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Carlos Esperança

15 de Março, 2005 Carlos Esperança

Simplesmente Mulher…

No Dia Internacional da Mulher

Até Deus, logo que te viu,
no breve enlevo do paraíso,
te amaldiçoou com o pecado original…
E o Homem, através dos tempos,
imitando o poder que esse Deus lhe deu
nunca te perdoou o encantamento
da bíblica árvore em que se perdeu…

Jeová e Alá
Cristo e Maomé
cristãos, muçulmanos e judeus,
erguendo aos céus os sagrados livros,
impuserem o silêncio do teu corpo,
riscaram a tua existência, a tua voz…
E a tua vida, separada da tua pujança,
foi apenas uma sombra esquecida…
Benzeram-te com a peçonha
da vergonha
de teres nascido mulher…
E os homens ungiram a tua vagina
para aquecerem a sua volúpia,
dilataram o teu vigoroso útero,
que pariu a humanidade inteira,
esquecendo-se sem remorsos
da tua dimensão verdadeira…

Eras apenas mãe, esposa ou irmã,
na simples serventia de parideira, vivendo
ao ritmo das mamadas dos teus filhos…
E quando o vento mudava de feição
eras serpente, bruxa e feiticeira,
desgraçada e perdida rameira…
Mulher sem condição…

E tu eras simplesmente Mulher
(e não um objecto qualquer,
escondido na burka, no hábito ou no véu)…
Nem mesmo eras aquela outra Maria
que as asas de um arcanjo cobriu
E que, mesmo chamada virgem, pariu…

Lisboa, Março de 2005
Alexandre de Castro

15 de Março, 2005 Carlos Esperança

Publicidade blasfema (2)


Como já foi assinalado pela Mariana no seu artigo «Publicidade blasfema», o fundamentalismo católico, representado por uma associação episcopal francesa, conseguiu que o Tribunal da Grande Instância de Paris interditasse uma campanha publicitária que fazia alusão à Última Ceia (um quadro referente à suposta reunião de Cristo com os 12 apóstolos, à volta de uma mesa recheada de vitualhas.

O blogue «o uno e o múltiplo» reproduz o cartaz que aqui deixamos à consideração dos leitores do Diário Ateísta.

A vocação censória da ICAR reaparece no seu máximo esplendor, mesmo em França. Os parasitas de Cristo querem rivalizar com os mullahs islâmicos. A religião é uma maldição em permanente luta contra a liberdade.

Se permitirmos que a ICAR se aproprie do aparelho do Estado ou que exerça aí a sua influência deletéria, é a liberdade, a democracia e os direitos humanos que ficam em causa. O cadáver de um Deus não pode asfixiar os direitos, liberdades e garantias que os Estados laicos têm obrigação de garantir aos cidadãos.

A blasfémia era um crime medieval que julgávamos erradicado.

14 de Março, 2005 Carlos Esperança

As visões da Irmã Lúcia


Foi-me hoje confirmado o carácter extraordinário da falecida irmã Lúcia. A freira que a amortalhou, oriunda do Porto, quando lhe retirou a prótese dentária, verificando que à defunta só restavam os dois incisivos inferiores, rompeu o silêncio a que estava obrigada e disse em êxtase: «É mesmo bidente».

Lembrei-me logo do orgulho dos pais muçulmanos quando vêem um filho varão, a caminho da escola, com a mochila onde transportam o Corão. Cheios de orgulho e devoção, exclamam para o vizinho: « ali vai o meu rebento».

11 de Março, 2005 Carlos Esperança

Recordar Madrid

Há 1 ano, a esquizofrenia da fé transformou três estações ferroviárias de Madrid num imenso espaço de terror e crueldade. 192 mortos e cerca de 1400 feridos foram vítimas da demência religiosa ao serviço de um carrasco de nome Maomé.

Há 1 ano, a Espanha foi vítima de uma matança com motivações religiosas. O sangue de trabalhadores, estudantes e outros passageiros de comboios matutinos jorrou em abundância. O terrorismo imolou pacíficos cidadãos em nome de uma fé anacrónica testemunhada por facínoras de uma civilização falhada.

