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Mês: Julho 2005

13 de Julho, 2005 Palmira Silva

Ratzinger critica Harry Potter


Ainda na pele de Joseph Ratzinger, Prefeito Emérito da Congregação para a Doutrina da Fé, ex-Santo Ofício da Inquisição, o actual Papa teve ocasião de criticar os livros da série juvenil de culto Harry Potter, que considerou «seduções subtis» capazes de corromper jovens e inocentes cristãos.

De facto, foram hoje publicadas online as cartas, datadas de Março de 2003, em que B16 expressa o seu desagrado em relação a tão perversa literatura. As cartas elucidam as dúvidas angustiantes de uma devota alemã (certamente bávara como Ratzinger) que inquiria o guardião da pureza da fé sobre a corrupção dos corações dos jovens infligida pela série, o seu efeito nocivo sobre a relação destes com Deus e a distorção da noção de bem e mal provocada pelas tropelias de Harry, Hermione e Ron em Hogwarts e pela respectiva luta para derrotar o malévolo vocês-sabem-quem.

Aparentemente a reprovação papal, quiçá por só agora ter o destaque que tão meritória censura merece, não parece ter afectado o lançamento do novo livro, Harry Potter and the Half Blood Prince, que chega às livrarias no próximo sábado. Na realidade, parece que existe mesmo um clube de fãs de Harry Potter no Vaticano já que a Amazon declarou ter pré-encomendas do livro provenientes de 90 países nos quais está incluído… o Vaticano! Bem, e Portugal também, pelo menos graças à minha encomenda, há muito processada e confirmada!

12 de Julho, 2005 Carlos Esperança

As multinacionais da fé

Deus é uma perigosa ficção que conquistou, no início, gente primária e supersticiosa. Umas vezes extinguiu-se rapidamente, outras fez uma carreira gloriosa até atingir as classes mais poderosas que o confiscaram e transformaram em instrumento do seu próprio poder.

Se escasseiam os sócios, Deus dá origem a uma seita. Quando se espalha, esmaga a concorrência e combate os indiferentes, passa a religião. Então, cria-se uma hierarquia, impõem-se regras, organizam-se as finanças e reduz-se a escrito a tradição oral sob os auspícios de um iluminado a quem Deus dita um livro, normalmente num sítio ermo.

As religiões do livro já foram a sofrida aspiração de quem tinha o medo e a fome como horizonte. O Paraíso tornou-se o bálsamo para o desespero, a aspiração inconsciente de uma sociedade sem classes, o desejo de pobres e infelizes se tornarem iguais aos ricos e poderosos, renunciando à luta.

A correlação de forças impôs em cada lugar a hegemonia de uma religião e definiu qual era, ali, o Deus. O Deus único e verdadeiro é o Deus de quem detém o poder, onde outro qualquer é pertença de quem não preza a vida. Muitas vezes foi expulsa a concorrência, com persecução e brutalidade.

Foi então que se deu o salto dialéctico. A ficção institucionalizou-se, a vontade de Deus sobrepôs-se à dos Homens, a fé venceu a razão, o medo impediu o pensamento.

As religiões dividiram o mundo, de acordo com a sorte das armas, e nunca renunciaram ao proselitismo que impusesse o seu Deus ao crentes de outro Deus e, sobretudo, aos ateus. A distribuição de religiões tem áreas definidas, zonas de influência demarcadas que a globalização pôs em causa. Rompido o equilíbrio, acossadas pelo medo, algumas religiões entraram em histeria. Há o fantasma da extinção e do domínio de uma só.

O cristianismo, apoiado na cultura judaico-cristã, no poder económico e na força militar, partiu em vantagem para o ajuste contas com o islão fanático. A ICAR pressentiu o perigo de o Vaticano se reduzir a um museu, subalternizado pelos protestantes, e tem tentado a fusão das várias correntes cristãs sob a hegemonia papal.

No seu proselitismo à escala planetária veio à tona o anti-semitismo secular, o pasmo pela fé islâmica, a sedução pela intolerância e o fascínio pelo fanatismo, a acordar na ICAR a memória das Cruzadas e o entusiasmo do Santo Ofício.

O próprio Opus Dei, uma espécie de Al-qaeda do Vaticano, por ora sem recorrer ao terrorismo armado, não hostiliza o islão, com quem partilha ideias ultra-reaccionárias, e recuperou o medo de uma alegada conspiração judaico-maçónica, a quem atribui, em delírio, a responsabilidade pelo agnosticismo, a laicidade e o ateísmo.

O Vaticano faz pressão para impor anacrónicas concepções aos Governos e ONGs e aguarda que se decida a correlação de forças para se empenhar na batalha final.

Cabe aos livres-pensadores impedir que as religiões sepultem a liberdade e corroam as democracias. A laicidade não é só uma exigência moral é uma questão de sobrevivência da democracia.

