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Rapsódia em ateu maior

Continuando as músicas recomendadas pelos ateus, não poderíamos esquecer o «Ain’t Necessarily So», originalmente escrito por George e Ira Gerhswin em 1934 para a ópera «Porgy and Bess». A canção foi banida de todas as estações de rádio nos Estados Unidos e Inglaterra pouco depois do seu lançamento, já que, não questionando directamente a existência de Deus, desafiava a interpretação literal da Bíblia e era vista como um ataque aos «cientistas» criacionistas. Pessoalmente gosto da versão com Ella Fitzgerald e Louis Armstrong, mas há uma grande variedade de interpretações para todos os gostos, desde Frank Sinatra a Sting.

It ain’t necessarily so

It ain’t necessarily so

The things that you’re liable

To read in the Bible

It ain’t necessarily so

Não fora os irmãos Gershwin serem à época referências para a cultura americana, em processo de afirmação nas décadas de 20 e 30 do século passado e êxitos incontornáveis como «Raphsody in Blue», e «Ain’t Necessarily So» teria ditado o fim das suas carreiras.

Também não poderíamos esquecer os The The, conhecidos pela acutilância das suas letras, especialmente no que respeita à epidemia de SIDA e à guerra, com ênfase no álbum de 1989 «Mind Bomb» em que é questionado o valor da religião e é apontada a hipocrisia de algumas religiões. Recomendamos assim as faixas «Good Morning Beautiful», «The Violence Of Truth» e «Armageddon Days are Here (again)».

Noutro ponto do espectro musical, temos os Bauhaus de que recomendo a faixa «God in an Alcove» do álbum «In The Flat Field».

Go and look for the dejected once proud

Idol remembered in stone aloud

Then on coins his face was mirrored

Take a look it soon hath slithered

To a fractured marble slab, renunciation clad

His nourishment extract from his subjects

That mass production profile

(…)Don’t perceive his empty pleasure

That redundant effigy.

Os Bauhaus separaram-se em 1983, com o breve interlúdio «Ressurrection Tour» em 1998 para comemorar os vinte anos da banda, mas o vocalista Peter Murphy continuou o tema na sua carreira a solo. A faixa «Socrates the Python» do álbum «Love Hysteria» vale a pena, para os apreciadores do estilo, claro.