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10 de Julho, 2004 Carlos Esperança

A Igreja católica e a sexualidade

Onan, filho de Judá, segundo o livro de Génesis, foi morto por Deus por causa do crime de derramar a sua semente no solo e não dentro da mulher.

Vá lá que Deus é cego, surdo e mudo, ao que se deve a condescendência com todos aqueles que. através dos tempos, têm feito preces em honra de Onan e que, contrariamente às ameaças dos padres, foram poupados à cegueira, à tuberculose e a outras moléstias que diziam causar.

O papa julga que o orgasmo é um genocídio. Comporta-se como um merceeiro que tem uma enorme quantidade de almas armazenadas e teme que ultrapassem o prazo de validade antes de as conseguir escoar.

10 de Julho, 2004 jvasco

O desafio de Randi

Continuem os curandeiros a assegurar os seus poderes de falar com os mortos e limpar as maldições dos vivos, continuem os mediuns a insistir que falam com os mortos, continuem as fontes duvidosas a divulgar a premonição e a existência de espíritos sobrenaturais. Mas se os cépticos duvidam dessas alegações, não digam que é por “falta de abertura de espírito“.

Muitas vezes é feita essa confusão entre “espírito crítico” e ausência de uma capacidade tão desejável que é a “abertura de espírito“. Essa confusão é feita para encorajar a fraude e a mistificação.

Randi passou da indignação às acções: assegura agora o “Desafio de um milhão de dólares“. Qualquer um que acredite ter poderes “inexplicáveis” só tem de se inscrever para o desafio: pode ficar com o dinheiro ou doá-lo à instituição de caridade favorita (se a desculpa para não participar for o desinteresse pelos bens materiais). Randi e o concorrente combinam quais os testes que deverão ser feitos, quais os resultados considerados favoráveis e quais os resultados considerados desfavoráveis. A única coisa que Randi e a sua instituição pedem é a possibilidade de usar livremente os registos das experiências realizadas.

Até agora já participaram alguns indivíduos que estavam genuinamente convencidos dos seus poderes, e ficaram desolados por descobrirem que não existiam (os poderes, claro!). Mas participaram muito poucas pessoas, e nenhum dos grandes gurus do paranormal.

Veja tudo sobre o desafio na página oficial (em inglês) ou nesta página da Sociedade Terra Redonda (em português). Além disso, também lá está uma entrevista de Randi sobre o desafio.

9 de Julho, 2004 jvasco

500 artigos

Este blogue começou há cerca de um ano atrás, e este é o 500º artigo.

E este é o nosso crescimento:

Já agradeci, nas 10000 visitas, aos nossos leitores.

Faço-o de novo, na certeza de que não vos vou aborrecer tão cedo com artigos como este (os números simbólicos ficam agora distantes…).

9 de Julho, 2004 jvasco

Turquia pode dar um passo em frente

Acabei de ler no público que a justiça turca poderá proibir testes de virgindade feitos às mulheres, os quais são muito comuns em zonas rurais e conservadoras.

A fazê-lo, o estado Turco dará mais um passo em frente, no sentido de ter um estado laico, tolerante e desenvolvido. Muito embora seja, de todas as nações onde a religião dominante é o islamismo, aquela em que o estado é mais independente da religião, ainda não se pode dizer que a Turquia é um país laico… Não obstante as reformas constantes, a pressão militar, os focos de desenvolvimento, as influências culturais islâmicas continuam a ter um impacto negativo no desenvolvimento do país. Um exemplo disso são os testes de virgindade referidos. Atente-se nestas palavras desse mesmo artigo:

“Nas culturas islâmicas, a honra da família está depositada nas suas mulheres. Portanto, quando a pureza de alguma delas sai maculada, toda a família fica manchada. O raciocínio dos “crimes de honra” é que, nesse caso, o dever dos homens da família é matar a mulher desonrada. Na generalidade dos países muçulmanos, os juízes consideram esta situação uma atenuante para o crime de homicídio. Por vezes, o assassino pode mesmo não chegar a ser preso nem condenado.

Também se uma rapariga não sangrar durante a primeira relação sexual após o casamento será excluída pelo marido e pela sociedade, podendo até ser morta.”

9 de Julho, 2004 Ricardo Alves

Refutando Tomás de Aquino(3)

O quarto argumento de Tomás de Aquino para a existência de «Deus» é baseado na «gradação» e procede por analogia. Os passos essenciais são os seguintes:

(i) «Entre os seres há alguns mais e menos bons, verdadeiros ou nobres»;

(ii) «Mais e menos» são relativos a um máximo;

(ii’) Da mesma forma que algo é mais ou menos quente comparativamente ao «mais quente»;

(iii) O máximo de cada género de coisa é a causa de tudo nesse género;

(iii’) Da mesma forma que «o fogo, sendo o máximo de calor, é a causa de todas as coisas quentes».

