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O Papa do aborto

24 de Fevereiro de 2005  |  Escrito por Carlos Esperança  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

O assunto já foi tratado pela Palmira F. da Silva em «A verdadeira Ideologia do Mal» e «O Papa ensandeceu» mas é útil insistir no livro «Memória e Identidade» cuja autoria lhe é adjudicada com a mesma honestidade com que os chamados Mandamentos da Lei de Deus foram atribuídos a Moisés, que os teria recebido do autor no Monte Sinai.

Todos sabemos que o Papa não está em condições de brandir o hissope quanto mais de escrever um livro. Todavia os saprófitas de serviço usam o nome do moribundo para a cruzada reaccionária que porfiam desde o tempo de Constantino. A Cúria romana é uma Sociedade Anónima, de objectivos tortuosos, que se acoita sob a tiara pontifícia.

Portanto, neste texto, Papa significa o bando que publica dislates sob o pseudónimo de João Paulo II. Papa é aqui um substantivo colectivo que nutre um ódio fanático pela democracia, um ressentimento mórbido pela liberdade, uma animosidade patológica aos direitos humanos. Até a chegada de Hitler ao poder, cuja cumplicidade do Vaticano é uma evidência, serve para pôr em causa a democracia formal que esteve na sua origem.

A obsessão pelo aborto é a tara que faz esquecer ao Vaticano a ameaça de excomunhão a quem denunciasse as práticas pedófilas dos seus padres, talvez porque o aborto é o único dos «pecados» ao abrigo do qual se encontra o seu clero. Eventualmente só a Papisa Joana sofreu as dores e a humilhação.

Os proxenetas de Deus que se acoitam no Vaticano admoestam os parlamentos democraticamente eleitos por entrarem «em conflito aberto com a lei de Deus e a lei da natureza». Mesmo sem explicarem o que isso seja, deviam ter em conta que Deus não se encontra recenseado nem votou para os parlamentos cuja legitimidade é bem maior do que a dos clérigos que passeiam as sotainas no último Estado totalitário da Europa – o Vaticano.

Equiparar o aborto ao Holocausto é o mesmo que comparar células embrionárias com os judeus, bruxas e apóstatas que, com zelo apostólico, a ICAR conduzia às fogueiras do Santo Ofício.

«Memória e Identidade», ontem posto à venda em Itália por 16 euros, de que já se prevêem 14 edições em 11 línguas – segundo o «Público» de hoje – é um livro de propaganda da ICAR, a opinião dos cardeais mais anacrónicos, onde não será difícil encontrar o pensamento do cardeal Joseph Ratzinger, prefeito para a Doutrina da Fé, eminência parda do Vaticano.

O livro não revela quem esteve por trás do turco Ali Agca, autor do atentado contra JP2, que a ICAR pretendeu associar aos comunistas e que, para desolação do Vaticano, se veio a saber que estava ligado a um grupo de extrema-direita que, na altura, talvez desconhecesse que a vítima estava longe de ser um adversário.

Da conversa que ambos tiveram na prisão, da bênção que JP2 deu ao enigmático turco e dos motivos do atentado, o livro nada refere. Trata-se de papel impresso com diatribes contra a despenalização do aborto e as instituições democráticas.

 

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