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IDiotas: metereologia o próximo alvo?

Galileu marcou o nascimento não somente de uma nova física mas também de uma nova concepção do mundo. O conflito cosmológico foi na realidade um conflito ideológico cujas implicações de poder/política determinaram as posições dos envolvidos, nomeadamente da Igreja Católica. Com efeito, qual seria o poder dos príncipes, (vide o livro de Maquiavel do mesmo nome), sejam estes príncipes da Igreja ou governantes por direito divino, se a ordem das coisas fosse regida por leis simples e materialistas e não por vontade divina? Se os fenómenos terrestres forem rigorosa e naturalisticamente determinados, não é apenas Deus que está em causa mas especialmente os seus «representantes» na Terra, sejam governantes ou membros das hierarquias religiosas. Que deixam de ser credíveis para interceder junto a Deus pela concessão de «milagres» sortidos!

Como tal, não percebo porque os defensores do desenho inteligente (ID) têm como alvo da sua sanha persecutória apenas o evolucionismo. Philip Johnson, um dos fundadores do movimento ID, explica as suas razões numa entrevista ao Washington Post:

«Compreendi que… se uma explicação Darwinista pura fosse correcta e a vida não passasse de um processo material não desenhado então a metafísica e crenças cristãs são fantasias».

Ou seja, não percebo porque razão Philip Jonhson e seus correligionários afirmam apenas em relação ao evolucionismo que este é na realidade uma forma de disseminaçao do ateísmo por ser uma filosofia ateísta, materialista e naturalista. Porque todas as ciências são naturalistas e materialistas, caso contrário não seriam ciências, logo, de acordo com os ilustres IDiotas, todas elas deveriam tornar «fantasias» «a metafísica e crenças cristãs». Não percebo assim por que os que se afrontam com o «ateu» evolucionismo não assestam baterias noutras ciências, francamente mais atentórias da «verdade» da Bíblia. Por exemplo a medicina, geologia, física, química ou a meteorologia! Afinal até ao século XVIII os cristãos acreditavam que os relâmpagos, dilúvios, terramotos e outras catástrofes climáticas naturais eram retribuição divina aos pecados dos homens! Porque na Bíblia há mais «evidências» que Deus controla o clima do que a biologia:

Génesis 7:4 «Em apenas mais sete dias farei chover sobre a terra por quarenta dias e quarenta noites.»
Deuteronómio 11:14 «Então darei certamente chuva à vossa terra no seu tempo designado, a chuva outonal e a chuva primaveril.»
Samuel 12:18 «Samuel clamou a Deus e Deus passou a dar trovões e chuva naquele dia, de modo que todo o povo ficou com muito temor de Deus e de Samuel.»
Marcos 4:39 «Ele [Jesus, com o poder de Deus], acordando, censurou o vento e disse ao mar: ‘Silêncio! Cala-te!’ E o vento cessou, e deu-se uma grande calmaria.»

O controlo absoluto de Deus sobre o clima é ainda evidenciado em, por exemplo, Êxodo 10:13; Isaías 11:15; Jeremias 4:12 e 10:13; Ezequiel 13:13; Zacarias 10:1; Lucas 8:25; Jonas 1: 4 e 4:8.

Não serão as previsões metereológicas, que nunca mencionam «vontades divinas» «Deus» ou quaisquer causas não naturais, tão «ateístas» (isto é, materialistas/naturalistas) como a evolução? Ou será a medicina ateísta por não contemplar causas não naturalistas ou sobrenaturais para uma doença?

Muitos cristãos ainda rezam por chuva ou pela saúde própria ou de um ente querido mas seria absurdo querer transpôr para as salas de aula «teorias» alternativas de «intervenção divina» à «naturalista meteorologia» pelo facto de que há alguns fenómenos climatéricos que ainda permanecem inexplicados ou de que os cientistas ainda não preveêm correctamente o clima. O mesmo em relação à medicina!

Assim não percebo porque razão para os iluminados criacionistas o evolucionismo promove o ateísmo e deve ser ensinado «equilibrado» com a necessidade de um criador e a metereologia não. Ou será que a metereologia já está inscrita na lista das ciências a precisar de redefinição por «virar inúmeras mentes contra o evangelho de Cristo e a autoridade das Escrituras»?