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  • 29 de Março, 2009
  • Por Carlos Esperança
  • Política

O Sr. Duarte Pio e o opúsculo (3)

Na sequência do congresso monárquico que teve lugar numa caixa de comentários do Ponte Europa, ficámos a saber que:

–  Há em Portugal mais de dez monárquicos;
–  Nem todos nutrem pela gramática e pela civilidade o respeito que esbanjam com o pretendente ao imaginário trono português;
– O texto «O Sr. Duarte Pio e o opúsculo» mereceu o mais vivo repúdio de todos os monárquicos e os mais pios reparos quanto ao autor;
– Os devotos do Sr. Duarte Pio são também crentes fiéis e gostariam de ver o réprobo nas fogueiras do santo Ofício;
– Finalmente acham que há direitos de nascimento que devem obrigar os cidadãos a ser vassalos e que a Associação Portuguesa de Escritores (APE), depois da publicação do opúsculo, deve convidar o Sr. Duarte para sócio.

O Sr. Duarte, por alcunha Duque de Bragança, seguramente Bourbon mas dificilmente Bragança, usa enviar mensagens e dizer inanidades porque ninguém lhe disse, nenhum dos vassalos o informou da extinção da família real portuguesa. Aliás, os monárquicos que sobraram comprometeram-se, quase todos, com um correligionário fascista de Santa Comba Dão depois de terem tentado atrelar-se ao Sidónio.

Desconhece que um rei pouco recomendável de quem se julga descendente, apesar da forte incerteza, um tal D. Miguel, caceteiro e absolutista, abdicou em Evoramonte de qualquer veleidade ao trono português, quando ainda existia.

Ignora que a República aboliu os títulos nobiliárquicos, do mesmo modo que a vacina erradicou a varíola, e que a sífilis e a esterilidade puseram fim à família de Bragança e que deve a nacionalidade ao fim da lei do banimento.

Claro que tem muita graça o ornamento que usa a preceder o nome que o bom senso e o espírito democrático deviam prevenir do ridículo.

Não admira que o Sr. Duarte Pio se considere rei de Portugal. Houve quem julgasse ser Napoleão. Estranha-se quem o leva a sério e ignora que Portugal é uma República onde os monárquicos são uma reserva ecológica que os republicanos protegem em nome da biodiversidade.

Não há privilégios de sangue que devam manter-se ainda que o sangue, ao contrário do referido caso, não precise de provas de ADN.