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Autor: Raul Pereira

24 de Julho, 2012 Raul Pereira

A vitória da persistência e a força das convicções

Uma sócia da AAP – Associação Ateísta Portuguesa conseguiu que o seu Actus Formalis Defectionis ab Ecclesia Catholica (acto de apostasia) fosse registado no livro de baptismos da paróquia onde foi baptizada, na área do Patriarcado de Lisboa. Um modelo para outros ateus/ateias que pretendem o mesmo, mas que têm adiado o seu pedido devido ao processo burocrático necessário.

A nossa associada teve a gentileza de nos enviar a sua carta para divulgação, o que muito agradecemos. Adaptando o texto a cada caso particular, este é, sem dúvida, um óptimo ponto de partida.

O documento está disponível neste link.

21 de Maio, 2012 Raul Pereira

Publicidade fora do contexto

A Google precisa de afinar os algoritmos do AdSense no Google Reader, como se pode ver nesta imagem que nos enviou o leitor Mário.
Ele conta-nos ainda que este banner em particular conseguiu até escapar ao AdBlock. Milagre não é de certeza, mas que é um momento raro, lá isso é.

30 de Dezembro, 2011 Raul Pereira

O mundo não acabará em 2012…

…por isso refrescamos levemente a nossa imagem. Esperemos que gostem e, sobretudo, que continuem a passar por cá.

Obrigado a todos pelo excelente ano que está a terminar: o Diário Ateísta cresceu em contribuidores e em leitore(a)s, não só em Portugal como no outro lado do Atlântico, e a Associação Ateísta Portuguesa continua a atrair muitos novos associado(a)s, o que muito nos honra. Como tudo leva a crer que o planeta não saltará da órbita durante o próximo ano, continuaremos a empenhar-nos para manter esta curva em ascensão. Para mal da espécie, no entanto, tudo leva a crer, também, que não faltará o ódio religioso e que muito dele não será tão inócuo como uma estúpida luta de vassouras… Cá estaremos para debater e informar, como sempre.

Saudamos todos os não-crentes, os crentes e todos os seres vivos da Terra e fazemos votos para que 2012 vos traga tudo o que planeiam fazer (de bem) com os vossos bissextos 366 dias.

 

DA

 

7 de Dezembro, 2011 Raul Pereira

O número

Aqui está o número ao qual muitos dos nossos leitores nos associam imediatamente:

AAP 666

 

Aqueles que nem a Besta temem, devem clicar na imagem ou aqui.

2 de Novembro, 2011 Raul Pereira

Livros de Humberto Eco e Jesse Bering

Umberto Eco

Construir o inimigo e outros escritos ocasionais (Costruire il nemico e altri scritti occasionali), Gradiva, 2011, 312 pg. (****)

Construir o Inimigo

Eco tem um apetite intelectual bulímico e omnívoro, de forma que esta recolha de 15 textos apresentados em conferências ou publicados na imprensa durante a primeira década deste século, vai do Ulisses de James Joyce à Balada do Mar Salgado de Hugo Pratt, das cogitações de São Tomás de Aquino sobre a alma dos fetos às raparigas de formas generosas que adornam as televisões do Sr. Berlusconi. Alguns textos perdem pertinência e inteligibilidade quando retirados do contexto em que foram apresentados – é o caso de “Delícias Fermentadas” ou “O Grupo 63, 40 Anos Depois” – mas a lucidez e engenho de cada um dos restantes seria, por si, só razão para adquirir toda a colecção.

“Construir o Inimigo”, o ensaio que dá título à antologia, é uma brilhante súmula de, como ao longo da história, cada povo ou raça foi concebendo o Outro. Outro texto de grande pertinência e actualidade é “Absoluto e Relativo”, que distingue os vários tipos de relativismo que o debate público confunde (ou faz por confundir).

A ironia de Eco assoma em “Andar em busca de tesouros”, que retoma um tópico já abordado em O Nome da Rosa: a proliferação de relíquias sagradas pelas igrejas e mosteiros da Europa. Veja-se o caso do prepúcio de Jesus, cuja posse é reclamada, simultaneamente, por Roma, Santiago de Compostela, Chartres, Besançon, Metz, Hildesheim, Charroux, Conques, Langres, Antuérpia, Fécamp, Puy-en-Velay, Auvergne e Calcata, embora esta última tenha perdido essa pretensão desde 1970, quando o pároco comunicou o seu furto. Já os cueiros do Menino Jesus são reclamados apenas por Aquisgrana (Aachen), o que se compreende pois nos tempos bíblicos a fralda descartável ainda não tinha sido inventada – um Jesus do século XXI deixaria um rasto capaz de satisfazer todos os santuários. Constantinopla (hoje Istambul) pôde orgulhar-se de uma extraordinária concentração de relíquias, mas a IV Cruzada levou à dispersão da maior parte, incluindo “uma porção de esterco do burro em cima do qual Jesus entrou em Jerusalém” (se o prezado leitor tiver notícia do seu paradeiro queira alertar as autoridades eclesiásticas).

