deus que o chamou ou a Cúria que o enviou naquela madrugada de 1978. O Vaticano recusou a autópsia.

No consistório seguinte o Espírito Santo foi mais sensato e inspirou melhor os cardeais. JP2 foi o resultado do bom entendimento entre cardeais, Espírito Santo e Opus Dei.

Começou então a ascensão do arcebispo Paul Marcinkus, banqueiro e guarda-costas de JP2. Presidiu durante onze anos ao IOR, o principal accionista do Banco Ambrosiano, uma respeitada instituição financeira onde o Vaticano, a Mafia, o Opus Dei e outras pias instituições faziam os seus depósitos.

A duplicação fraudulenta das acções do Banco foi o expediente encontrado para cobrir um «buraco» provocado pela dupla Marcinkus/Roberto Calvi (este, um funcionário que o Vaticano fez Director).

Roberto Calvi foi encontrado enforcado num pilar de uma ponte de Londres. Marcinkus foi chamado a depor pela polícia de Roma mas o bondoso Papa JP2 nunca permitiu a extradição.

Morreu hoje, aos 84 anos, o antigo banqueiro da Santa Sé, protagonista de um dos maiores escândalos do Vaticano. Morreu em Phoenix, Arizona, sem barrete cardinalício.