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Acção de rua

O senhor bispo do Algarve, Manuel Neto Quintas, visitou a Escola Básica 2+3 de Monchique – no âmbito de uma visita pastoral que o levou também ao Jardim de Infância e Escola de S. Roque, na vila-sede e à escola do 1.º ciclo da freguesia de Alferce -, onde os alunos de três turmas tiveram a oportunidade de privarem com tal personagem.

O objectivo da visita de Manuel Quintas à escola não é certo. O Diário de Notícias tentou averiguá-lo, mas a vice-presidente do conselho executivo da escola escudou-se num poderoso argumento: a questão é «descabida», limitando-se a afirmar que todos os encarregados de educação foram informados da visita do bispo.

Apesar de o artº 9º, nº 1, al. a) da Lei da Liberdade Religiosa estabelecer expressamente que ninguém pode «ser obrigado a professar uma crença religiosa, a praticar ou a assistir a actos de culto, a receber assistência religiosa ou propaganda em matéria religiosa», o bispo do Algarve acha que é necessário «dar uma palavra de estímulo aos professores, em relação à sua missão, que não é fácil, e desmistificar perante os alunos a figura do bispo como alguém distante, inacessível». Notem: «aos professores» (numa conveniente generalização) e não… aos professores de religião e moral.

Por sorte, ainda há alguém minimamente ajuízado. Albino Almeida, o presidente da Confederação das associações de Pais, reagiu a esta visita, lamentando «que não tenha havido da parte do bispo do Algarve o bom senso de evitar fazer da escola um local de disputa religiosa. Com a sua atitude, qualquer fundamentalista ganhou o direito de ir fazer propaganda religiosa às escolas».

Quanto à questão dos crucifixos, Albino Almeida entende que «o Estado se define constitucionalmente como laico e deve haver coerência entre a Constituição escrita e a praticada – e sempre que não houver cabe ao Estado garantir que haja». Portanto, «os símbolos religiosos não fazem sentido das escolas, estão lá a mais».

Relativamente ao argumento da tolerância, o presidente da Confederação das associações de Pais acha que «a prioridade número um em termos de religião deve ser fraternidade e tolerância. E se há uma determinada confissão que se considera em maioria tem obrigações suplementares em relação às minorias. Neste caso, se há intolerância, é da parte dos católicos».