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Mês: Janeiro 2006

6 de Janeiro, 2006 lrodrigues

Com a boca na botija

Segundo a Associated Press, Lonnie Lathan um pastor baptista e membro do comité executivo da «Convenção Baptista do Sul», a maior Igreja Protestante dos Estados Unidos, foi preso em Oklahoma City sob a acusação de «lascívia» por ter sido apanhado em flagrante a propor a um polícia à paisana que fosse com ele para um quarto de hotel para lhe fazer sexo oral.

Quando foi libertado o bom do reverendo declarou que tinha sido apanhado numa cilada já que se encontrava no local somente a… pregar.
Isto apesar de o local ser conhecido por ser frequentado por prostitutos masculinos.

O reverendo Lonnie Lathan tornou-se conhecido pelo vigor com que não só se manifestou contra a homossexualidade e contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo mas também pelo apoio à política da sua Igreja de tentar convencer os homossexuais «a aceitarem Jesus Cristo como seu salvador e a rejeitar o seu estilo de vida destrutivo e de pecado» para assim se tornarem heterossexuais.

Confesso que sempre achei curioso e ao mesmo tempo difícil de compreender o entusiasmo fanático com que tantas pessoas, principalmente padres, pastores e similares, se proclamam contra os homossexuais e contra a sua luta por uma simples igualdade de direitos na sociedade.

Talvez, quem sabe, esteja aqui a explicação…

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)
6 de Janeiro, 2006 Palmira Silva

Totalitarismo ou religião?

A Comissão Europeia, através da Rede Europeia de peritos em direitos fundamentais que analisou o documento, avisou que o esboço de Concordata da Eslováquia pode corresponder a uma violação das obrigações deste país como membro da União Europeia. Em causa estão as cláusulas com que o Vaticano quer impor a sua posição anacrónica e aberrante sobre os direitos reprodutivos da mulher, via a «objecção de consciência religiosa».

Keith Porteous Wood, da Sociedade Nacional Secular britânica, aplaudiu as conclusões do painel de peritos, apontando que «Esta Concordata permitiria aos Eslovacos que o desejassem forçar a doutrina católica, por exemplo em relação ao aborto ou à contracepção, (…) independentemente das implicações adversas nas pacientes, que poderiam ser severas. O esboço do documento também é discriminatório a favor dos cristãos em certas áreas em detrimento daqueles de outras ou nenhuma religião».

As tácticas são diversas das dos talibans mas quer os objectivos quer os principais alvos são os mesmos: impôr a todos, especialmente às mulheres, as aberrantes «verdades absolutas» das respectivas religiões!

6 de Janeiro, 2006 Palmira Silva

A saga afegã

Ahmed Shah Massoud, o leão de Panjshir, assassinado em 9 de Setembro de 2001.

Há pouco mais de uma semana assisti a um programa do Canal de História, Afeganistão, O Legado Da Guerra, retratando ao longo de mais de uma década os horrores de uma guerra que massacra os afegãos há quasi três vezes esse tempo. Um guerra que começou política e, depois da saída da União Soviética do país em 1989, que continuou numa guerra religiosa entre os fanáticos wahabitas conhecidos como Talibans e a coligação de mujahidin comandados por Ahmed Shah Massoud, que figurou proeminentemente no documentário. Guerra religiosa cujas verdadeiras proporções são bem expressas neste relatório sobre (e apenas este) o massacre de Mazar-I Sharif.

E guerra religiosa dirigida especialmente às mulheres que, sob o regime Taliban que perdurou até 2001, se tornaram verdadeiras reféns nas suas próprias casas, proíbidas de estudar, trabalhar, sair sem companhia de um familiar masculino, destituidas dos mais elementares direitos e de qualquer vestígio de dignidade.

Desde a queda dos Talibans em finais de 2001, que a posição cultural, política e social das mulheres afegãs tem vindo a normalizar, isto é a voltar à situação anterior às fanáticas lapidações religiosas. Pelo menos no papel, já que a recém adoptada Constituição afirma a igualdade de direitos de homens e mulheres. Na prática, os talibans continuam a ter um peso pernicioso na sociedade afegã e os seus métodos não se alteraram pela paz relativa dos últimos anos, ou seja, continuam a considerar-se divinamente justificados para impor as suas aberrantes «verdades absolutas» sobre as mulheres. Assassinando ou ameaçando de morte aquelas que, como Shaima Rezayee ou Malalai Joya, se atrevem a desafiar as regras impostas pelos talibans.

