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Autor: José Moreira

13 de Abril, 2012 José Moreira

Ateus e “ateus”

De vez em quando, aqui nas páginas do D.A. aparecem comentadores a verberar o Hugo Chávez mai-lo seu ateísmo. Outros há que proclamam a existência do “neo-ateísmo”.

Confesso que nunca consegui saber o que é o “neo-ateísmo”, isto considerando a essência do que é ser ateu: negar a existência de deuses o que, no meu entender, não se compagina com a hipótese “neo”. Ou se nega, ou se admite.

Pelos vistos, estava enganado! O señor Hugo Cháverz veio, afinal, explicar o que é o “neo-ateísmo”: é o ateísmo dele, Hugo Chávez, conforme ele explica (e bem!) aqui.

12 de Abril, 2012 José Moreira

Não se gramam…

Pelos vistos, tudo o que meta, ao mesmo tempo, crianças e ICAR, torna-se uma mistura explosiva.

Claro que não faltará quem acuse o D.A. de “ódio” à ICAR, sempre na senda da vitimização a que estamos habituados,  mas os factos falam por si.

Pela parte que me toca, não tenho ódio à ICAR; o desprezo e o asco são muito mais que suficientes.

6 de Abril, 2012 José Moreira

Se dúvidas houvesse…

… de que a miséria é a grande aliada da ICAR, elas poderiam, perfeitamente, ser eliminadas aqui

De qualquer modo, há que sublinhar a redundância do discurso do sr. bispo. Toda a gente está farta de saber, sempre foi assim, que quanto mais miseráveis e mais incultos, mais se aproximam das religiões.

 

2 de Abril, 2012 José Moreira

Como dizia o outro…

“Um padre é um homem como qualquer um”, ou “errar é humano” ou “quem nunca errou que atire a primeira pedra”, ou. “cada cavadela, cada minhoca, ou…

31 de Março, 2012 José Moreira

Os Castro, terríveis ateus

Por norma, aqui no D.A., Fidel Castro e o regime cubano são conotados com o comunismo. Por sua vez, o comunismo é conotado com o ateísmo. Mas talvez seja chegada a altura de pensar duas vezes, antes de voltar a chamar ateu a qualquer dos irmãos Castro. Mas se, mesmo assim, quiserem fazê-lo, quanto mais não seja para dizer que os maus da fita são os comunistas/ateus, leiam isto.

Os irmãos Castro são ateus, e eu sou o Peter Pan.

Ou, dito de outra maneira, a tradição já não é o que era.

29 de Março, 2012 José Moreira

Como “nasce” um padre (uma das inúmeras hipóteses)

Um pequeno desgosto, porém, ensombrava a visível felicidade do casal: o Senhor não lhes concedera, ainda, a suprema ventura de ter um filho, filha que fosse. Apesar disso, o casal nunca desistia, e para essa perseverança muito contribuía a fogosidade que a juventude proporcionava. Nos intervalos, iam rezando ao Senhor para que lhes concedesse a graça de deixar descendência, prometendo que o nascimento de um fruto do grande amor seria um contributo ad major Dei gloriam. Até que, um dia, ou antes, um mês, a jovem D. Esmeralda reparou que não se tinha sentido incomodada, como acontecia todos os meses. Acorreu à farmácia da zona, onde expôs os seus anseios e as suas dúvidas à D. Henriqueta, farmacêutica licenciada.

Foi, pois, com inebriante alegria, que receberam a notícia, via teste à urina, da gravidez de dona Esmeralda. As suas, dele, casal, preces, haviam sido ouvidas pelo Altíssimo, pelo que a Ele decidiram consagrar o rebento. Um tanto ou quanto desastradamente, como adiante veremos, mas infinita é a misericórdia do Senhor. O primeiro tropeção na consagração foi a aposição onomástica. Logo que padre celebrante do baptismo perguntou o sacramental qual é o nome da criança? suspendeu, por momentos, o movimento da concha cujo conteúdo era uma amostra metafórica das águas do Jordão:

— Adeodato Inácio – respondeu o babado papá.

— Desculpe…? – inquiriu o padre, sem acreditar nos seus ouvidos.

— Adeodato Inácio – reiterou a mamã, para que não restassem dúvidas. E insistiu:

— Em homenagem a Santo Adeodato I, que foi o 68º Papa – mas o celebrante nem a deixou continuar, mais que não fosse para não deixar os créditos por mãos alheias:

— Eu sei, minha filha, eu sei. Também usava o nome de San Diosdado, que, em latim, se diz São Deusdedit. Foi Papa no Séc VII depois de Cristo – prosseguiu, sem reparar na enormidade mandada boca fora já que, tanto quanto de sabe, antes de Cristo não havia Papas. — Mas… e o Inácio? Sim, porque a criança chama-se Adeodato Inácio, não é verdade?

— É verdade, senhor padre. Esse nome é dedicado a Santo Inácio de Loyola – desta vez, foi o feliz papá a mostrar os seus conhecimentos religiosos.

