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Categoria: Catolicismo

17 de Maio, 2010 Ricardo Alves

Rescaldo da visita de Ratzinger

  1. As «multidões» ficaram aquém das expectativas católicas. Na Praça do Comércio («Terreiro do Paço» para os católicos e para os monárquicos), estiveram entre 80 e 100 mil pessoas (eram esperadas «mais de 160 mil» ou até «200 mil»). Em Fátima era esperado meio milhão, terão aparecido 350 mil pessoas (incluindo dezenas de milhar de estrangeiros). Só no Porto a afluência (120 mil a 150 mil) ficou próxima das expectativas (150 mil a 200 mil).
  2. No dia 11, Policarpo disse que «a maioria católica (…) não tira o lugar a ninguém». A frase parece uma expressão de requintado cinismo, especialmente se considerarmos que se tinha acabado de cortar Lisboa ao meio para que Ratzinger circulasse a 40 km/h por avenidas vazias, parando boa parte do sistema de transportes e causando transtornos à maioria que não é católica praticante e que desejaria ter tido um dia normal de trabalho e afazeres (aconteceria o mesmo no Porto três dias depois). Não teria sido mais sensato fazer as cerimónias religiosas em estádios de futebol, minorando os transtornos causados, e abdicar da encenação (falhada) das ruas cheias de fiéis, minimizando também os incómodos à população? (mais…)
17 de Maio, 2010 Carlos Esperança

O TEMOR DE UM SIMPLES MORTAL ! . . .

Quinta, 13 Maio de 2010

A RTP 1 transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

A SIC transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

A TVI transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

A RTP África transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

A TSF transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

A Rádio Renascença transmitia em directo as cerimónias de Fátima.

Tive medo de ligar a torradeira!..

(Enviado por um excelente amigo)

16 de Maio, 2010 Carlos Esperança

O milagre do Sol e outros prodígios

No tempo em que as virgens saltitavam de azinheira em azinheira chegou uma em voos curtos à Cova da Iria, no dia 13 de Maio de 1917, coberta de luz, de manto branco, para dizer a três criancinhas que era do céu e prometer-lhes que as levaria com ela, mas que o Francisco teria de rezar muitos terços. Pediu ainda a virgem que voltassem nos dias 13, sempre à mesma hora, seis meses seguidos, para lhes dizer quem era e o que queria.

São assim as virgens, caprichosas e enigmáticas, mas tendo-lhe a Lúcia perguntado por duas amigas mortas, logo lhe disse que a Maria das Neves estava no Céu e que a Amélia estaria no Purgatório até ao fim do mundo, novas de quem viaja, saber de quem conhece o país das almas e está de visita à paróquia de Ourém, sem adivinhar que o Purgatório será extinto.

As crianças obedeceram, depois de aceitarem oferecer-se a deus para suportarem todos os sofrimentos que ele quisesse enviar-lhes em acto de reparação pelos pecados com que ele, deus, era ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores.

Depois de se terem comprometido a pagar as dívidas alheias, a virgem levantou voo na vertical, não sem antes ter pedido que rezassem o terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra. Eram dóceis as crianças. Doutro modo podia nunca ter acabado a guerra que em 1918 se extinguiu.

O Sol, condenado à imobilidade por Galileu, revoltou-se contra a ciência, reconciliou-se com os preceitos bíblicos e um dia fez piruetas na Cova da Iria para reabilitar o deus de Abraão, estupefazer as criancinhas e deslumbrar os mirones que acorriam ao local.

Exultaram os padres que teceram o milagre para excitarem as hostes contra a República, benzeram-se os crentes que agitavam terços e renderam-se os incréus do costume para atestarem a verosimilhança do prodígio pio.

Que sorte não existirem então as medidas de segurança que ora soem. Se a virgem que vinha mensalmente cavaquear com os pastorinhos e o anjo que ali desceu, convencido de que era seguro o anjódromo, tivessem apanhado com um decreto que interditasse o corredor aéreo, certamente que a GNR teria aberto fogo com as escopetas e teríamos o anjo de asas quebradas, a voar baixinho, e uma virgem derrubada da azinheira a esvair-se sem pensar na guerra, nos terços e nos pecados.

Valeu ao negócio da fé o carácter artesanal com que então se defendia o espaço aéreo.

15 de Maio, 2010 Carlos Esperança

Despedida…

Por

José Moreira

Cavaco Silva despediu-se de Joseph Ratzinger. E logo esse facto me causou uma certa perplexidade; é que fiquei sem saber se o presidente da República se despediu do chefe do estado do Vaticano, ou se o católico Cavaco Silva se despediu do seu líder religioso.

