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Bispos de Timor ensandeceram!

As palavras não são minhas mas podê-lo-iam ser: na página «Notícias Lusófonas» onde tenho recolhido boa parte das notícias do comportamento aberrante, anacrónico e anti-democrático da Igreja católica em Timor, que transcreve notícias da Lusa na sua maioria não utilizadas pela nossa imprensa nacional pode ler-se: Igreja Católica quer que o caos passe ao Poder em Timor-Leste
«Novas exigências da igreja católica timorense inviabilizaram hoje o fim da manifestação anti-governamental que há 16 dias mantém o país em suspenso. Exorbitando todas as suas funções num Estado de Direito, a Igreja parece apostada em levar o país para o caos, indiferente aos apelos do Vaticano e das instituições internacionais. Pediram a mão e o Governo cedeu, agora querem o braço, e depois se verá…»

A situação em Timor parece o proverbial barril de pólvora prestes a explodir a qualquer faísca. E o o porta-voz do Episcopado, padre Domingos Soares, bem se esforça por «incendiar» os ânimos dos manifestantes, sendo certamente um dos visados pela declaração do superintendente-chefe da Polícia Nacional de Timor-Leste de que «alguns padres querem que algo corra mal, para atirarem a culpa para cima da PNTL e do Governo». O piedoso prelado tenta acirrar os ânimos da multidão de fanáticos que arregimentou explicando-lhes como devem actuar no caso de a Polícia utilizar gás lacrimogéneo, bem como a forma de a enfrentar caso os tente dispersar pela força.

O primeiro ministro Alkatiri já fez cedências «importantes» à Igreja, um erro estratégico, e assim a saga continua. E a História permite prever que continuará até ao estabelecimento de uma teocracia se as cedências face à despótica Igreja se mantiverem. Não obstante fontes religiosas sugerirem que os bispos de Timor estão a ser pressionados pelo Vaticano para uma mudança do rumo das reivindicações, cada vez mais claramente de índole política. Sugestão pouco credível já que o Núncio Apostólico esteve recentemente em Díli a apoiar os protestos e subscreve as reinvidicações dos bispos timorenses.

Aliás, a Igreja timorense segue ipsis verbis o preconizado pelo finado Papa, expresso no seu best-seller, «Memória e identidade» em que João Paulo II diz claramente que «Parlamentos que criam e promulgam essas leis devem estar conscientes de que transgridem os seus poderes e se colocam em conflito aberto com a lei de Deus e a lei natural». Aliás em consonância com a encíclica «O Evangelho da Vida» (1995), em que João Paulo pedia a desobediência pública a César em nome de Deus «Quando uma lei civil legitima o aborto ou a eutanásia», escreveu, «deixa de ser, por essa mesma razão, uma verdadeira lei civil, e por isso moralmente obrigatória… Está inteiramente privada de autêntica validade jurídica». Aliás o próximo santo no panteão católico nunca aceitou sem reservas a democracia, a que chamou «uma liberdade que cria escravos», uma nova serpente biblíca a tentar com o fruto do conhecimento populações que certamente preferiria, tal como o actual Papa, manter simples e longe da influência de intelectuais…