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Categoria: Não categorizado

3 de Março, 2007 Carlos Esperança

Deus é o cão de guarda das religiões

Deus é uma espécie de cão de guarda que rosna, ladra e ameaça morder os ímpios que acham o Papa e os outros dignitários religiosos uns impostores.

Cada religião tem o seu cão de guarda, mas o dono da fé é o biltre que ocupa o primeiro lugar na fila dos clérigos da religião que promove. É o que diz aos outros clérigos como devem ensinar os clientes a rastejar e a esportular o óbolo.

O Papa e os outros avençados do divino não pregam o que dizem que Deus disse, dizem que Deus afirmou o que eles pregam. Os prestidigitadores da fé precisam de um mito que dê credibilidade às intrujices com que se governam e enganam os supersticiosos.

Se Deus existisse não precisava de tantos intermediários, do bando de cadáveres que lhe metem cunhas a troco de esmolas e orações, da caterva de clérigos que desviam os créus para os ofícios pios e as desgarradas litúrgicas.

Deus é uma desculpa para os crimes da fé, para a vocação totalitária das religiões e para o parasitismo do clero.

Os crentes precisam de ser formatados desde a infância para se sujeitarem à fé dos que a promovem e viverem permanentemente das certezas que lhes impõem. Aos ateus, para o serem, basta-lhes um momento de reflexão e a intermitência da dúvida.

3 de Março, 2007 Carlos Esperança

A confissão

(Clique na imagem, para aumentar)

«Deve o cristão confessar-se, pelo menos uma vez por ano, pela Páscoa da Ressurreição».
(Catecismo da ICAR)

2 de Março, 2007 Carlos Esperança

Deus caiu em desgraça

Deus caiu das alturas onde o medo dos homens e os negócios da fé o colocaram. Andou por lá demasiado tempo, graças à propaganda eclesiástica, à repressão do poder secular e à tradição.

Era difícil aguentar o mito nas alturas sem subverter a lei da gravidade. Deus caiu com o Renascimento, o século das luzes e a vitória da liberdade sobre as teocracias e entrou em coma com a secularização e o laicismo.

Apanhado nas malhas da evolução, sem fazer prova de vida, foi-se o mundo esquecendo dele enquanto alguns padres entraram em histeria e outros mudaram de rumo e de ramo. Só o Islão manteve o Deus violento, cruel e apocalíptico, graças à sobrevivência tribal e à concentração dos meios de produção na mão dos clérigos. A vigilância do clero e o medo do Inferno agravaram a devoção, a demência e o martírio.

Hoje, nas sociedades livres e democráticas, Deus é o papão que assusta as crianças que recusam a sopa, o mordomo invisível do Papa, a quem este atribui a autoria dos despautérios que profere, o abominável mito que os mullahs dizem ser grande e a quem adjudicaram um profeta que deseja ver o mundo rastejar a seus pés.

Se Deus existisse não havia necessidade de o inventar.

2 de Março, 2007 jvasco

Carros, astrologia, e muita treta.

No Diário de Notícias de ontem [7 de Janeiro] veio noticiado que:

«As companhias de seguros estão a estudar a possibilidade de os signos dos condutores determinarem a forma como conduzem.»

E citam Lee Romanov, que fez um estudo em 100,000 condutores:

«”Fiquei absolutamente chocado. Agora, para mim, é muito menos significativo um condutor mudar de código postal do que pertencer a alguns signos do Zodíaco”, diz Romanov.»

Em primeiro lugar podemos ver a excelência jornalística desta reportagem na tradução de «shocked» para «chocado». Se forem à pagina onde a autora publicita o livro até podem ver uma foto que deixa poucas dúvidas quanto ao seu sexo (aqui). Será que o jornalista nem foi ver o site? Também pode ser culpa do editor, mas certamente não é culpa do editor afirmar que as companhias de seguros estão por trás disto. A autora é dona de um site (InsuranceHotline.com) que dá informações acerca de preços de seguros, e não de uma seguradora, e este «estudo» faz parte do livro que está a vender, intitulado «Car Carma».

Também podemos julgar a magnitude do efeito pela afirmação reveladora: «menos significativo um condutor mudar de código postal do que pertencer a alguns signos do Zodíaco». Para quem pensava que mudar de código postal era uma das principais causas de acidente rodoviário isto deve ser preocupante. Os restantes não terão razão para alarme.

Como escreve o Luis Grave Rodrigues (no Random Precision), é muito improvável que os 100,000 condutores se distribuam de forma exactamente igual pelos 12 signos. Seria importante aqui saber qual a significância estatística destes resultados. Isto, é claro, se fosse coisa para levar a sério. Segundo consta (nos comentários a esta notícia), isto é tudo uma brincadeira da autora para vender o livro:

«The references to astrology are meant to tickle the fancy and Lee had a great time writing this book, purely for your enjoyment.»

