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Separação entre religião e Estado

Vale a pena reflectir sobre este texto de um leitor, hoje publicado no Diário de Notícias:

Sr. ministro da Educação, quanto ao Projecto Bíblia Manuscrita Jovem, a ideia de fazer as crianças copiar a Bíblia nas escolas públicas, fora das aulas de Religião e Moral, é má por três razões fundamentais. A primeira e a mais séria é a mais óbvia: esta iniciativa é ilegal e um Estado que não faz cumprir a lei não merece o respeito de ninguém. A segunda razão diz respeito à democracia e à justiça. A partir de agora, o Estado deve autorizar todas as organizações religiosas que queiram fazer as criancinhas copiar o Alcorão, etc. Mas a terceira razão, a que eu não vejo nunca discutida em profundidade, é relativa à ideia generalizada de que a religião é uma coisa objectivamente boa. Será? Eu acho que não. Se pensarmos bem, a religião pode ser uma coisa boa, mas também pode ser uma coisa má. Com uma longa história de brutalidades, perseguições e autos-de-fé, a Igreja Católica não é uma organização com credenciais acima das nossas suspeitas. Durante o século XX, a Igreja Católica apoiou e aplaudiu ditadores e regimes hediondos: Mussolini, Salazar, Franco, Fulgêncio Baptista, Pinochet, Videla, e tantos outros. O papel do Papa Pio XII em relação aos crimes de Hitler está muito mais perto do de um homem de Estado do que do de um homem fé. E há uma semana os jornais americanos anunciavam que nos EUA cerca de 4450 padres estão acusados de abusos sexuais a menores desde 1950. Há cerca de 11 mil queixas a serem investigadas.(…) Bertrand Russel escreveu que as controvérsias mais selvagens são sempre sobre ideias que não se podem provar de forma irrefutável. A perseguição é usada em teologia, não em aritmética. Por que é que não investimos então na promoção da aritmética nas nossas escolas? – Filipe Vieira de Castro – Texas, EUA