Cavaco Silva disse, numa entrevista, que ia acompanhar um chefe de estado e, portanto, iria para onde ele, o tal chefe de estado, fosse. Isto porque o jornalista, capciosamente, deu a entender, na pergunta, que o laicismo de estado estava a ser violado. O que é mentira, como Cavaco demonstrou. Ficámos, pois, a saber que:

  1. Um chefe de estado pode rezar missas. As que quiser, e onde quiser.
  2. Um chefe de estado pode distribuir o corpo de Jesus Cristo às rodelas.
  3. Um chefe de estado pode estar dispensado de passar revista às tropas em parada, contrariamente ao que é habitual.
  4. Um chefe de estado pode substituir as tais “conversações” por homilias.

Fiquei informado. Mas não era aí que eu queria chegar. Na despedida, no aeroporto de Pedras Rubras, a que alguns chamam de Sá Carneiro, vá lá saber-se porquê, o chefe do Estado português pediu ao seu homólogo, chefe do Estado do Vaticano, que rezasse por Portugal. Fiquei ainda mais informado: o problema de Portugal resolve-se com rezas. E pergunto: não se poderia rezar umas avé-marias, em vez de se mandar aqueles milhões todos para a Grécia? E uns padre-nossos bem aviados não chegariam para as empresas de rating nos colocarem num AAA? Quem pergunta quer saber, né?

Entretanto, anuncia-se a visita de Lula da Silva a Portugal. Talvez não fosse má ideia Cavaco Silva pedir-lhe, a esta e a outros chefes de estado que nos visitem, para rezarem por Portugal. Quantos mais, melhor.

Desde logo, não está minimamente provado que as rezas resolvam algum problema. Alguém, não recordo quem, disse que resultava mais duas mãos a trabalhar do que cem a rezar. Mas vamos fazer de conta que sim. Vamos fazer de conta que umas rezas resolviam o défice de Portugal, e que o Sócrates rasgava o PEC. Tem de ser o Papa a rezar? Cavaco Silva certamente que reza. As rezas de Ratzinger valem mais que as de Cavaco? Não me parece…

Aqui ao lado, estão a bichanar-me que sim. Que é como as cunhas: vale mais uma cunha de um secretário de estado que a de um porteiro. Não sei porquê, mas tenho as minhas dúvidas…

De qualquer modo, estamos safos. Se o Papa começar já a rezar, pode ser que Bruxelas deite fora o PEC, por inútil. Se assim for, pode ser que a lei do casamento homossexual seja vetada.

Deus é grande…

15 de Maio, 2010 Carlos Esperança

Dúvidas de um leitor (2)

Tenho notícias do Porto: como seria de esperar a Avenida dos Aliados esteve cheia, mas com as vias de circulação automóvel livres, o que dá cerca de 60.000 a 80.000 pessoas.

Pude testemunhar no local que não havia um número muito reduzido de pessoas nas ruas laterais (menos do que as que caberiam nas vias de circulação livre da avenida), estamos a falar de cerca de 10 a 15 metros no máximo em cada rua.

Exemplo desta pouca ocupação dos espaços secundários foi a situação da Praça D. João I (do Teatro Rivoli a poucos metros da avenida) onde as pessoas estava SENTADAS NO CHÃO durante a missa…

Posto isto voltamos à situação do costume: números como 150.000 apresentados na televisão são completamente irrealistas (para usar uma expressão suave).

14 de Maio, 2010 Carlos Esperança

A multidão de Fátima – Dúvidas de um leitor

Uma questão que me deixou surpreendido… numa medição rápida no Google Earth a Avenida dos Aliados tem pouco mais de 20.000 m2… algumas notícias falam de 200’000 pessoas a ver a missa no Porto o que é, obviamente, impossível.

O mesmo se passa em Lisboa… a Praça do Comércio tem cerca de 30.000 m2, mesmo incluindo áreas circundantes (como a Praça do Município) ficamos com menos de 50.000 m2… onde muito dificilmente se conseguem “empacotar” as 100.000 pessoas que são referidas nas notícias…

Parece-me que há muita confusão na comunicação social entre as pessoas que vão realmente ver as missas do papa e as, potencialmente muitas mais, que o vão ver passar nas ruas…

10 de Maio, 2010 Ricardo Alves

Mais Facebook

Os grupos de protesto contra as condições da visita de Ratzinger continuam a proliferar como cogumelos no Facebook.

Os que chegaram à minha atenção mais recentemente são mencionados a seguir.

  1. «Aqueles que acham um absurdo o país parar porque o papa vem visitar o país»: a tolerância de ponto continua a ser um dos pontos de protesto principais. Este grupo aproxima-se, neste momento, dos 16 mil membros.
  2. «Eu não vou ver o papa, ele se quiser que me venha ver a mim»: quem acha que o anticlericalismo não é popular deveria consultar este grupo. Também a caminho dos 16 mil membros.
  3. «Apostasia: como abandonar formalmente a Igreja Católica»: a vinda de B16 provoca, naturalmente, um movimento de abandono por parte daqueles que são contados como católicos sem se terem tornado católicos voluntariamente. Cerca de 700 membros, neste momento.