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Momento Zen da segunda-feira

27 de Junho de 2005  |  Escrito por Carlos Esperança  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

João César das Neves (JCN), quiçá no comprimento da penitência imposta pelo confessor, para o absolver de algum pecado mortal, volta hoje aos temas com que julga conseguir as bem-aventuranças celestes.

Uns julgam ter à sua espera setenta virgens e rios de mel doce, outros esperam encontrar a virgem Maria e banhos quentes. «Cada doido com sua mania» – como diz o adágio.

JCN afirma que o divórcio e as uniões de facto enfraquecem o matrimónio, contrato que – segundo ele – deve ser sacramentado e manter-se indissolúvel, independentemente dos maus tratos, alcoolismo, infidelidade, incompatibilidade de feitios e torturas mútuas ou unilaterais.

JCN vê o matrimónio como um cálice amargo que, por vontade divina, deve ser bebido até à última gota.

«As crianças são descartadas antes de nascer pelo aborto e mal-amadas depois pelo divórcio» – afirma o pio plumitivo. Espero que se refira a crianças diferentes, isto é, que as mal-amadas não sejam os fetos abortados a que ele chama crianças.

JCN parece temer que a interrupção voluntária da gravidez, o divórcio e os casamentos homossexuais se tornem obrigatórios. Não distingue direitos de obrigações, como não compreende que a humanidade se vá libertando de um velho carrasco – Deus.

O católico fervoroso, JCN, entende que «vivemos no tempo que mais agride, despreza e oprime a mulher». Esquece tempos, não muito longínquos, em que uma mãe solteira era expulsa de casa, agredida, às vezes morta por questões de honra, e, na melhor hipótese, acabava na prostituição em Lisboa. Esquece que, dentro do matrimónio, a violação não existia juridicamente, as agressões eram normais e a mulher era um objecto que Deus entregava ao poder discricionário do marido, com a bênção da Igreja.

Este avençado de Deus desconhece que o direito de voto, o acesso à educação, o direito ao trabalho, a igualdade (ainda débil) entre os dois sexos são conquistas recentes após luta contra a tradição, a vontade da ICAR e a mentalidade religiosa.

JCN diz que estas questões (I.V.G., casamentos homossexuais e divórcio) «estraçalham hoje a sociedade espanhola, corroem a cultura holandesa, incendeiam os estados norte-americanos». Não refere as intrigas, a chantagem e as ameaças com que a ICAR procura destruir governos legítimos.

Surpreende-me que JCN não apele aos bispos, padres e ao próprio Papa para contraírem o sagrado matrimónio, sempre heterossexual, abstendo-se do divórcio e multiplicando-se cristãmente, sem recorrerem ao aborto.

Pode ser uma solução para a falta de vocações sacerdotais.

 

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