Desta vez o regime de terror dos fundamentalistas tenta minar a penosa reconstrução de um país em guerra ininterrupta há quasi 30 anos, assassinando professores de escolas em que são aceites raparigas como alunas.

Um dos últimos ataques ilustra os extremos que o fanatismo (diria mais, demência) religiosa pode atingir. Malim Abdul Habib, o director de uma destas escolas, que, infâmia das infâmias, se atrevia, apesar dos «avisos», a ensinar raparigas, foi arrastado do interior para o pátio de sua casa em Qalat, a capital da província de Zabul, na passada noite de terça-feira. Aí, perante os olhos da sua família, forçada pelos fanáticos a assistir, foi decapitado pelos defensores da pureza da fé wahabita.

O documentário a que assisti e os testemunhos recolhidos pelo jornalista do Guardian indicam que a esmagadora maioria da população não só quer ver as suas filhas educadas como gostaria de se ver livre dos talibans. Mas as tácticas de terror destes parecem estar a resultar. Nabi Khushal, o director de educação em Zabul, afirmou à Associated Press que já fecharam por motivos de segurança 100 das 170 escolas da província e que apenas 8% dos alunos são raparigas.

5 de Janeiro, 2006 fburnay

Faça você mesmo

Se é um crente ressabiado, recombine estas frases (já pré-formatadas para seu conforto) num pseudo-argumento e coloque-as aleatoriamente nas caixas de comentário do Diário Ateísta:

1) Se vocês são ateus, não se deviam preocupar com religião – eu não me preocupo com vocês;
2) Não podem julgar a Igreja pelas suas acções no passado porque havia um contexto – isso inclui o ano passado;
3) Não podem julgar a Igreja pelas acções individuais dos seus membros – isso inclui o Papa;
4) Tenho nojo deste blog e nunca mais cá volto – até amanhã;
5) Eu até sou agnóstico mas este blog falta ao respeito à Santíssima Virgem Maria;
6) Não tenho nada contra os ateus, até tenho amigos que são, mas não podem é escrever em público porque isso me ofende.

5 de Janeiro, 2006 Carlos Esperança

Diário Ateísta – 300 mil visitas

O Diário Ateísta ultrapassou hoje as 300 mil visitas graças a ateus dedicados, curiosos acidentais e crentes que a ICAR obriga a dar público testemunho da sua fé.

Destes últimos, há-os inteligentes, dialogantes, cultos e com sentido de humor.

No entanto, muitos parecem ter saído da pia de água benta sem tempo de se enxugarem, disparados da missa com a hóstia mal deglutida ou de longas genuflexões com a coluna e os joelhos ainda doridos.

Outros, embrutecidos por jejuns e orações, debitam sandices nas caixas de comentários, persignam-se enquanto escrevem e fogem, depois, espavoridos a beijar o anel ao bispo e a pedir a bênção ao cura da paróquia.

Ser crente não é crime, é apenas pecado cometido por obras, palavras e pensamentos. Alguns possessos do divino estacionam no Diário Ateísta, ressabiados, com o coração a explodir em ódio, cruzados ansiosos por travar batalhas contra os infiéis.

Vêm em busca do passaporte que lhes dê entrada no Paraíso, do sofrimento que redime ou da penitência que merecem. Para estes o Diário Ateísta é o caminho da salvação.

5 de Janeiro, 2006 Carlos Esperança

A solidão e a fé

A solidão é o cimento que cola o abandonado à fé, torna o proscrito crente, faz beata a pessoa e transforma um cidadão num trapo.

A religião é o colchão que serve de cama ao desamparado, o mito que se entranha nos poros do desespero, o embuste a que se agarra o náufrago. É o vácuo a preencher o vazio, o nada que se acrescenta ao zero.

