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Categoria: Cristianismo

8 de Abril, 2012 Fernandes

Da Servidão Voluntária

 Que os déspotas desapareçam, uma vez que tal é o seu destino terrestre, pois «se invocam o céu, é para usurpar a Terra» dirá, com justiça Robespierre.

Não há monumento à tirania que não tenha sido erguido pela servidão voluntária. Não foram a morte, nem a doença, nem a miséria, a fraqueza ou o sofrimento, que levaram os homens a inventar este Deus cuja imortalidade os desafia, como se não fossem dignos de tal favor. Foram as condições que lhe foram impostas, de morrer por si próprios, de produzirem o seu próprio infortúnio, de se aviltarem e de se mutilarem voluntariamente.

A fraqueza do homem não é mais do que uma impotência aceite, uma resignação indulgentemente subjugada aos interesses de uma minoria. A Mentira Celeste limita-se apenas a legitimar a exploração dos que por covardia se resignam. Não é pois de espantar que após ter substituído o Deus dos pogroms pelo Deus dos gulags, a parte mais servil do povo russo voltou para o primeiro, que tem sobre Estaline a vantagem do tempo. Nenhuma tirania é suficientemente forte para subjugar milhões de pessoas, sem ajuda da religião ou da escravatura. Acontece que uma corresponde à outra. A religião é a forma mais acabada de desprezo em que os homens se oprimem. Ela reflecte-se na glorificação castradora da exaltação do sofrimento que na mitologia cristã se ilustrará, com um júbilo mórbido, pela repugnante efígie do seu messias Jesus esquartejado na árvore morta da cruz.

Os deuses são a verdade do mundo invertido. Eles reinam sobre o corpo mutilado, unem-lhe os bocados, tratam com solicitude as chagas que inflingem, eles são, ao mesmo tempo, médicos e algozes. Se a barbárie e a crueldade são inerentes a todas as religiões é porque não se pode guerrear contra si próprio sem guerrear com os outros. Não é por acaso que durante estes dois mil anos de cristianismo agressivo e lacrimoso, os homens compenetrados da injunção evangélica, «amai-vos uns aos outros» se tornaram nos seus próprios assassinos. Usurpadores e usurpados, exploradores e explorados tecem em conjunto os tecidos com que são feitos os sudários do género humano, permitindo-lhes continuar eufeudados a uma realeza do Além, a um império invisível com que identificam a sua realidade simbólica. Sempre prontos a justificar uma realiddade humanamente inaceitável, os “funcionários” dos deuses explicam, pela angústia universal da morte, a crença em divindades imortais que se arrogam o privilégio de atribuir ou subtrair a existência às suas criaturas, como o homem faria a um animalejo que pouparia por compaixão ou esmagaria por inadvertência, por fobia, ou por crueldade deliberada.

Fazendo de anjo, a religião propaga a besta. Não a besta livre e selvagem, mas a besta desnaturada pelo espírito, a bruteza sanguinária que tortura, esfomeia, maltrata, mortifica, viola e mata em nome de Deus, de um Ideal Celeste, de uma Causa Suprema, do Metal imanente da Transubstanciação. O ódio e o medo da animalidade fizeram do homem um ser amedrontado e odiento que se conduz face aos seus semelhantes como face a bestas arbitráriamente exploráveis, descarregando sobre elas o ressentimento que a repressão da sua parte animal suscita. Ao imputar ao homem a tendência natural para o pecado, como se este, comportasse uma espécie de defeito de fabrico, o Cristanismo tornou-se o “acidente de percurso na evolução do homem, entravou o seu progresso enquanto criador, subjugando o seu génio ao instinto predador de uma elite hierarquizada criadora de escravos, deuses e senhores.

O que há de impiedoso na religião é que ela é o espírito da desnaturação absoluta. Não lhe basta dar a sua caução sagrada a um universo submetido ao lucro e ao poder, legitimando como um princípio eterno o direito a subjugar, humilhar, desprezar e destruir, é preciso que preconize no campo ainda adverso a beleza da morte, do sofrimento e do sacrifício até nas revoltas que lhe ocorre encorajar, até na insubmissão que, por vezes, concede aos povos tiranizados, até nos seus acessos de tolerância que Cioran ironizava quando escreve. «O grau de desumanidade de uma religião assegura-lhe a força e a duração.»

