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Sobre o Diário Ateísta

O Diário Ateísta (DA) não é um pasquim virtual de uma paróquia onde os óbitos são participados na secção «À sombra da Cruz» e os dislates visam a salvação da alma e o torpor da inteligência. Sabem-no os que nos visitam com frequência, benzem-se os que tropeçam nos nossos textos por erro de navegação. Não é o proselitismo que nos anima mas o combate ao obscurantismo, a denúncia da indústria milagreira, o desprezo pelos santos e o pasmo com os sinais cabalísticos e a água benta que mixordeiros impingem com pureza duvidosa e virtudes por comprovar.

Acontece que o DA refere com mais frequência a ICAR do que outras religiões. Trata-se, apenas, de uma questão de proximidade. É a mais perniciosa em Portugal. Não é o seu Deus que é mais falso do que o das outras religiões, não é a sua fé que é mais irracional, não é o seu livro sagrado que é mais pueril do que os outros livros sagrados. As religiões são todas falsas, como qualquer uma confirma a respeito das outras, e o clero é sempre perigoso porque Deus é uma tragédia, seja qual for o mensageiro, qualquer que seja a mensagem.

Deus é uma criação humana, com os piores defeitos, e os milagres uma mistificação. As religiões não se transformam, de projectos políticos que são, em associações beneméritas, mas os parasitas de Deus promovem este como a fonte do bem e usam-no para os piores fins. Mas, nem por isso, o ateísmo deixa de bater-se pela liberdade religiosa.

Qualquer pessoa deve ter o direito de professar a religião que desejar, sair e entrar quando quiser, crer ou não crer, difundir ou combater qualquer uma ou todas. As religiões são uma fonte de atraso, superstição e ignorância; são um atentado à convivência pacífica entre as pessoas, as nações e as diversas etnias, mas devem respeitar-se os crentes.

A arma dos ateus é a palavra. Deixamos a lapidação, as fogueiras, as decapitações e várias formas de tortura para as religiões cujo proselitismo não dispensa estes instrumentos suplementares de argumentação. E, com a mesma determinação e empenho com que combatemos as religiões, defendemos o direito à sua prática. Apenas exigimos a subordinação e o respeito ao ordenamento jurídico das sociedades laicas e democráticas.