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Brownies e outros doces

Michael Brown foi nomeado por G. W. Bush para presidir à Federal Emergency Management Agency (FEMA) em 2003, quando o anterior director, Joe Allbaugh, que partilhou um quarto com Brown nos tempos de faculdade, foi destacado a tempo inteiro para a campanha de reeleição de Bush. Na altura ninguém pensou investigar por que razão Allbaugh pretendia que «o Presidente não poderia ter escolhido um melhor homem para ajudar… preparar e proteger a nação».

Depois do fiasco que tem sido a actuação do FEMA durante a catástrofe que sucedeu ao furacão Katrina muitos questionaram a adequabilidade do activista do Partido Republicano à frente deste organismo. E dois jornalistas da Time Magazine resolverem investigar o curriculum que o habilitava a tão importante cargo. Os resultados da investigação são… esclarecedores das razões que permitiram a tragédia que se abateu especialmente sobre uma das minhas cidades favoritas nos Estados Unidos, New Orleans. Aparentemente o curriculum de Brown foi …cozinhado em lume muito brando!

Por exemplo, numa nota de imprensa da Casa Branca (e no site da FEMA) era indicado que entre 1975 e 1978 Brown trabalhou para a câmara de Edmond, Oklahoma, uma cidadezinha insípida perdida no meio dos US com, no máximo, uns 50 000 habitantes à data, «supervisionando a divisão de serviços de emergência». Aparentemente nenhum dos supervisionados se apercebeu de tal já que, de acordo com Claudia Deakins, a chefe de relações públicas da câmara de Edmond, Brown era o assistente do presidente da câmara, basicamente tirava fotocópias e trazia cafés ao chefe! Mas «andava sempre de fato e camisa branca engomada» afirmou Bill Dashner, o presidente de câmara em causa.

De igual forma foi com surpresa que a Central State University reagiu à notícia que Brown é suposto ter sido um «Excepcional Professor de Ciência Política» nesta Universidade. Aparentemente foi uma gralha que transformou um excepcional estudante finalista em Ciência Política no correspondente professor no curriculum vitae do distinto (e mui devoto) Brown, gralha que por uma razão obscura se conseguiu imiscuir em sites oficiais.

Mas ninguém duvida que Brown fez parte da administração da…Associação Internacional de Cavalos Árabes. Enfim, foi forçado a pedir demissão por ter envolvido a empresa em vários processos judiciais devidos a problemas de supervisão e descontrole financeiro, mas isso são apenas pormenores. Assim como são pormenores as declarações do chefe de Brown numa firma de advogados de Oklahoma que este «não era sério e era algo superficial».

O que é realmente importante é que Brown é um bom republicano e, imprescíndivel, um bom cristão, cuja acção imediata após o Katrina foi a elaboração de uma lista piedosa de instituições para as quais os americanos deveriam dirigir as suas doações monetárias. Lista exclusivamente de organizações religiosas com duas honrosas excepções, uma das quais a Cruz Vermelha.