12 de Julho, 2005 jvasco

A Omnipresença e o Inferno

Se Deus é omnipresente, terá de estar também no Inferno.
Mas o Inferno não é a ausência de Deus?

E o mal, não é ele a ausência de Deus?
Deus está em todo o lado, mas não em «doses iguais»?

11 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Terrorismo religioso

Os assassinos de Deus não são um epifenómeno islâmico. O crime é o corolário de uma fé radical, insere-se na matriz genética dos esfomeados do Paraíso.

Pode alertar-se os cidadãos para ideias deletérias, objectivos perversos e execráveis representantes de um determinado partido político ou de uma corrente filosófica, mas é difícil advertir os crentes da falsidade do seu livro sagrado, da maldade dos seus ensinamentos ou da demência dos seus clérigos.

Os verdadeiros criminosos não são os beatos que morrem matando, são os clérigos que exaltam as virtudes do seu Deus e exultam com os crimes dos seus crentes.

Os partidos políticos e os movimentos ideológicos que apelam à violência, ao racismo e ao crime caem sob a alçada da lei e sujeitam-se ao veredicto judicial. A ETA foi ilegalizada em Espanha, as Brigadas Revolucionárias interditas em Portugal, as Brigadas Vermelhas banidas em Itália.

As religiões que fanatizam crentes, semeiam ódios e alimentam o terrorismo, encontram sempre quem lhes ache virtudes e veja nos erros da interpretação a origem dos crimes.

As Cruzadas e a Inquisição resultaram da falsa interpretação da Bíblia; os massacres islâmicos devem-se à deficiente compreensão do Corão; a ocupação da Palestina baseia-se na leitura apressada da Tora. Tudo isto é absolutamente falso.

E os homens, vítimas de Deus, joguetes do clero, hão-de continuar a carregar a palavra revelada a boçais iluminados por deuses cuja origem se deve ao pior que os homens eram no tempo em que tais deuses criaram?

Se Deus se comporta mal é preciso bani-lo das sociedades onde a tolerância, a liberdade e a diversidade ideológica se tornaram paradigmas, contra a vontade do clero e perante o desespero dos famintos de Deus.

Perante a barbárie do terrorismo religioso não podemos concluir que há uma guerra de civilizações. Há, sim, um ataque sistemático e desesperado contra a civilização.

A urgência em pôr cobro ao terror obriga a que as religiões (todas) sejam tratadas como qualquer outra organização ou empresa.

11 de Julho, 2005 jvasco

O paradoxo da pedra

Um ser Omnipotente pode criar uma pedra que não possa nunca levantar.
Sendo Omnipotente, pode levantar a pedra?

Se sim, não pôde criar pedra com tais características, e não é
Omnipotente.
Se não, não a podendo levantar, não é Omnipotente.

A Omnipotência é uma definição inconsistente e paradoxal.
Mas para quem tem , nada disto importa.

10 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Padres, ciência e sexo

A ciência formula hipóteses, a religião impõe certezas. A primeira observa e perscruta, a segunda esconde e deturpa.

Na ciência oficiam os que investigam, nas religiões os que recitam. Uns interrogam-se, outros conformam-se. Entre os que buscam a verdade e procuram a mudança e os que carregam a mentira e defendem a tradição, vai a distância entre um ateu e um crente.

De um lado está o progresso, do outro o hábito. Uns buscam a felicidade humana, os outros a glória de Deus.

«Quem sabe faz, quem não sabe ensina». É por isso que os clérigos reclamam o ensino da educação sexual, mas um bispo a falar de sexo é como uma prostituta a exaltar a castidade. Um fala daquilo que lhe é vedado e a outra daquilo que não pratica.

A divina hipocrisia tem destas coisas.

As vestes talares dos clérigos remetem para um desejo hermafrodita em que os castos por ofício sonham com a auto-suficiência para satisfação do cio.

10 de Julho, 2005 Palmira Silva

Ateístas e cidadania

Há uns anos, durante uma estadia de trabalho na Alemanha perto da fronteira com a então Checoslováquia, era visita frequente de Praga, cidade pela qual me apaixonei mal cheguei à fabulosa estação central de comboios, uma obra prima de arte-nova. Uma cidade que respira cultura, boa disposição, beleza e ciência!

Hoje descobri que a República Checa é a democracia mais ateísta do mundo, em que a maioria da população é ateísta, 53,2% da população de acordo com dados oficiais de 2003, 59% é o que indicam dados mais recentes da Wikipedia. Que concordam com uma análise do departamento de estado dos Estados Unidos, divisão de democracia, direitos humanos e trabalho, que indica ainda que há plena liberdade religiosa na República Checa. Os checos, contrariamente aos seus vizinhos polacos, mesmo após a Revolução de Veludo de 1989, simplesmente não se interessam por religião, estimando-se que apenas 5% da população participe regularmente em actividades religiosas católicas e 1% em actividades protestantes. As outras religiões não têm expressão estatística na República Checa. Não obstante todas as confissões serem livres de proselitar à vontade não têm tido muito sucesso em convencer os cultos (a todos os níveis, científico incluído) checos dos benefícios das religiões.