Talvez tenha chegado o tempo de saudar todos os judeus que se insurgiram contra a religião hebraica da qual brotou este quisto-cebáceo chamado Cristianismo. Ao lado de Espinoza, Uriel Da Costa, de Marx, de revolucionários do Bund, de todos aqueles que nasceram judeus como se nasce picardo ou escocês e se preocupam apenas em ser homens, é preciso contar com Simão de Samaria, filósofo do século I, que a calúnia cristã disfarçou, sob o nome de Simão, “o Mágico”, com as lendas mais ridículas, não hesitando em o meter em cena para dar crédito à existência desse Josué, em grego Jesus, do qual se procuraria em vão o mínimo vestígio histórico.

 * adaptado de: Vaneigem Raoul. Da (in)humanidade da religião.

29 de Março, 2012 Eduardo Patriota

Praticante do candomblé sofre bullying após aula com leitura da Bíblia

Praticante do Candoblé, uma religião de raízes africanas
 

Ahhh… a religião e toda sua tolerância, tratamento igualitário e compaixão com o próximo me emocionam.

Um estudante de 15 anos teria sido alvo de bullying em uma escola estadual (pública) de São Bernardo do Campo por causa de sua religião – o candomblé. As provocações começaram após o jovem se recusar a participar de orações e da leitura da Bíblia durante as aulas de história, ministradas por uma professora evangélica. O aluno cursa o 2º ano do ensino médio na escola Antonio Caputo, no Riacho Grande.

Segundo o pai do aluno, Sebastião da Silveira, 63, faz dois anos que o filho comenta que a professora utilizava os primeiros vinte minutos da aula para falar sobre a sua religião. “O menino reclamava e eu dizia para ele deixar isso de lado, para não criar caso. Ela lia a Bíblia e pedia para os alunos abaixarem a cabeça, mas isso ele não fazia, porque não faz parte da crença dele”, disse.

Depois disso, começaram a incomodar o garoto. Num caso extremo, lançaram um papel com catarro em suas costas. Em outro episódio, fizeram cartazes com a foto de um homem e uma mulher vestindo roupas características do candomblé e escreveram que aqueles eram os pais do estudante. A pedido da família, o menino foi trocado de sala, mas não quer mais ir para a escola e apresenta problemas de fala, como gagueira, e ansiedade.

O pai do garoto disse que foi até a unidade de ensino para conversar com a professora de história sobre as orações antes da aula: “Ela se mostrou intransigente e falou que era parte da didática dela. Eu disse que se Estado é laico, alunos de todas as religiões frequentam as aulas e devem ser respeitados, mas ela afirmou que não ia parar”.

É a religião construindo um mundo melhor, mais justo e fraternal para todos. Lindo isso.

24 de Março, 2012 Carlos Esperança

Jesus pregou o amor

Bíblia mostra que Jesus também pregou o ódio ao próximo

Mateus 10:34: “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.”

João 15:6: “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.”

Lucas: 12:14: “E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites.”

Mateus 14: 3-7: “E, estando ele em betânia, assentado à mesa, em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher, que trazia um vaso de alabastro, com ungüento de nardo puro, de muito preço, e quebrando o vaso, lho derramou sobre a cabeça. E alguns houve que em si mesmos se indignaram, e disseram: Para que se fez este desperdício de unguento? Porque podia vender-se por mais de trezentos dinheiros, e dá-lo aos pobres. E bramavam contra ela. Jesus, porém, disse: Deixai-a, por que a molestais? Ela fez-me boa obra. Porque sempre tendes os pobres convosco, e podeis fazer-lhes bem, quando quiserdes; mas a mim nem sempre me tendes”.

Nem sequer os animais e as plantas escaparam da ira do filho de Deus

Mateus 8:32: “E ele lhes disse: Ide. E, saindo eles, se introduziram na manada dos porcos; e eis que toda aquela manada de porcos se precipitou no mar por um despenhadeiro, e morreram nas águas.”

Marcos 11: 13-14: “E, vendo de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se nela acharia alguma coisa; e, chegando a ela, não achou senão folhas, porque não era tempo de figos. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E os seus discípulos ouviram isto.”

