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A Cúria não tem cura

O relatório anual do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), apresentado na última quarta-feira, vê no aumento de nascimentos o obstáculo principal para o desenvolvimento e para o meio ambiente. Nem sequer é uma conclusão original pois há muito que se considera o excesso demográfico como responsável pela pobreza e degradação do meio ambiente. Acresce que a bomba demográfica está associada ao analfabetismo, subnutrição e religiosidade.

Não admira que o cardeal Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz tenha vindo criticar duramente as conclusões, segundo a Agência Ecclesia. É, aliás, a posição de toda a Cúria Romana.

O cardeal Martino afirmou ainda que «os governos têm o dever de denunciar o UNFPA e as outras agências da ONU que violam o Plano de Acção assinado no Cairo ao promover o aborto» e recordou que a Santa Sé se uniu a outros quarenta países «para bloquear o intento de introduzir pela primeira vez, num documento internacional, o direito ao aborto», o que é lamentavelmente verdade. Conseguiu, de facto, com a colaboração dos países muçulmanos, numa santa aliança reaccionária, bloquear as medidas conducentes à melhoria da saúde reprodutiva da mulher e ao controlo de nascimentos.

«A experiência demonstra que uma população envelhecida e conservadora é incapaz de inovar, de crescer» – afirmou ainda D. Renato Martino, certamente a pensar no conjunto de cardeais que exorna a Cúria Romana.