E aparentemente, mesmo a nível da conduta ética, não se verificam os epifenómenos que todos os prosélitos da fé auguram como consequência do ateísmo. Bem pelo contrário! Para confirmar recomendo uma estadia naquela que é uma das cidades mais fantásticas da Europa e apreciar as qualidades humanas da sua população!

É aliás interessante analisar algumas estatísticas disponíveis na NationMaster referentes à República Checa e compará-las com as da vizinha Polónia, onde 95% da população se declara católica. E que é, a Polónia, de todos os países estudados o mais corrupto e onde mais cidadãos são assaltados!

Crime/1000 hab.     Polónia   Rep. Checa
Assassínio                   0,05         0,01
Violação                     0,06         0,04
Roubo                        1,38         0,39

9 de Julho, 2005 Palmira Silva

Os demónios do cristianismo

Um dos mais procurados assassinos em série americanos, que aterrorizava há mais de 30 anos a cidade Wichita, o tristemente célebre BTK, acrónimo de bind, torture and kill (amarrar, torturar e matar), finalmente identificado e capturado em Fevereiro último declarou-se culpado de 10 acusações de assassínio durante o julgamento que decorre num tribunal de Wichita, Kansas.

De acordo com o próprio, cristão devoto que foi até à sua prisão um respeitado e empenhado membro de uma igreja luterana, da qual foi presidente do conselho, para além de ser um dirigente dos escuteiros locais, o culpado dos assassínios que cometeu foi um membro das cortes infernais que o possuiu.

O depoimento de Rader chocou e enojou os presentes no tribunal e todos os que acompanhavam o julgamento no peqeuno ecrán com a sua descrição asséptica e pormenorizada de como levou a cabo cada um dos seus macabros «projectos», nomeadamente quando confessou que cometia os assassinatos por motivos sexuais. Contando sem emoção como despiu uma das suas vítimas e fotografou o seu corpo nu e sem vida. Ou como depois de ter assassinado os pais e irmão de uma menina de 11 anos, uma das suas primeiras vítimas, a pendurou e se masturbou com a visão.

Rader declarou que « Eu apenas sei que existe um lado escuro em mim. Pessoalmente penso que – e sei que não é muito cristão – mas na realidade penso que é um demónio que está dentro de mim… Em alguma ponto e tempo entrou em mim quando eu era muito novo». Rader afirmou ainda que os seus problemas de possessão demoníaca começaram na escola quando as suas fantasias sexuais eram «apenas um pouco mais estranhas» que as das outras pessoas.

Mais um caso que evidencia o efeito pernicioso da religião, neste caso sobre o desenvolvimento de uma sexualidade saudável. Provavelmente essas fantasias sexuais, certamente pecados para os cristãos mui obsecados com a sexualidade, seriam francamente mais inofensivas que os assassínios a que a sua repressão, igualmente por recomendação «cristã», despoletou. As suas vítimas estariam hoje vivas não fora a morbidez religiosa em relação ao sexo, à semelhança do devoto Rader!

9 de Julho, 2005 jvasco

As grandes religiões são pela Paz

Os crentes não se cansam de o dizer: as grandes religiões promovem a paz e a tolerância.
O Islão, o Cristianismo e o Judaísmo são religiões de «Paz».

Na verdade, o segredo é muito simples: basta articular adequadamente o sistema gutural-labial-dental-palatal e fazer passar o ar por esse sistema.
Ou então pressionar um conjunto de teclas pela ordem certa.

Depois, só é pena é que na prática as coisas não funcionem bem assim: as cruzadas, o conflito israelo-palestiniano, os diversos conflitos da actualidade que fazem com que os geo-estrategas actuais coloquem a religião como uma das principais causas de conflito na actualidade (se não como a principal, como é opinião de Huntington e outros igualmente relevantes), e todos os que ocorreram ao longo da história…

PS-Não resisti a usar o trocadilho da Joana.

9 de Julho, 2005 Carlos Esperança

Nova catedral em Lisboa

O Patriarcado, a Câmara Municipal e a GESFIMO – Espírito Santo Irmãos, Sociedade Gestora de Fundos, SA, procederam ontem à assinatura do protocolo que espolia o município de terrenos a favor do patriarcado, tendo em vista a construção de uma nova catedral – um equipamento alheio aos interesses da autarquia e inútil para os lisboetas.

A Câmara Municipal sugeriu um terreno, com localização perto do rio, a sul do Parque das Nações e da Avenida Marechal Gomes da Costa, o que foi aceite pelo Patriarcado.

A nova catedral terá vistas para o Tejo, já que se desconhece de que lado está Deus, e conta com o Espírito Santo (Sociedade Gestora de Fundos, S.A.).