Enquanto mesquitas, igrejas e sinagogas forem locais de pregação do ódio, não são apenas sítios onde se alienam crentes piedosos, são campos terroristas onde se recrutam e incentivam soldados de Deus para assassinar infiéis.

Nenhum Deus merece o sacrifício de um único ser humano e ninguém pode justificar o banditismo em nome da fé.

O crime que dilacerou Madrid e emocionou o mundo civilizado, teve a marca da Al-Qaeda, espécie de Opus Alá cujo proselitismo pretende sujeitar a humanidade a cinco orações diárias e à insânia do Corão.

Não é uma guerra de civilizações que está em causa, é a luta permanente entre a fé e a razão, o ódio da religião à democracia, o antagonismo entre Deus e a liberdade.

No dia 11 de Março de 2004 a religião islâmica escreveu em Madrid mais uma página de horror com o sangue de inocentes. Foi mais um episódio cruel da religião contra a democracia, uma tentativa desesperada de retardar a marcha da humanidade para sociedades mais justas, fraternas e progressistas.

A violência faz parte do código genético das religiões. Do Islão e das outras.

9 de Março, 2005 Carlos Esperança

Conventos e liberdade

Todas as religiões têm casas de reclusão, a pretexto da piedade e da oração, onde encarceram os débeis de vontade, os fanáticos do divino ou os mais depressivos dos devotos. Às vezes são apenas vítimas de famílias que lhes querem confiscar a herança, de coacção ou de chantagem. Têm, em regra, uma hierarquia rígida, uma disciplina despótica e um tratamento desumano. Bem sabemos que é para maior glória de Deus e para gozo da Santa Madre Igreja.

Os conventos estão atribuídos a Ordens, consoante as patologias. Uns dedicam-se à contemplação, outros ao silêncio, vários à auto-flagelação, quase sempre em acumulação de diversas taras que, no caso da ICAR, são autorizadas pelo Papa e conduzem em regra o/a fundador/a à canonização.

Admitamos que as vítimas se aprisionam de livre vontade, que o desejo do Paraíso as inclina para o masoquismo, que a ociosidade as anula, que a inteligência, a vontade e os sentimentos se consomem na estéril clausura e na violência dos votos. Aceitemos que há seres racionais que acreditam que, algures, um Deus aprecia a alienação, o sofrimento e a violência. Imaginemos um Deus que se baba de gozo com os ambientes concentracionários despoticamente defendidos por madres ou frades ungidos do direito à tirania.

A título de exemplo lembro a Ordem das Carmelitas onde, só a título muito excepcional, é permitido falar. E essa generosa autorização tem fortes grades a proteger qualquer encontro. É em ambientes prisionais assim, despojados de nome, de pertences e de memória, que exércitos de inúteis fardados de forma bizarra se encontram ao serviço do Papa. Na Irlanda, há poucos anos, o Governo foi obrigado a averiguar o que se passava no campo de concentração «As irmãs de Maria Madalena», tendo fechado a espelunca e libertado as vítimas, condenadas a prisão perpétua pela própria família, por terem sido mães solteiras ou, apenas, demasiado bonitas e serem perigosas na sedução dos homens.

Será possível que os Governos democráticos, a quem cabe a defesa da Constituição, o dever de respeitar e fazer respeitar os direitos e liberdades dos cidadãos, se conformem com a renúncia de alguns à cidadania e, nem ao menos, averigúem se é de livre vontade que bandos de frades e freiras façam de lúgubres e sinistros conventos o mausoléu da vida?

8 de Março, 2005 Carlos Esperança

ORAÇÕES PLUVIAIS…

1 – Reza-se para pedir a deus que modifique o estado de secura que provocou, deixando agora cair chuva…
… Mas sendo deus perfeito, por definição conceptual divina, não podia ter criado uma imperfeição – a seca danosa.
Então, se criou uma imperfeição, não é deus. Do qual, concomitantemente, não há nada a impetrar…
Se a seca não for uma “imperfeição” para deus, então, também não há nada a reclamar da entidade divina…