6 de Março, 2012 Eduardo Patriota

Promotor entra com ação contra lei que institui a oração do “Pai Nosso” nas escolas públicas de Ilhéus

A história é sempre a mesma. De maneira humilde, cheio das boas intenções, em busca de enaltecer a moral e os bons costumes, o vereador evangélico Alzimário Belmonte (PP-BA), da cidade de Ilhéus (BA), fez uma lei, de número 3.589, publicada no dia 12 de dezembro de 2011, que diz que é ‘obrigatório as escolas do município de Ilhéus orar o Pai Nosso antes das aulas“, conforme o artigo 1° do decreto. Ilhéus tem cerca de 29 mil crianças e adolescentes matriculados nas escolas municipais, segundo a Prefeitura.

Uma afronta direta à laicidade do estado. Uma tentativa vergonhosa de estabelecer, aos poucos, uma teocracia no país.

O Ministério Público entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) com pedido de liminar no Tribunal de Justiça do Estado da Bahia em face da Lei nº 3.589/2011, da cidade baiana de Ilhéus, que instituiu a obrigação de orar o “Pai Nosso” nas escolas do município antes das aulas regulares. Os representantes do Ministério Público ressaltaram a competência do Tribunal de Justiça para julgar a ação “que tem como certa a inconstitucionalidade da lei do Município de Ilhéus por ofensa direta à Constituição Estadual e a preceitos da Carta Política de 1988”. Ainda segundo o MP, a lei “desconsidera toda uma evolução política e sociocultural na defesa de um Estado laico consagrado na Constituição”.

5 de Março, 2012 Carlos Esperança

Os pescadores de almas preferem a pesca à linha

 

Este cartoon foi publicado no site www.chargeonline.com.br e a propósito da nomeação de um senador e bispo da IURD (Marcelo Crivela) como ministro das pescas. Um novo ministério criado para acomodar mais um membro de um partido que apoia o governo. (Enviado à AAP por Tulio Machado)

27 de Fevereiro, 2012 Eduardo Patriota

Ministério Público quer acabar com privilégios da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD)

Lavagem de dinheiro, extorsão, exploração do sofrimento alheio para enriquecimento próprio, exploração infantil, etc.

Esta é uma breve lista dos crimes cometidos pela Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), presidida pelo bispo Edir Macedo. Agora, o Ministério Público quer descobrir uma forma de acabar com os privilégios fiscais que a igreja usufrui, como o não recolhimento de impostos sobre as doações dos fiéis. Segundo o MP, os pastores da IURD  exploram fiéis, como no caso da criança que foi condicionada a vender seus brinquedos e doar o dinheiro à Igreja, ou um coitado que doava todo seu dinheiro para a Igreja e não sobrava nem para sua própria condução.

17 de Fevereiro, 2012 Carlos Esperança

A macabra liturgia da fé

Homenagem ao Patriarca ortodoxo - Anos sessenta

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Apesar de tudo a civilização humana tem evoluído bastante…

Veja-se só o que acontecia ao patriarca ortodoxo quando morria: era colocado no trono e os crentes tinham de prostrar-se aos seus pés e beijá-lo, muito vigiados pela hierarquia daquela igreja.
Bárbaro!

(E-mail de CSF)

9 de Fevereiro, 2012 Eduardo Patriota

Evangélicos travam votações no congresso brasileiro

Anthony Garotinho, deputado condenado repetidas vezes na justiça, liderou o ataque dos evangélicosDurante debate no Fórum Social Mundial, ocorrido em Porto Alegre (RS), no final de janeiro, Gilberto Carvalho, ministro da Secretaria Geral da Presidência, disse que é preciso montar uma rede para enfrentar ideologicamente os evangélicos. Segundo ele, esse segmento religioso possui uma visão de mundo controlada por pastores de televisão. “É preciso fazer uma disputa ideológica com os líderes evangélicos pelos setores emergentes”, disse Gilberto Carvalho.

No debate, Carvalho foi questionado por participantes sobre o motivo de o governo ser conservador em temas como o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo. O ministro respondeu que o entrave para avançar na discussão eram os evangélicos.

“Este governo que fala tanto em discriminação… Vem agora o ministro do governo tomar uma posição de discriminação em relação aos evangélicos, chamando-os de retrógrados, dizendo que a lei do aborto não é aprovada por causa dos evangélicos”, disse o líder do PR, Lincoln Portela (MG). Irritado com as declarações do ministro, o senador Magno Malta (PR-ES) – também evangélico – usou a tribuna do Senado ontem para chamar Gilberto Carvalho de “safado” e “mentiroso”.