(iv) «À causa do ser, da bondade e de qualquer outra perfeição, chamamos Deus».

Este argumento é tão miserável que dá vontade de rir. Em primeiro lugar, a verdade da analogia não provaria a verdade do argumento em si. Em segundo lugar, tanto a analogia como a substância da pseudo-demonstração estão erradas.

Começando pela analogia(ii’,iii’), não existe um «mais quente» no sentido lógico. É sempre possível aquecer algo mais um grau que seja. Do ponto de vista físico, o limite consistiria em escolher uma partícula «Z», converter toda a massa do Universo em energia, e concentrar toda a energia do Universo na partícula «Z». A temperatura de «Z» seria a temperatura máxima desse Universo. Evidentemente, o «fogo» não corresponde a máximo algum de temperatura. No entanto, existe um mínimo absoluto de temperatura, que corresponde à imobilidade total de todas as partículas num sistema.

Estando a analogia errada, toda a pseudo-demonstração de Aquino pode ser enviada para o cesto dos papéis. No entanto, mesmo que assim não fosse, a argumentação (i,ii,iii,iv) poderia sempre ser refutada separadamente.

(i) Se podem ou não existir máximos de verdade, bondade ou nobreza, é discutível. A «verdade» lógica de uma proposição jamais o é «mais ou menos»; uma proposição ou é verdadeira ou falsa ou indiscernível. Quanto aos valores éticos, mesmo um valor potencialmente absoluto como a vida humana é relativizável (pensemos em tirar a vida a Hitler ou Salazar). O mesmo é válido para a estética.

(ii) «Mais e menos» nem sempre são relativos a um máximo; «4» é mais do que «3», e no entanto o conjunto dos números reais não tem um máximo no sentido lógico.

(iii) Que o máximo de cada género é a causa desse género de coisas é uma afirmação gratuita, sem qualquer base lógica ou científica.

(iv) Não havendo um «máximo», não necessitamos de uma causa.

8 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Uma diocese sem a graça de Deus

Os abusos sexuais de padres da arquidiocese de Portland, nos EUA, levaram-na à falência. O cio de um ex-reverendo tê-lo-á levado a molestar 50 rapazes, enquanto outros, menos abusadores, se contentaram com um número menor.

Depois de pagar 53 milhões de euros às suas vítimas, a Igreja corre o risco de pagar mais 160 milhões aos queixosos. O arcebispo John Vlazny já admitiu a bancarrota como única solução.

Como a lei norte-americana exonera de pagamento aos credores as sociedades que decretem falência, esta parece ser a única alternativa para a arquidiocese de Portland, sem arqui-remorsos da conduta dos seus padres.

Esta é a primeira sucursal do Vaticano a ser encerrada com prejuízos de exploração, enquanto a sede vive em grande desafogo financeiro.

A notícia, amplamente divulgada pela comunicação social estrangeira, só a encontrei referida em Portugal no canal de televisão – SIC.

Sabendo-se que Jesus ama as criancinhas e que se sente muito feliz em vê-las na sua casa (os templos) é melhor avisar os pais dos perigos que correm os seus filhos.

E não será má ideia que as portas das igrejas ostentem um letreiro:

«Proibida a permanência de menores de 18 anos».

8 de Julho, 2004 Ricardo Alves

Refutando Tomás de Aquino(2)

O segundo argumento de Tomás de Aquino a favor da existência do «Deus» católico é o da causalidade. É muito semelhante ao primeiro, e desfaz-se da mesma forma. O raciocínio de Aquino é o seguinte:

(1) no «mundo sensível» existe uma «ordem de causas eficientes»;

(2) não pode haver uma cadeia infinita de causas;

(3) à causa primeira «todos chamam Deus».

A premissa, conforme explicado num texto anterior, está errada. Conhecem-se decaímentos radioactivos que não são provocados por causa alguma. Por exemplo, n->p+e, onde a emissão de um bosão W por um quarque é espontânea. O ponto (2) do raciocínio é logicamente inatacável, mas mesmo que o ponto (1) não estivesse errado (por pressupor a necessidade de ordem causal), a conclusão (3) faz apelo a um argumento de maioria sociológica, o que a invalida sem mais.

O terceiro argumento apoia-se nas «cadeias de causalidade» dos argumentos anteriores (que já vimos serem erróneas) e resume-se aos seguintes pontos:

(i) tudo o que existe na natureza é gerado e é destrutível, ou seja, pode «ser» e «não ser»; portanto, nada é eterno;

(ii) o que existe não pode ser gerado do «nada», porque o que existe só pode ganhar existência a partir de algo já existente; portanto, cada coisa necessita de ser criada por algo anterior;

(iii) postula-se uma entidade necessária em si própria.