2 – Deus é imutável, por definição conceptual, pois que não faz sentido que esse agente universal ande a percorrer o mundo à procura de informações e coisas, nem se conceba que se transmute para alcançar o que quer que seja.
Portanto, deus foi, é e será, esteve, está e estará, sem se poder acrescentar mais nada. Imutável.
Mas, então, os cristãos, com destaque óbvio para os católicos, não podem rezar, impetrando a benesse divina, pois que isso seria admitir, ipso facto, que o seu deus teria que mudar a sua atitude, fautora de seca, para uma outra, fautora de chuva, o que contraria o conceito dum deus intrínseca, inextricável e conceptualmente imutável.
A reza do piedoso povo cristão implica a admissão que deus é mutável, de fautor de seca para fautor de chuva, o que contraria, antiteticamente, a sua imutabilidade conceptual; se pegarmos, primeiro, pelo conceito, então, deus é imutável, logo não há chuva a reclamar, pois que teria que modificar, adrede, as condições naturais…

3 – Claro que o bom povo cristão, armado em arguto, mas, no fundo, imbuído de necedade larvar, costuma contornar, cavilosamente, a “relação” deus-humanidade, alegando que aquele pseudocandidato a coisa criou-nos, mas deixou-nos em livre curso, redundando a responsabilidade, apenas, cá para a gente…
Ora, se o povo utiliza expressões tais como: “Se deus quiser”, “Deus queira”, “Graças a deus”, não se pode, por concomitância, alegar que tal figurão celestial nos deixou em livre curso, pois que se está a admitir a intervenção divina…
Sendo assim, também não há chuva a impetrar, pois que tudo é «graças a deus» e «se deus quiser», logo, deus é que sabe e já tem tudo destinado há uns séculos atrás…
Acrescida e analogicamente, também não se pode pedir mais nada a deus…

Está clara a minha demonstração sobre a inanidade prática e teórica do conceito inventado de deus e suas implicações pluviais e outras?

ADENDA
Dizem os crentes, como já referi, que deus nos deu livre curso e, portanto, seríamos livres para venturas e desventuras, eximindo-se a criatura celeste a mais responsabilidades e ficando, os crédulos, mais tranquilos espiritualmente…
… Mas não ficam…
… Por causa do seguinte quesito:
– Será que deus também deu “livre curso” às forças naturais, geradoras de catástrofes???!!!
Se sim, também não há nada a reclamar de deus…
Se não, é um patifório cruento e incomparável… extensível, logicamente, à primeira hipótese… João Pedro Moura

6 de Março, 2005 Carlos Esperança

Respeitar a fé

A maior alfabetização, os avanços da ciência e da técnica, a progressiva secularização da sociedades e a conquista gradual de direitos e liberdades, vieram pôr em xeque as armas principais da evangelização religiosa – a prisão, a tortura, as perseguições e os autos de fé. Sobram o medo do inferno, o embuste dos milagres, a coacção psicológica e a protecção concordatária ou a promiscuidade com o poder, à ICAR, aos evangélicos e aos cristãos ortodoxos. E, claro, o poder totalitário e as práticas execráveis determinadas pelo Corão, aos muçulmanos.

Quando a violência religiosa está contida, surgem apelos ao respeito pela fé, como se nas sociedades democráticas e liberais alguém estivesse limitado na prática da oração, na frequência da Igreja, na degustação eucarística, nas passeatas piedosas a que chamam procissões ou nas novenas a pedir a interferência divina na pluviosidade. Acontece que, enquanto os governos laicos se distraem ou são cúmplices, nascem nichos com virgens nas esquinas, crescem capelas no alto dos montes, pululam crucifixos nos edifícios públicos e nos largos urbanos, crismam-se com nomes de santos os hospitais públicos e as ruas das cidades e cria-se um ambiente beato e clerical.

Ao apelar ao respeito pela fé não se pretende, apenas, a liberdade de culto, exige-se que não se desmascarem os milagres, não se investiguem os Evangelhos, não se duvide da existência de Deus ou a virgindade de Maria. Em nome do respeito pela fé, dificulta-se a divulgação da ciência e facilita-se a propaganda religiosa. A fé é o alibi para a impunidade com que as Igrejas pregam a mentira, manipulam consciências, aterrorizam os crentes e fazem esportular o óbolo.