O padre está para a família como o álcool para o corpo. Primeiro estranha-se, depois entranha-se e finalmente domina.

A religião é um cancro que se desenrola dentro das pessoas e morre com elas. Também metastisa e atinge órgãos vitais. Mas é dos joelhos que se serve, esfolando-os, da coluna vertebral, dobrando-a, e do cérebro, atrofiando-o.

A religião busca o sofrimento e condena o prazer. Preza o mito e esquece a realidade.

Um crente faz o bem por interesse e o mal por obrigação. É generoso para agradar a Deus e perverso para o acalmar. Dá esmola para contentar o divino e abate um inimigo para ganhar o Paraíso.

A religião vive da tradição, do medo e da morte. Começa por ser uma doença infecto-contagiosa que se apanha na infância, transmitida pelos pais, através do baptismo. O lactente é levado ao primeiro rito mais depressa do que às vacinas.

Depois, o medo, o medo da discriminação na escola, no emprego e na sociedade, leva a criança à catequese, à confirmação, eucaristia e penitência. De sacramento em sacramento, missa após missa, hóstia sobre hóstia, com orações à mistura e medo do Inferno, transforma-se um cidadão em marionete nas mãos do clero.

Na cúpula temos o Vaticano, um antro de perversão a viver à custa dos boatos sobre o filho de um carpinteiro de Nazaré e os milagres obrados por cadáveres de católicos, de virtude duvidosa, à custa de pesados emolumentos.

O seu negócio é a morte que explora em ossos ressequidos pelo tempo, caveiras, tíbias e maxilares, pedaços de pele e extremidades de membros, numa orgia de horror e delírio.

É assim que a tradição, o medo e a morte continuam a encher os cofres do último Estado totalitário da Europa, que governa pelo medo e se mantém pela chantagem.

4 de Janeiro, 2006 Carlos Esperança

Reflexão

Nunca um coxo treinou atletas para a maratona nem um mudo deu aulas de dicção.

Só os padres não prescindem de dar conselhos sobre a reprodução e a sexualidade.

4 de Janeiro, 2006 lrodrigues

Os Pequenos e Médios Aldrabões

O princípio do ano é sempre a melhor ocasião para nos rirmos um bocado com as previsões feitas para o ano anterior pelos astrólogos, tarólogos, “psíquicos”, bruxos e tantos outros aldrabões do género.

Mas o que é facto é que estes autênticos facínoras continuam a pulular impunemente por todo o lado e a extorquir dinheiro à credulidade e, tantas vezes, à fragilidade emocional das pessoas.
Anthony Carr será talvez o “psíquico” mais famoso em todo o mundo e alardeia mesmo no seu site uma panóplia de celebridades que o terão procurado pelos seus serviços.
O que é facto é que as previsões de Anthony Carr falam por si!
E também pela imbecil credulidade de quem nele acredita e o transformou em milionário.
Depois de em 1999 ter previsto, por exemplo, que Muhammad Ali recuperaria milagrosamente da sua doença de Parkinson, em Janeiro de 2000 Anthony Carr previu que o célebre actor Christopher Reeve se levantaria da sua cadeira de rodas e voltava a andar, e em 2004 que o actor Richard Harris ficaria curado do cancro de que padecia.
Já em 2002 previra que O. J. Simpson admitiria a sua culpa nos homicídios de que foi acusado e que novas provas surgiriam a confirmar essa culpa, que a ponte Golden Gate, em São Francisco ruiria, causando milhares de mortos, e que um dos filhos do príncipe Carlos de Inglaterra morreria num acidente.
Para 2004, Carr previu que na Coreia do Norte seriam detonadas acidentalmente armas nucleares, matando milhares de pessoas; que Saddam Hussein seria morto a tiro num atentado em que uma mulher estaria envolvida; que os cientistas levariam a bom termo a primeira gravidez masculina, que resultaria no nascimento de uma criança do sexo masculino; que Osama Bin Laden seria levado para Nova York; que ocorreria um grande terramoto na área de Hollywood e que Colin Powell seria eleito presidente dos Estados Unidos depois de se mudar para o Partido Democrata.
Para o ano de 2005 este brilhante psíquico fez previsões verdadeiramente assombrosas:
Previu que o governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger seria confrontado com rumores publicados num jornal daquele estado de que seria homossexual;
Que a apresentadora de televisão Martha Stewart seria internada numa instituição mental por sofrer de esquizofrenia paranóica aguda;
Que o actor Ben Affleck passaria a pesar mais de 150 quilos;
Que o actor Matt LeBlanc da série televisiva “Friends” morreria num trágico acidente de moto;
Que o criador da série “Simpsons”, Matt Groening seria assassinado pelo seu amante gay, nada menos que o actor Kevin Spacey, que seria condenado pelo crime.
Depois, anunciou que o prémio Nobel da paz de 2005 seria entregue à famosa apresentadora de televisão Oprah Winfrey.