A falha mais óbvia deste terceiro argumento encontra-se em (ii). Efectivamente, na física moderna observa-se (ou seja, calcula-se e confirma-se experimentalmente) que podem ser criados pares partícula-antipartícula a partir do vácuo, ou seja, do «nada». (A existência do próprio Universo pode não ter causa necessária.) Como é impossível que o vácuo seja a «entidade necessária em si própria» a que Aquino e os seus coevos chamavam «Deus», e que também ditara as tábuas da «Lei» a Moisés, engravidara uma virgem, etc., segue-se que o terceiro argumento só seria válido se se quisesse chamar «Deus» ao vácuo (e mandando às malvas o indeterminismo).

Porém, pode afirmar-se sem margem para erro que o vácuo não tem sexo e não dita textos jurídicos

8 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Hoje há procissão em Coimbra

A Rainha Santa Isabel, cujo estado de conservação inspira cuidados, vai realizar o seu passeio higiénico entre o Convento da Rainha Santa – seu domicílio habitual – e a Igreja de Nossa Senhora da Graça, na Rua da Sofia, onde estacionará durante três dias, regressando ao Convento no próximo Domingo. Será acompanhada no périplo por muitas bandeiras, o clero disponível, numerosos devotos, uma multidão de curiosos e a força pública.

A Santa é muito estimada na cidade e, embora se tenha desligado dos milagres, continua a gozar de grande prestígio, em particular na autarquia, que usou o seu nome para criar um pseudónimo para a Ponte Europa. É por isso que, de dois em dois anos, a levam a passear.

O famoso milagre das rosas é muito difícil de fazer. Não voltou a ser tentado, nem pelo Luís de Matos que é o mais notável ilusionista nacional.

Além da Rainha Santa Isabel, nascida em Aragão, só a sua tia-avó, também Isabel de seu nome, igualmente santa e rainha, havia logrado fazer o milagre com êxito, na Hungria. Era provavelmente um truque de família que se perdeu com a Rainha portuguesa.

A procissão começa às 20H00. A entrada é livre.

8 de Julho, 2004 Mariana de Oliveira

A solenidade do Casamento Civil

A maior parte das pessoas vê a cerimónia de casamento civil como uma coisa simples, banal, sem aquela mística e folclore que normalmente se associa ao casamento canónico. No entanto, aquela primeira forma de celebração do casamento não deixa de ser solene e ter um significado para além de uma mera assinatura do contrato.

Assim, o art. 155 do Código do Registo Civil estabelece os trâmites da celebração do casamento. Em primeiro lugar, o conservador, depois de anunciar que naquele local vai ter a celebração do casamento, lê, da declaração inicial, os elementos relativos à identificação dos nubentes e os referentes ao seu propósito de o contrair.

De seguida, o conservador interpela os presentes para que declarem se conhecem algum impedimento que obste à realização do casamento. Não sendo declarado qualquer impedimento e depois de referir os direitos e os deveres dos cônjuges, previstos na lei, o conservador pergunta a cada um dos nubentes se aceita o outro por consorte. Cada um deles responde, sucessiva e claramente: É de minha livre vontade casar com F……(indicando o nome completo do outro nubente).

Finalmente, prestado o consentimento dos contraentes, o conservador diz em voz alta, de modo a ser ouvido por todos os presentes: Em nome da Lei e da República Portuguesa declaro F….. e F….. (indicando os nomes completos de marido e mulher), unidos pelo casamento.

7 de Julho, 2004 Carlos Esperança

Deus é infinitamente bom e misericordioso

O relatório da ONU sobre SIDA revela que em 2003 «mais de 5 milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV, o número mais elevado desde o começo da epidemia», sendo cerca de 38 milhões os portadores da doença responsável por mais de 20 milhões de mortes.

Portugal, um país consagrado a Nossa Senhora, tem apresentado os piores índices da União Europeia, tendo a sua situação vindo a ser apresentada como a mais grave da Europa Ocidental. Este ano (dados de 2003) a Espanha e a Itália (os países com maior número de santos por quilómetro quadrado) foram apontados como os casos mais problemáticos, podendo, no entanto, a situação portuguesa, com dados desactualizados, ser ainda muito mais grave.

Na Ásia e na Europa de Leste a SIDA evolui a ritmo nunca visto. «São os focos de mais rápido crescimento» – lê-se no Público. Os piores números absolutos pertencem à África subsariana. Os países mais pobres são os mais afectados (Deus ama os pobrezinhos).

Há mais de 2 milhões de crianças afectadas em todo o mundo (Deus ama as criancinhas).

Deus castiga os que mais ama e o papa é contra o uso do preservativo.