A antologia encerra com umas “Reflexões sobre o Wikileaks” bem mais penetrantes e iluminadoras do que a maior parte do que se tem escrito sobre o assunto: “Todo o dossier construído pelos serviços secretos […] é feito exclusivamente de material já de domínio público. […] Preguiçoso o informador e preguiçoso, ou de mente estreita, o dirigente dos serviços secretos, que julga verdadeiro apenas aquilo que reconhece”.

Jesse Bering

O Instinto de Acreditar, Temas & Debates, 2011, 284 pg. (****)

O Instinto de Acreditar

No debate sobre Deus que anima o meio intelectual anglo-saxónico (por cá o debate anda mais em torno de Jesus e da sua capacidade em levar o Benfica a campeão) é desconcertante que este livro tenha sido recebido pelo sector religioso com bonomia. Bering não é tão agressivo como Richard Dawkins e Christopher Hitchens, mas não é menos assertivo.

Bering introduz a coscuvilhice como explicação do apetite por criar deuses: a conjugação de duas características únicas da espécie humana – a capacidade de imaginar e prever o pensamento e comportamento dos nossos pares (a “teoria da mente”) e a linguagem (que nos permite relatar os comportamentos dos nossos pares) – fez do mexerico um eficaz “dispositivo de policiamento” da sociedade.

Mais eficaz ainda é imaginar que existe um deus que nos observa mesmo quando os nossos pares estão distraídos. “A atracção inebriante das crenças no destino, de ver sinais numa série infinita de acontecimentos naturais inesperados, a ilusão inabalável da imortalidade psicológica, e a assumpção implícita de que os infortúnios estão ligados a um qualquer plano divino […], tudo isso amadureceu no cérebro humano, [levando] os nossos antepassados a sentir-se e a comportar-se como se as suas acções estivessem a ser observadas, etiquetadas e julgadas por uma audiência sobrenatural”. Ao refrear o comportamento egocêntrico e impulsivo, “a ilusão cognitiva de um Deus omnipresente e atento foi útil para os nossos genes, e isso é razão suficiente para que a natureza mantivesse a ilusão bem viva no cérebro humano”.

— José Carlos Fernandes —

❖ Críticas publicadas na Time Out: Lisboa a 19 e a 26 de Outubro de 2011, respectivamente. Agradeço ao autor a autorização para as publicar também no Diário Ateísta.

26 de Outubro, 2011 Raul Pereira

A melhor publicidade vem de borla…

basta provocar a ira das sotainas. Foi o que fez José Rodrigues dos Santos com o seu novo romance, intitulado O Último Segredo.

Como não li o livro (nem tenciono ler), transcrevo, sem mais comentários, a resposta dada pelo jornalista/escritor à nota publicada pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura:

 

«O Secretariado da Pastoral de Cultura da Igreja emitiu um comunicado a criticar em termos violentos o meu romance O Último Segredo. O mais interessante nessa crítica da Igreja é que não é negada uma única das afirmações sobre Jesus e a Bíblia que eu faço nesse romance. Em vez de negar a substância do livro, a Pastoral de Cultura prefere concentrar-se em questões laterais. Fá-lo, claro, porque não pode negar o essencial da obra.

José Rodrigues dos SantosVejamos as questões laterais que são levantadas:

Diz o Secretariado da Pastoral de Cultura que “José Rodrigues dos Santos propõe-se, com grande estrondo, arrombar uma porta que há muito está aberta.” Esta afirmação é interessante, porque se trata de um reconhecimento implícito de que as afirmações que constam no livro são verdadeiras. De facto, no livro nada é dito de novo – para o mundo académico, claro. Porque a verdade é que o cidadão comum nunca ouviu ninguém dizer que Cristo não era cristão, que há indícios no Novo Testamento que questionam seriamente a virgindade de Maria e que existem textos fraudulentos na Bíblia. Os académicos sabem disto, a Igreja também. O público é que não. De facto não arrombei nenhuma porta. Limitei-me a trazer esta informação para o grande público.

Diz o Secretariado da Pastoral de Cultura que “A quantidade de incorrecções produzidas em apenas três linhas, que o autor dedica a falar da tradução que usa, são esclarecedoras quanto à indigência do seu estado de arte.

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