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Piedosas intenções para aumentar a natalidade

Os pios autarcas de alguns municípios não se poupam a esforços para estabilizar a população nem que, para isso, os munícipes sejam obrigados a renunciar à castidade.

Há dois anos que Vimioso abona 500 € por cada bebé que nasça no concelho (noticiou-se na altura) enquanto Murça dá um prémio de 2000 € por cada casamento entre jovens que decidam residir no concelho –, reafirma-se no Expresso n.º 1644 de 1 de Maio.

Valeu-me, pois, o Expresso de ontem, 5.ª pg., para tão preciosa informação.

A originalidade do combate ao despovoamento a que os presidentes das respectivas Câmaras se abalançaram merece a minha solidariedade mas permito-me expor algumas ideias que provavelmente acolherão para melhorarem a eficácia.

No caso de Vimioso, abonando 500 euros por cada bebé, premeia-se apenas o sucesso e ignora-se o esforço. Sendo uma zona cristã, onde o acto sexual seguramente se destina em exclusivo a garantir a prossecução da espécie, parece-me injusto que não se apoiem todos os que, esforçando-se, não logram o êxito de uma gravidez. O facto de a autarquia actuar apenas a jusante pode ser desmotivador para os que temem um esforço inglório.

Já quanto a Murça o subsídio matrimonial deixa sem qualquer incentivo a reprodução, limitando-se a promover cerimónias de nulo alcance reprodutivo. Sem incentivos pecuniários há sempre o risco de os casais se remeterem às delícias da castidade.