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Um taumaturgo em vida

15 de Abril de 2005  |  Escrito por Carlos Esperança  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

João Paulo II tornou-se intocável para o bando de beatos que lhe exaltam as virtudes que poucos notaram e lhe escondem os defeitos que todos viram.
O Papa retrógrado que se opôs ao planeamento familiar, que contribuiu para o avanço da Sida com a paranóica obsessão contra o preservativo, que odiou o sexo com o mesmo vigor com que Maomé perseguiu o toucinho, que ajudou a derrubar o muro de Berlim mas protegeu ditaduras de direita, esse Papa é hoje um santo proclamado por multidões histéricas à procura do sobrenatural.

O Papa que condenou a invasão do Iraque (o Papa da Paz, como é alcunhado), não condenou os Governos que a apoiaram onde se contavam os seus mais fiéis admiradores (Portugal, Espanha, Itália e Polónia). Não terá sido um caso de dupla personalidade ou mais uma manifestação da duplicidade habitual do Vaticano?

O Papa que discriminou as mulheres, silenciou teólogos, foi autoritário e absolutista, que procurou impor os seus preconceitos à humanidade, que combateu a laicidade, chamou loucos aos ateus e passou o pontificado em fanático proselitismo, defendeu sempre os seus bispos mais fanáticos e ostracizou os mais liberais.

Nestes dias que correm, entre os cardeais conciliares circulam mais intrigas do que hóstias, sussurram-se mais calúnias do que orações, nota-se mais a pesada mão do cardeal Ratzinger do que a leveza do voo do Espírito Santo.

Cada um dos cardeais está ansioso para que lhe saia o prémio que dará direito ao poder absoluto vitalício, aos permanentes microfones, aos banhos de multidão e a um enterro com milhões de pessoas a chorarem por contágio e desequilíbrio emocional.

A tiara pontifícia tem um estranho brilho e constitui uma obsessão cardinalícia mas os interesses políticos da seita pesam muito na escolha do premiado.

Para os mais beatos, que ficaram embevecidos com os cinco milhões de fiéis que foram a Roma certificar-se se JP2 tinha efectivamente deixado arrefecer o céu da boca, é bom lembrar que outros ditadores tiveram um enterro igualmente apoteótico:

José Estaline – 5 milhões; Ayatollah Khomeini – 5 milhões; Gamal Abdel Nasser – 5 milhões, enquanto Gandhi «só» teve 2 milhões e a lady Di se ficou por 1,5 milhões.
Fonte: Visão de 14-04-2005.

Claro que dos outros não há notícias de milagres, enquanto de JP2 há imensos, feitos à mão, com a hóstia ou com o simples olhar. Um taumaturgo dos diabos.

 

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