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Espírito natalício

A maioria dos creús acredita que a religião é condição sine qua non para a existência de um sistema moral, ou seja, insinua que o ateísmo é incompatível com a moralidade. Na realidade tais afirmações não passam disso mesmo, insinuações sem qualquer suporte experimental, são dogmas de fé que não carecem demonstração. E, aliás, os dados das prisões norte-americanas, que mantêm registos das religiões professadas pelos presos, indicam que os ateístas nas cadeias são apenas 0,21%, uma percentagem marcadamente inferior aos estimados 8-16% ateístas na população americana.

Para além da superioridade moral conferida pela verdade absoluta de dogmas revelados que não questionam, outra característica dos crentes consiste no paradoxo de se considerarem perseguidos se não puderem impor as suas crenças e dogmas. As suas prelecções de tolerância esgotam-se na imposição do seu proselitismo e os exemplos de intolerância em relação aos que não partilham as suas crendices são uma constante na História.

Um exemplo recente demonstra a vacuidade da apregoada tolerância cristã e do amor ao próximo, que era suposto caracterizar especialmente o tal espírito natalício.

Numa escola preparatória em Boulder, Colorado, os piedosos e promissores crentes de palmo e meio perseguem fisica e verbalmente os que não professam a fé cristã ou não a professam com o fervor adequado, acreditando em heresias ateístas como o evolucionismo. Os pais de vários alunos, vistos pelos colegas como perigosos ateus ou pagãos, queixaram-se em vão da perseguição de que estes eram alvo. Um dos abominados ateus de 13 anos chegou a ser preso por ter declarado num momento de desespero que ou o deixavam em paz ou suicidava-se e levava com ele todos os que o perseguiam. Apenas depois de outra aluna se ter tentado suicidar pelo mesmo motivo as autoridades escolares investigam finalmente o problema.