Exigindo uma explicação do ministro, deputados da bancada evangélica resolveram impedir as votações até que Carvalho se retrate. Hoje estava prevista a análise de acordos propostos pelo Brasil com outros países, entre outras tantas matérias de interesse nacional.

Ou seja, num país teoricamente laico, as igrejas mostram que a prática parece se afastar deste ideal. Pior ainda é que, numa demonstração vergonhosa de desrespeito ao povo brasileiro, travaram a votação de matérias importantes. Em um legislativo que já demora e custa a aprovar matérias, travar a pauta de votações é um gesto mesquinho, irresponsável e que mostra apenas que os evangélicos preferem defender suas doutrinas religiosas do que trabalhar em prol do povo brasileiro como um todo.

8 de Fevereiro, 2012 Eduardo Patriota

Ronildo Peçanha cura SIDA, câncer e ressuscita os mortos

Eu não sei se é pior quem engana ou se quem acredita nas mentiras mais absurdas possíveis. No Estado do Espírito Santo, no Brasil, o pastor Ronildo Peçanha montou a “Igreja Pentecostal Deus é Vida” e faz um tipo de marketing vergonhosamente mentiroso, com afirmações das mais inacreditáveis.

Sua lista de 11 mortos ressuscitados deixa o próprio Jesus Cristo para trás. Seus tratamentos estéticos, como fazer emagrecer ou conter a queda do cabelo, resultam do uso de seu poder para amenizar o sofrimento da carne (mas o importante não era a salvação da alma?).

Chega a ser engraçado ver o papel de ridículo ao qual o pastor se presta. Mas é deprimente saber que seus seguidores acreditarão em cada palavra que ele disser. E é triste saber que alguém irá apontar o dedo e dizer: “Ah! Que fraude esse pastor! Apenas Jesus ressuscitou os mortos!“…

Missionário Ronildo Peçanha, da Igreja Pentecostal Deus é Vida

26 de Janeiro, 2012 Carlos Esperança

Nigéria – O Islão é pacífico…

Na Nigéria, lenta e metodicamente, o ódio religioso vai semeando a morte. Não é um assunto que preocupe especialmente a comunicação social, apesar de ataques frequentes às igrejas cristãs. Na última semana mais de 200 pessoas foram mortas, vítimas do ódio sectário de muçulmanos exaltados.

Em África há um duelo entre o islão e o cristianismo radical. O islão é apoiado pela Arábia Saudita e está a impor-se nos países do Sahel (Senegal, Mali e Níger) enquanto o cristianismo evangelista progride na África do Sul, Costa do Marfim, Benim e Libéria, graças à ajuda financeira dos EUA e das grandes igrejas evangelistas.

A Nigéria tornou-se um palco do duelo entre dois monoteísmos, islâmico e cristão, em luta pela hegemonia religiosa em África. Ao contrário do que sucedia até 1990, quando todas as religiões coexistiam nas cidades nigerianas, hoje o norte encaminha-se para o exclusivismo muçulmano, ansiando a sharia, e o sul abraça o cristianismo, acentuando as clivagens tribais e ameaçando as religiões minoritárias e as tradicionais.

O Ruanda foi vítima de um genocídio porque, entre outras razões, a demência religiosa excitou as rivalidades tribais entre tutsis e utus, levando à chacina de meio milhão de pessoas, a violações em massa e a centenas de milhares de refugiados. Padres, freiras, pastores e bispos tomaram partido em ambos os lados na orgia de sangue e crueldade que trouxe para a ribalta dois países – o Uganda e o Ruanda –, pelas piores razões. Parece esquecida a tragédia quando o terrorismo do mais implacável dos monoteísmos – o Islão – recrudesce na Nigéria.

Todas as religiões são pacíficas, se o Estado for laico e se a repressão política contiver o totalitarismo religioso. Cada religião considera falsas todas as outras e, decerto, todas têm razão, mas cabe aos Estados defender a liberdade religiosa negada pela vocação fascista dos vários credos que à coexistência preferem o confronto.

O proselitismo é uma perversão que urge erradicar. Christopher Hitchens, recentemente falecido, tinha razão: Efetivamente, deus envenena tudo.