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Refutando Tomás de Aquino(2)

8 de Julho de 2004  |  Escrito por Ricardo Alves  |  Publicado em Não categorizado  |  Comentar

O segundo argumento de Tomás de Aquino a favor da existência do «Deus» católico é o da causalidade. É muito semelhante ao primeiro, e desfaz-se da mesma forma. O raciocínio de Aquino é o seguinte:

(1) no «mundo sensível» existe uma «ordem de causas eficientes»;

(2) não pode haver uma cadeia infinita de causas;

(3) à causa primeira «todos chamam Deus».

A premissa, conforme explicado num texto anterior, está errada. Conhecem-se decaímentos radioactivos que não são provocados por causa alguma. Por exemplo, n->p+e, onde a emissão de um bosão W por um quarque é espontânea. O ponto (2) do raciocínio é logicamente inatacável, mas mesmo que o ponto (1) não estivesse errado (por pressupor a necessidade de ordem causal), a conclusão (3) faz apelo a um argumento de maioria sociológica, o que a invalida sem mais.

O terceiro argumento apoia-se nas «cadeias de causalidade» dos argumentos anteriores (que já vimos serem erróneas) e resume-se aos seguintes pontos:

(i) tudo o que existe na natureza é gerado e é destrutível, ou seja, pode «ser» e «não ser»; portanto, nada é eterno;

(ii) o que existe não pode ser gerado do «nada», porque o que existe só pode ganhar existência a partir de algo já existente; portanto, cada coisa necessita de ser criada por algo anterior;

(iii) postula-se uma entidade necessária em si própria.

A falha mais óbvia deste terceiro argumento encontra-se em (ii). Efectivamente, na física moderna observa-se (ou seja, calcula-se e confirma-se experimentalmente) que podem ser criados pares partícula-antipartícula a partir do vácuo, ou seja, do «nada». (A existência do próprio Universo pode não ter causa necessária.) Como é impossível que o vácuo seja a «entidade necessária em si própria» a que Aquino e os seus coevos chamavam «Deus», e que também ditara as tábuas da «Lei» a Moisés, engravidara uma virgem, etc., segue-se que o terceiro argumento só seria válido se se quisesse chamar «Deus» ao vácuo (e mandando às malvas o indeterminismo).

Porém, pode afirmar-se sem margem para erro que o vácuo não tem sexo e não dita textos jurídicos…

 

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