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Urge combater o racismo

25 de Junho de 2004  |  Escrito por Carlos Esperança  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

O fanatismo religioso corrói o tecido democrático das nações e está a alastrar na Europa civilizada e laica com o seu cortejo de atitudes racistas e xenófobas.

Por toda a União, multiplicam-se fenómenos de intolerância com motivações religiosas. A inquietação cresce entre grupos minoritários ao mesmo tempo que a sua própria intolerância e miopia se acentuam.

O direito à diferença, em cuja defesa as sociedades democráticas se comprometem, está a ser postergado de forma sistemática e obscena.

A cruz suástica, de tão tenebrosa memória, reaparece covardemente a incitar o ódio e a fomentar o medo, acompanhada da cruz celta. Os beatos das diversas religiões entraram numa vaga de histerismo na defesa do único deus verdadeiro — o seu — contra os crentes dos outros deuses, necessariamente falsos. E os Estados, que deviam aprofundar a neutralidade religiosa, vergam-se aos próceres das diversas crenças, criando laços cada vez mais promíscuos com os dignitários religiosos numa ânsia desesperada de caça ao voto.

A condescendência com os crimes religiosos reflecte-se na orgia de horrores que os fanáticos das diversas religiões cometem contra os crentes das outras confissões, que consideram infiéis.

Os cemitérios judeus têm sido profanados por grupos neo-nazis de matriz cristã, que semeiam cruzes celtas e suásticas. Outras vezes são bandos de fanáticos do islão os autores dos crimes.

Agora foi a vez de cinco dezenas de túmulos de soldados muçulmanos tombados na libertação da Alsácia entre Dezembro de 1944 e Fevereiro de 1945, segundo revela hoje o Le Monde.

Estes actos inserem-se numa campanha de ódio que se desenvolve contra o islão, com particular violência na Alsácia, a região francesa mais católica e reaccionária.

Convém lembrar que a Alsácia mantém em vigor uma concordata de 1801, ao arrepio do regime francês da laicidade, que entre outras bizarrias determina:

– o ensino obrigatório da religião nas escolas;

– a remuneração, pelo Estado, dos clérigos dos três cultos reconhecidos pela concordata (católico, protestante e judeu);

– o direito do Estado a nomear os altos dignitários dos três cultos (situação que faz do Presidente da República francesa o último chefe de Estado do mundo a nomear um bispo católico), cabendo ao ministro do Interior a nomeação dos ministros dos três cultos.

As profanações de cemitérios atingem proporções inquietantes. Ao anti-semitismo juntou-se o ódio ao islão, com os rancores entre cristãos ainda latentes. Os demónios totalitários têm estado apenas adormecidos.

O culto dos mortos está tão enraizado que o mais leve desrespeito é motivo de profundo sofrimento e sólidos rancores. Por isso, a profanação é um crime tão abominável.

Os ateus, que conhecem a ferocidade das religiões, repudiam todas as manifestações de racismo e xenofobia, seja qual for a motivação, e exigem um combate tenaz e medidas adequadas à punição de semelhantes crimes.

 

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