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Religião e saúde

Sob o título «Bispos enfatizam assistência espiritual» o «Público» de hoje informa que o presidente da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde», padre Vítor Feytor Pinto, defendeu ontem, em Fátima, uma maior formação de médicos e enfermeiros para integrarem a assistência espiritual no tratamento dos doentes.

Acusando os referidos profissionais de que «absolutizam a técnica « e ignoram o apoio espiritual que deve ser dado aos doentes», lembrou que «o novo Plano Nacional de Saúde, que está em vigor até 2014, inclui a assistência espiritual e religiosa como uma acção terapêutica junto dos doentes».

– Quais as bases legais que levam as autoridades a aprovarem «a assistência espiritual e religiosa como uma acção terapêutica»?

– Quais as bases científicas que garantem a eficácia? Há ensaios duplo-cegos que provem a eficácia superior ao placebo e ausência de toxicidade?

– Qual é a legitimidade ética para impor a pessoas, debilitadas pela doença, semelhante bizarria?

Já se imaginou um médico a prescrever um antibiótico mais uma ave-maria, um analgésico intervalado com padre-nossos ou o tratamento prolongado de cortisona com uma novena?

Um enfermeiro não tem legitimidade para obrigar o enfermo a debitar uma salve-rainha enquanto aplica um clister, a rezar o acto de contrição a um paciente com uma blenorragia, a impor o credo enquanto administra o óleo de rícino, a solicitar um padre para ministrar a eucaristia como tisana para a obstipação ou obrigar a rezar uma oração aos pastorinos de Fátima a um doente achacado com hemorróidas.

É preciso pôr cobro aos desvarios da ICAR.