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  • 21 de Agosto, 2013
  • Por Carlos Esperança
  • Política

A Síria e a barbárie

Desconheço se foram as forças do Presidente Bashar al-Assad as responsáveis do ataque químico, hoje perpetrado em diversas zonas próximas de Damasco. Fiz a guerra colonial e sei da História o suficiente para desconfiar do que é capaz a contrainformação.

Aqui ao lado, em Espanha, os exércitos de Franco queimaram igrejas, para acusarem do crime os adversários e incitarem contra eles o ódio. Os totalitarismos nunca titubearam na deriva criminosa que pudesse beneficiá-los.

Há meio século Damasco era uma cidade cosmopolita, as mulheres gozavam a liberdade e respiravam a civilização. Hoje é o inferno onde o desespero e o ódio semeiam a morte, onde o gás sarin, ou outro, deixa o chão juncado de cadáveres de homens, mulheres e crianças, numa orgia de violência que lembra o horror do nazismo.

As imagens que nos chegam provocam comoção, incitam à raiva e despertam desejos de vingança. Nós sabemos que as crianças mortas foram colocadas naquela posição, com precisão cirúrgica, para obter a máxima revolta, mas elas estão lá, inertes e frias, vítimas indefesas das atrocidades, dos interesses geoestratégicos das potências dominantes e dos fanáticos que querem vergar o mundo ao deus que os traz dementes desde a infância.

As fotografias do cobarde massacre com gás enviado em rockets com agentes químicos, para dizimar as populações de Ain Tarma, Zamalka e Jobar, na região de Ghouta, são de crueza obscena. Nas «pupilas dilatadas, membros frios e espuma nas bocas», de bebés e crianças, vermos a violência de quem ordena e a demência de quem obedece.

Os responsáveis desta violência não podem passar sem julgamento. São crimes contra a Humanidade, delitos imprescritíveis e imperdoáveis. A Síria pode ter nascido num sítio errado mas os criminosos não podem ter sítio onde se acoitem.