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Depois do circo de Colónia

O circo de Colónia encerrou as portas. O nome – XX Jornadas Mundiais da Juventude – foi um logro bem ao gosto da ICAR -, pois a falta do adjectivo «católica» induziu os néscios e os distraídos a pensar que eram jornadas ecuménicas ou um convívio jovem para confraternização e divertimento, já que a cultura anda arredia das reuniões pias.

Foi um ajuntamento de um milhão de créus arregimentados para prestar vassalagem ao novo pastor alemão, B16, Papa vitalício da ICAR.

A penitência foi dura: 12 discursos papais, muitas orações, diversas missas e música sacra em exclusivo, demasiado monótona para melómanos eclécticos.

Para fingir o carácter universal da Igreja católica, as festividades terminaram com o Gloria in excelsis Deo, cantado em latím, por jovens de cinco continentes, com uma orquestra de violinos e instrumentos andinos. Foi o ponto alto do espectáculo antes do correr do pano.

Ficou aprazado novo festival para 2008, em Sydney, com o mesmo nome enganador – Jornada Mundial da Juventude/2008 (JMJ). O arcebispo australiano já se congratulou com a escolha, afirmando que o evento «ajudará a consolidar a fé dos católicos daquele país-continente», onde os esforços publicitários serão concentrados.

O Papa Ratzinger respirou de alívio depois da primeira actuação no estrangeiro, por sinal a sua terra natal, bastante indiferente a Deus e ao Papa. Regressou, depois, ao antro donde comanda a ortodoxia, o proselitismo e a política global da Igreja Católica.

Talvez, à semelhança do que fez nas últimas eleições americanas, prepare uma carta para os bispos de um qualquer país para advertir os crentes de que não podem comungar se defenderem o aborto ou a eutanásia ou votarem em candidatos que defendam tais abominações. Se defenderem a guerra justa ou a pena de morte, mesmo que o Papa não o faça, isso são meros pontos de vista, compatíveis com a deglutição da hóstia.

Terminou o circo. B16 mantém o traje, um alvo vestido branco e sapatinhos vermelhos.