Resumindo, a dona de um site sobre preços de seguros escreve um livro que, a gozar, liga a astrologia aos acidentes, e um jornal de grande tiragem em Portugal relata que as companhias de seguros andam a estudar astrologia.

Exactamente:

Que treta!

——————————–[Ludwig Krippahl]

2 de Março, 2007 Ricardo Alves

Os comentários já estão activados

Caros comentadores: as caixas de comentários estiveram desactivadas por razões que nos são totalmente alheias. Acabo de verificar que o problema já está resolvido, como podem verificar na caixa de comentários deste artigo.
1 de Março, 2007 Ricardo Alves

Eis uma excelente ideia

Nasceu na Alemanha uma organização que promove a apostasia face ao Islão. Chama-se Conselho Central dos Ex-Muçulmanos da Alemanha e irá competir com o Conselho Central dos Muçulmanos pela representatividade das pessoas de origem muçulmana residentes na Alemanha. É liderada pela escritora Arzu Toker (de origem turca) e pela advogada Mina Ahadi (de origem iraniana). Arzu Toker declarou publicamente que «como disse Nietzsche, Deus está morto e é uma alegria assumir as responsabilidades por nós próprios». Já estão as duas sob protecção policial, dadas as ameaças de morte que começaram imediatamente a receber. Cerca de 120 pessoas já apostasiaram publicamente.

1 de Março, 2007 jvasco

Entropia e Criacionismo

A segunda lei da termodinâmica é uma das favoritas do criacionismo. A desordem aumenta, tudo se degrada. É a degeneração, a depravação, a desgraça completa. Desde o Dilúvio que não havia nada tão bom. E se a desordem aumenta constantemente, então no inicio teve que ser tudo criado de forma ordenada, ou seja por um deus.

Logo há partida este modelo tem problemas. Precipitam-se a concluir que é o deus deles, que se tornou homem, morreu na cruz, ressuscitou, ditou os dez mandamentos, e assim por diante, o que é muita coisa para apoiar na segunda lei da termodinâmica. Pior, não resolve nada. Se é impossível diminuir a entropia num sistema isolado, tanto faz se o sistema isolado é Universo ou se é Universo+Deus. Esta «solução» é a versão intelectual de varrer o lixo para debaixo do tapete.

E não passa de um mal entendido. Mas vou começar por explicar o que é a entropia. Se não houver fraude, todos os números da lotaria saem com mesma probabilidade. É tão fácil (ou difícil) ganhar com o 13624 que com o 22222. Mas se considerarmos conjuntos de números já pode haver diferenças. Por exemplo, a probabilidade de ser seleccionado um número com todos os dígitos iguais (dez possibilidades) é três mil vezes menor que a de um número com todos os dígitos diferentes (10*9*8*7*6 possibilidades). É aqui que surge a entropia. Se agitamos um punhado de moedas numa caixa de sapatos, todas as configurações exactas (aquela moeda exactamente assim, aquela outra neste sítio, etc) têm a mesma probabilidade. Mas há muito mais configurações no conjunto das «desordenadas» que no conjunto das «arrumadas no meio da caixa», por isso o mais certo é que as moedas fiquem numa das configurações desordenadas.

Agitamos a caixa até estar tudo o mais desordenado possível. Chegámos ao máximo de entropia deste sistema. Agora a caixa aumenta de tamanho mas as moedas continuam onde estão, desarrumadas no meio da caixa. A desordem é a mesma (as moedas não mexeram), mas o máximo de entropia aumentou porque agora podemos desarrumar ainda mais o sistema espalhando as moedas pela caixa maior. É isto que se passa no nosso universo. A singularidade inicial estava no máximo de entropia para o seu tamanho, mas como o espaço-tempo se expandiu imenso o limite máximo de entropia aumentou, permitindo que a desordem continuasse a aumentar até hoje, e por muito tempo no futuro.

A ciência moderna diz-nos que o universo começou no máximo de desordem. Isto não só torna o criador inteligente desnecessário como torna impossível que ele tenha feito o que quer que seja para influenciar o processo. Depois de varrer o lixo para debaixo do tapete aproveitam para dar um tiro no pé.

——————————–[Ludwig Krippahl]

28 de Fevereiro, 2007 jvasco

Energia e Criacionismo

«Neste post vou-me aventurar num tema no qual não estou muito à vontade, e peço já desculpa por qualquer calinada. Mas o Jónatas Machado apontou a conservação da energia como evidência contra a teoria da evolução e a favor da sua fé criacionista, e é precisamente o contrário.

