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O Martelo das Bruxas

6 de Junho de 2005  |  Escrito por Palmira Silva  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

Os veneráveis e mui reverendos Padres e professores de teologia sagrada, Henry Kramer, da ordem dos pregadores, inquisidor da depravação herética, e James Sprenger, abade do convento dominicano de Colónia, autores daquele que é certamente um dos livros mais infames alguma vez escritos, o Malleus Malleficarum, ou o manual de caça à bruxas, usado pela Inquisição durante mais de trezentos anos, ficariam certamente muito contentes por saberem que os seus ensinamentos não foram esquecidos pelos cristãos. Não só o exorcismo continua uma prática florescente e acarinhada pelo Vaticano, em menor medida pela Igreja Anglicana, como nalgumas igrejas são recomendadas formas agressivas de exorcismo que seriam certamente do agrado de tão veneráveis cristãos: exorcismo envolvendo contacto físico (um eufemismo para tortura) com o possuído.

Uma dessas igrejas é a Igreja do Combate Espiritual, em Dalston, Londres. A Igreja, um ramo cristão fundamentalista como vemos recrudescer por esse mundo fora, nomeadamente em Inglaterra onde se acredita existirem pelo menos 300 congéneres, serve especialmente a comunidade negra oriunda da África Ocidental. Na sexta-feira três membros da Igreja foram condenados por perpetração e colaboração de abusos físicos numa menina de 8 anos, sobrinha de uma das acusadas. A pobre criança foi acusada de bruxaria e no decurso dos exorcismos foi espancada, esfaqueada, foram-lhe esfregadas malaguetas nos olhos e foi deixada à fome para exorcizar o «mafarrico» que nela se albergara.

Este não é o primeiro caso em Inglaterra de abuso físico de crianças consideradas bruxas ou possuídas. Em 2000 uma «bruxa» de oito anos morreu de subnutrição e hipotermia, com sinais claros de maus tratos físicos, que incluíam marcas de queimaduras de cigarros. Este caso levou à criação de um projecto, o Projecto Violeta, que pretende prevenir abusos físicos de crianças relacionados com a religião.

Porque como disse Debbie Ariyo, directora da organização Africanos Unidos Contra o Abuso de Crianças, parte da culpa nos maus tratos destas crianças reside nas igrejas que propiciam e encorajam crenças em bruxarias e possessão: «Se uma criança é acusada de bruxaria e a acusação é suportada pela igreja isso dá margem de manobra para a perpetração de abusos contra essa criança. Quer directamente quer indirectamente se a igreja confirma as acusações de bruxaria está a aprovar o abuso».

 

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