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Há 25 anos (2). O cónego Eduardo Melo

Na sequência do texto da Mariana senti ser minha obrigação recordar o cónego Eduardo Melo, uma «pedra chave» das movimentações de então. Deixo aqui o texto publicado no Diário de Notícias de 08-11-2002 que mantém actualidade pois a estátua que lhe fizeram continua a aguardar local para ser despejada.

Eis o texto:

A cidade de Braga junta à glória dos seus arcebispos o brilho dos cónegos que exornam o cabido da vetusta arquidiocese.

Eduardo Melo, esforçado servo de Deus, pode passar (ainda) despercebido à sagrada Congregação para a causa dos Santos, mas não foi esquecido das almas do seu rebanho, a quem soube avisar que o 25 de Abril “foi uma mancha negra na História de Portugal”, e dos portugueses, em geral, a quem lembrou que “o Dr. Salazar foi um estadista insigne, com um grande sentido de Estado e uma inigualável noção de autoridade”, defendendo a necessidade renovada de “um pulso forte como foi o dele” (entrevista ao Diabo em 2001).

À espera desse “pulso forte” quiseram os admiradores erigir-lhe uma estátua de 8 metros que os inimigos pretendem remeter à clandestinidade sem que a bênção do Presidente da Câmara, autarca do PS, dissuada os réprobos de recalcitrar.

O ditoso membro do cabido da Sé de Braga foi um homem de acção no verão quente de 1975 – “uma pedra chave de toda a movimentação” – nas palavras enlevadas de Alpoim Calvão. Tem provas dadas na prevenção do vício e promoção da virtude, sem hesitar no martírio para defender a fé e a tradição.

Pode, pois, faltar-lhe a confirmação de milagres operados mas não pode negar-se ao bem-aventurado a qualidade de mártir, que o isenta, para ascender aos altares.

É por isso que a estátua de 8 metros, se não for colocada numa praça, há-de encontrar como peanha um andor com que os fiéis percorram em procissão as escadas do Bom Jesus.

Não faltarão devotos que o carreguem.

Nem ímpios a desejar que escorreguem.