Entretanto a pobre criança, sem hipóteses de se defender e, como se fosse insuficiente, com as fraldas completamente cagadas, berrava como se lhe estivessem a arrancar a jovem alma sem anestesia geral, local que fosse. Berreiro que prosseguiu durante as diversas fases da celebração — DIÁLOGO COM OS PAIS E PADRINHOS, CELEBRAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS, INVOCAÇÃO DOS SANTOS, e por aí fora, perto de vinte fases, o celebrante teve de elevar a voz vários decibéis para que as palavras pudessem ser audíveis lá em cima, pelo Altíssimo, e os circunstantes começavam a sentir atrozes dores nos tímpanos, enquanto o padre berrava Naquele tempo, Jesus aproximou-Se dos seus discípulos e disse-lhes: “Todo o poder Me foi dado no Céu e na terra. Ide e ensinai todas as nações, baptizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos”, os presentes suplicavam mentalmente Pai, afasta de mim este cálice, o respeitável e solene momento estava a pontos de degenerar em anarquia, aliás já estava mais próximo da acracia, já sei, as duas palavras são sinónimos mas a redundância tem todo o cabimento, é um reforço da imagem, eis senão quando se dá o milagre: o celebrante começava a recitar  “Deus todo-poderoso, que, pela água e pelo Espírito Santo, nos fez renascer para a vida eterna, abençoe com infinita bondade estes seus fiéis, para que sejam, sempre e em toda a parte, membros vivos do seu povo e gozem da sua paz, em Jesus Cristo, Nosso Senhor”, a cerimónia aproximava-se do seu termo e a criança calou-se, como que adivinhando o fim do ritual. Os circunstantes, pais, padrinhos, convidados e penetras, entreolharam-se surpreendidos com o súbito silêncio. O padre não se apercebeu do inesperado fim da poluição sonora e, lançado com o volume vocal no máximo, prosseguiu, aos berros, a sua piedosa missão. Apesar de tudo, o barulho tornou-se ligeiramente mais aceitável, graças à falta de participação de Adeodato Inácio. Quando o celebrante, já com as cordas vocais perto da ruptura, pronunciou o sacramental Ide em paz e o Senhor vos acompanhe e os presentes responderam o também sacramental Graças a Deus, ficando-se sem saber se este Graças a Deus era o institucional ou o desabafo de alívio, pois bem, quando isso se passou já o recém-baptizado dormia na paz dos anjos. As pessoas foram saindo ao som do Magnificat de Nossa Senhora e o baptismo prosseguiu, agora de uma forma bem profana e mais pragmática, com os pés debaixo da mesa.

Aquele súbito silêncio do novo recém-empossado católico, porém, não caiu em saco roto. Pelo contrário, foi entendido, pela entidade paternal e pela maternal também, como uma mensagem, um sinal do Alto, ou antes, e mais precisamente, um chamamento divino. E de tal modo foi entendido, que logo nessa altura, arrumadas as loiças depois de lavadas, e ajuntados os restos de comida que iriam servir de refeição nos próximos dias, decidiram responder Àquele que, de modo tão subtil, lhes dizia pssst, Eu Estou aqui… Adeodato Inácio seria padre!

 

José Carlos Moreira in “O Alfa das 10 e 10” – Editora Papiro

13 de Março, 2012 José Moreira

A fé é que salva!

Felizmente, que ainda vai havendo gente com fé, seja isso o que for. Como este jovem, por exemplo: o facto de ter tido fé, rendeu-lhe cem euros.

11 de Março, 2012 José Moreira

O que é que lhes interessa?

Ao que parece, a Igreja Católica está a intensificar a campanha contra o casamento homossexual, no Reino Unido.

E eu pergunto: o que é que a Igreja tem a ver com isso? Só casa quem quer e, no meu entender, a Igreja podia, se quisesse, dar instruções aos seus clientes homossexuais para não casarem. Só isso e, mesmo assim, não é linear. Ou a liberdade de cada um é para desprezar?

Depois, lá aparece o miserável argumento: o casamento é para procriação e educação das crianças. Ai é? Então, quem se casa tem de procriar? E se houver infertilidade? Descasam-se? E se forem dois velhotes? Não podem casar-se? E se um casal decidir, pura e simplesmente, não ter filhos? Anula-se o casamento?

Que tal um pouco mais de pudor?

 

Em simultâneo no “À Moda do Porto”.

 

22 de Fevereiro, 2012 José Moreira

A fé da senhora ministra

A senhora ministra da Agricultura tem fé.  É uma pessoa de fé, o que só lhe fica bem, quanto mais não seja para condizer com o Estado. Mas ninguém tem nada com isso. As “feses” são coisas do foro íntimo das pessoas, e não me parece bem andar por aí a fazer propaganda.

Mas prontos, a senhora ministra tem fé de que a chuva não tardará aí.  Julgo que até já se inscreveu nos “Alunos de Apolo” para aprender a dança da chuva, mas isto sou eu a julgar.

Portugal não carece de governantes com fé. Para termos ministros com “fé”, não precisávamos de eleições, que tanto dinheiro custam aos contribuintes; pedíamos ao Vaticano, que coisa que lá não falta é homens com fé. E mulheres também. Até nos podiam mandar daqueles corruptos que há por lá que, isso sim, é coisa de que estamos carentes.

Não precisamos de “feses”; precisamos que chova. E na falta de chuva, precisamos de ministros que resolvam o problema. Nem que seja através da dessalinização da água do mar.

Não posso esquecer-me de que há uns anos, algures no Alentejo, um padre pretendeu organizar uma procissão, por causa da seca. Voltávamos ao tempo das “danças da chuva”, para que Manitu fizesse cai água. Pois bem, tudo preparado, eis que a procissão teve de ser cancelada… por causa de um tremendo aguaceiro.
Manitu jogou por antecipação.

A nossa ministra declarou, “urbi et orbi” que a fé vai resolver o problema da falta de chuva.

E não se demitiu.

Nem ninguém a demitiu.

 

(Em simultâneo no “À Moda do Porto“.)