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O regresso do Malleus Maleficarum

Algumas das práticas de tortura preconizadas pelo Santo Ofício da Inquisição. Entre outras não representadas pode-se observar na gravura, de cima para baixo, para além da morte na fogueira ou por enforcamento, técnicas como exposição das vísceras, quebra e fractura de ossos, açoitamento, decapitação e amputação das mãos.

A polícia inglesa têm as mãos cheias de casos de abuso e tortura de crianças relacionadas com exorcismos de supostos feiticeiros/bruxos.

Ontem foi revelado oficialmente que a polícia e os serviços sociais investigam mais cinco casos de abuso de menores relacionados com práticas de exorcismo. Uma fuga de informação revelou ainda dados de um relatório da polícia metropolitana que investiga tortura de menores por razões religiosas. O relatório, obtido por um jornalista da BBC, indica que há inúmeros pastores e igrejas, em Inglaterra, na Europa e em África, a explorar e potenciar de forma abjecta a superstição dos crentes. Superstição encorajada pelas autoridades eclesiásticas de todas as confissões cristãs!

Nomeadamente revela a existência de uma rede de tráfico de crianças com um fim abominável: são trazidos de África rapazes não circuncidados para serem sacrificados em altares de seitas que acreditam conseguirem «magias» poderosas com o assassínio destas crianças.

O relatório, despoletado pelo assassínio de outra bruxa de oito anos, Victoria Climbié, identifica ainda inúmeros casos de exorcismos de menores realizados por sectos cristãos fundamentalistas, exorcismos estes que resultam na tortura e muitas vezes morte das infelizes crianças consideradas possuídas pelo demo. Igrejas fundamentalistas como a Igreja do Combate Espiritual, envolvida recentemente num caso de tortura de uma «bruxa» de oito anos.

O espírito cristão medieval tão exaltado pelo finado João Paulo II e pelo actual papa regressa em todo o seu «esplendor». Aparentemente muitos cristãos consideram ainda em vigor a bula Summis Desiderantes, que «constatando» que «muitas pessoas de ambos os sexos abandonaram a fé e se entregaram aos demónios, incubi e succubi» «decretamos que os ditos inquisidores tenham poder de para proceder à justa correcção, apresamento, e castigo de qualquer pessoa.»