Mas não ficou por aqui:

Finalmente, previu que seria lançada uma nave espacial tripulada para o planeta Marte e que um homicídio ocorreria a bordo;
Que Osama Bin Laden seria esmagado por um cometa que lhe iria cair em cima;
Que um novo tsunami devastaria a cidade de Tóquio;
Que seriam descobertos novos escritos originais do apóstolo São Paulo que revelariam que… comer com um garfo é pecado.
De facto, absolutamente brilhante!
E uma lição para as previsões comezinhas e medíocres dos mais famosos aldrabões portugueses, de Paulo Cardoso a Miguel de Sousa, passando pela Maya e pela Cristina Candeias, e por Maria Flávia de Monsaraz, José Luís Santos, Paula Chambel, Nuno Michaels, pelos professores Mambos e Karambas e por tantos outros, timidamente remetidos à classe dos «pequenos e médios aldrabões», e que nem sequer são capazes de pensar em grande e fazer previsões como deve ser e verdadeiramente fantásticas, como este seu colega de sucesso.
Anthony Carr chegou mesmo a prever para o ano de 2002 a inversão das polaridades do planeta Terra e que a partir de então «o que estaria em cima passaria a estar em baixo e vice-versa».
Isto sim! Isto é que são previsões!
Aldrabão por aldrabão, ao menos pensem em grande!

(Publicado simultaneamente no «Random Precision»)

3 de Janeiro, 2006 Carlos Esperança

JP2 e B16

O Vaticano nasceu do Pacto de Latrão, preparado por Pio XI e Mussolini, convertendo um condomínio de luxo, de 44 hectares, em Estado de opereta com fortes tentáculos espalhados pelo mundo.

Hoje é sede de uma multinacional da fé onde medra a intriga e se influencia a política à escala internacional. Esconjuram-se aí a contracepção, o planeamento familiar, o divórcio, a despenalização do aborto e elabora-se a teologia moral do preservativo e da pílula do dia seguinte.

O Papa JP2 era a correia de transmissão do Opus Dei que o cardeal Ratzinger conduzia na sombra. Era um Papa crente em Deus, supersticioso e rural, convencido da missão divina. Tinha muitos admiradores mas poucos o levaram a sério. Foi um papa medieval, virtuoso, ansioso por fazer recuar a ICAR aos trilhos do concílio de Trento.

B16 é diferente. Poucos gostam do pastor alemão mas todos o temem. Tem pensamento estratégico e sede de domínio. Entregou a mercearia dos milagres ao cardeal português Saraiva Martins, um clérigo obsoleto que ainda lê o breviário.

B16 dedica-se à geo-estratégia da fé. Estuda meticulosamente a demência do islão, a agressividade dos evangélicos dos EUA e a táctica da concorrência. Tem uma estratégia global e táctica; dispõe de um exército de sotainas com cúmplices laicos infiltrados nos círculos do poder; é astuto e frio; é um estratego do confronto entre civilizações.

Há por aí quem durma enquanto a santa Mafia distrai a populaça com a liturgia, mas B16 não dorme. Sabe que Deus é uma invenção humana e que urge tomar medidas para impedir que o mito se desfaça e arruine o negócio.

Este frio autocrata da ICAR não hesitará em assumir a guerra para defender as sinecuras do clero e o domínio da sua Igreja.