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Cunhas a JC

A ICAR marcou indelevelmente a sociedade portuguesa cujo atraso é, em boa parte, obra sua. Já Antero de Quental definiu de forma notável as «Causas de decadência dos povos peninsulares», decadência que parece acentuar-se na faixa mais ocidental.

JP2 ao pedir a Cristo «que não abandone o Homem» está convencido de que a cunha subserviente é útil ou comporta-se com hipocrisia para se dar ares de uma influência que não tem, para impressionar os fregueses espalhados pelo mundo. No pedido, JP2 aproveitou para informar JC de que a humanidade precisa dele. No seu peculiar jargão disse «Recordai-vos de nós, Filho eterno de Deus. A humanidade inteira, marcada por tantas provas e dificuldades, necessita de Ti». Ou Cristo não sabe disso, e precisa que o Papa o lembre, ou sabe, e não o leva a sério. Para os ateus é ponto assente que um cadáver não vê, não ouve, não sente e, sobretudo, não aceita cunhas.

Mas o mais surpreendente foi o pedido à entidade patronal para as igrejas do Oriente e Ocidente e os seus líderes, «para que a luz que receberam, a comuniquem com liberdade e com valor a todas as criaturas». Este acto, de quem disputa o mercado das almas à concorrência, só pode ser encarado como profundo cinismo e fingimento de uma bondade que dois mil anos de proselitismo desmentem.

Os apelos à paz e os pedidos pelos doentes, crianças da rua e outros desgraçados bem sabe JP2 e o seu séquito que são inúteis e que não se resolvem com orações ou apelos públicos a JC, durante a missa, apesar dos meios técnicos usados, incluindo telefones de última geração que, pela primeira vez, transmitiram a Missa do Galo.

JP2 deve lembrar-se de que, segundo a sua superstição, Deus faria bem melhor em evitar as desgraças do que esperar que o Papa lhe peça para as tornar um pouco menos obscenas. Evitava o espectáculo deprimente de enganar os simples com promessas que não pode cumprir, pedidos a quem não ouve e a criação de expectativas vãs a quem já tem do sofrimento um razoável quinhão.

O resto são as habituais lamúrias pela protecção da vida, desde a concepção, obsessão doentia de quem se desinteressa da explosão demográfica que ameaça o Planeta e sabe que quanto maior for a miséria mais a devoção se acentua.