A minha ideia de respeito pela fé é a defesa intransigente do direito ao culto, não o silêncio perante a mentira, a conivência com a fraude, a passividade com o proselitismo.
Respeitar a fé é despenalizar a superstição, descriminalizar as auto-flagelações, absolver as idas à bruxa ou ao confessionário, enfim, permitir o retorno à Idade Média a quem o faça de livre vontade, vigiando os métodos e exigindo o respeito pelos direitos humanos contidos na Declaração Universal, que o Papa considera de inspiração ateia.

Claro que a liberdade não é de criação divina. Nem a democracia um sonho eclesiástico.

Apostila – A procissão de Alfândega da Fé (bonito nome) percorre treze quilómetros. Sabemos que a eficácia do pedido para que chova é nula, mas o tempo que demora a percorrer o itinerário é suficiente para que se altere a temperatura e a humidade do ar.

6 de Março, 2005 Carlos Esperança

Notas Piedosas

João Paulo II – Segundo o Vaticano continua a melhorar e prossegue com grande força de vontade os exercícios fonéticos e de respiração. Hoje será montada uma aparição da janela do hospital dando a bênção com a mão aos fiéis. Certamente que já foi testado um holograma com uma mensagem de voz adrede preparada.

S. Francisco de Assis – Chamava irmãos aos lobos, não se sabe se por amor aos animais ou por conhecer demasiado bem a sua Igreja. O comportamento do padre Serras Pereira aponta para a segunda hipótese. O feroz franciscano é o primeiro a excomungar através de anúncio pago, mas a doutrina está em linha com os Evangelhos e o Vaticano. As vozes incomodadas não rebatem os dislates apenas reivindicam melhor oportunidade e a chancela episcopal.

Vigília Mariana – Música, missa, orações do rosário e outras pias diversões das III Jornadas Universitárias reuniram ontem, via satélite, cerca de dez mil estudantes e docentes de onze cidades europeias, com possível ligação à clínica Gemelli em Roma. Tema das festividades: «A procura intelectual e científica, caminho de encontro com Cristo». A ICAR é o laboratório e o terço a bússola para encontrar um cadáver com dois mil anos.

Leiria/Fátima – Vai realizar-se no próximo dia 13 (número da sorte) a 74.ª peregrinação ao santuário de Fátima, actividade nómada que começou em 1931, um ano depois do bispo José Alves Correia da Silva ter dado cobertura à monumental burla urdida na Cova da Iria. Segundo os meios eclesiásticos, o tema «Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós», é um convite para manter a relação vital com Jesus, muito longe da lúbrica interpretação que os incréus seriam tentados a imaginar.

3 de Março, 2005 Carlos Esperança

Correio dos leitores – Ancora il cappuccino oscuro…

Ancora il cappuccino oscuro…

Não são os padres quem pode dizer quando e onde começa a vida. Isso é, aliás, coisa que ainda ninguém sabe.
Cada vez mais se começa a perceber que a Vida é um valor absoluto, o único absoluto que existe, e que existiu sempre. Não teve princípio. Não acabará nunca.

Em todas as manifestações de vida, está presente o antecedente vivo causal dessa outra que desponta, e quando o organismo assim gerado se «desorganiza», ainda aí a vida das partículas, de que era feito, se mantém e gera ou se incorpora noutros organismos igualmente vivos. E assim indefinidamente… Por isso, quando se discute qual o momento em que a vida humana, já organizada, surge no feto, deverão ser os cientistas a determiná-lo. Não serão os padres! Quando esse novo organismo passa a ser sujeito de direitos e de protecção jurídica, e em que termos, também deverão ser os juristas e legisladores a ocupar-se, com maior rigor do que qualquer outrem, dessa magna tarefa.

O padre Serras Pereira, está visto, anda confuso, ou confundiram-no os amigos que lhe deram dinheiro para gastar nos jornais com ameaças aos correligionários. Fez mal, pois claro! e agora tem os bispos à perna e é bem feito! É que, sendo ele franciscano? ai S. Francisco S.Francisco, o que andam alguns a fazer em teu nome!? não tinha nada que andar a esbanjar dinheiro em disparates e esquecer-se assim dos pobrezinhos e das regras da Ordem! Arrisca-se a ir para o Inferno… Eu, cá por mim, não me importo nada, e até acho que deve ir.

Pois então que vá, que vá para o Inferno…e se faça por lá santo.
Que vá, que vá… pronto!
Albertino Almeida