Na mecânica Newtoniana, e num espaço-tempo plano, podemos considerar o sistema como invariante a translações no tempo; ou seja, não interessa quando contamos o instante 0. A consequência disso é a conservação de energia, com energia sendo um valor com uma dimensão (um escalar). Daqui tiramos a tal regra simples que a variação da quantidade de energia num sistema é igual à energia que entra menos a que sai, porque nenhuma é criada nem destruída.

Temos duas formas de calcular isto. Podemos somar a energia que passa por toda a superfície do sistema, ou somar a variação de energia de cada volume infinitésimo dentro do nosso sistema. Se considerarmos os nosso sistema partido em volumes minúsculos, a energia que sai de um entra nos vizinhos, excepto para os que estão na fronteira do sistema e trocam energia com o exterior. A integração de variações em volumes infinitésimos dá assim o mesmo valor que o total de energia que atravessa a superfície. Num sistema isolado não entra nem sai energia, e a variação total é zero.

Com a relatividade isto complica-se. Num espaço-tempo curvo não podemos separar a coordenada do tempo da mesma maneira, e o que é conservado é um vector com quatro dimensões (momento e energia). Os detalhes da matemática ultrapassam-me, mas o resultado, trocado por miúdos, é que agora as duas formas de calcular a variação total de energia do sistema dão valores diferente: somar a energia que passa por toda a superfície não dá o mesmo que somar as variações em volumes infinitésimos porque não estamos a somar valores escalares mas sim vectores definidos em pontos diferentes do espaço-tempo.

Normalmente podemos ignorar a relatividade, e usar a formulação simplificada da conservação de energia. Na evolução e em toda a biologia a variação de energia de um sistema é sempre a diferença entre a que entra e a que sai, quer seja a Terra toda quer seja uma bactéria. Mas na cosmologia é preciso complicar a matemática para modelar o universo em expansão, e a conservação não se reduz a uma frase simples como a de Jónatas Machado:

«Os evolucionistas deveriam compreender que o seu sistema é um “non starter”, na medida em que a lei da conservação da energia afirma que em todos os processos os componentes que entram são equivalentes aos que saem»

Aqui na Terra todos os seres vivos persistem e evoluem à custa do Sol, que fornece energia de sobra para alimentar estes processos. No universo como um todo não se aplica a versão simplificada da lei da conservação de energia. Quando aplicamos correctamente as leis que conhecemos vemos que a expansão do nosso universo pode gerar todas as partículas de que tudo é feito. Não há contradição entre a cosmologia, a evolução, e a conservação de energia, desde que aplicada correctamente. Como alternativa à cosmologia e evolução, Jónatas Machado propõe:

«Criar algo a partir do nada é impossível. E no entanto, nós aqui estamos.[…] Isso é inteiramente consistente com a ideia de que Deus criou o Universo, numa semana de Criação muito especial e absolutamente singular»

Os criacionistas rejeitam a evolução por considerar que é impossível. Rejeitar o impossível é boa ideia, e neste caso é apenas um erro (não é impossível). Mas o passo seguinte é absurdo, pois defendem a criação ex nihilo precisamente por ser impossível. E não é só o criacionismo fundamentalista que sofre desta incoerência. Um dos principais argumentos para a existência de um deus criador sempre foi a necessidade aparente de uma primeira causa, e os teólogos apoiavam-se na filosofia natural por indicar que todo o efeito teria causa. Hoje em dia sabemos que não é assim. Ao nível sub-atómico muitos efeitos nem podem ter causa. O mesmo raciocínio que justificava inferir um deus criador até ao século XX obriga agora a rejeitar essa hipótese. Não só é desnecessário como é aparentemente impossível que um deus tenha criado o universo.»

——————————–[Ludwig Krippahl]

27 de Fevereiro, 2007 Ricardo Alves

Abu Qatada expulso do Reino Unido

O clérigo islâmico de extrema direita Abu Qatada perdeu um apelo junto da Comissão de Apelos Especiais para Assuntos de Imigração, e poderá agora ser expulso do Reino Unido.

O clérigo de origem jordano-palestiniana reside em Londres desde 1993, tendo beneficiado de asilo em 1994. Já foi condenado na Jordânia por planear actos terroristas, e foi detido provisoriamente no Verão de 2005, após os atentados de Londres. Era uma das figuras mais influentes nas mesquitas fundamentalistas de Londres, e gravações dos seus sermões foram encontradas num apartamento de Hamburgo onde viveram os terroristas do 11 de Setembro. É possível que venha a ser torturado na Jordânia.