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Os prodígios de Jesus

A detenção do presumível homicida de Torres Vedras e as suas atitudes algo insanas, levou-me a pensar em Jesus. Não esse Jesus da tradição rabínica a quem se atribui o “discurso da sabedoria”, mas o outro Jesus, o mago que faz prodígios de veracidade duvidosa e escassa inteligência, com pouca ou nenhuma utilidade.

Prodígios que o mesmo “Jesus Profeta” negou ter realizado, quando afirma: «Esta gente malvada e infiel pede um sinal milagroso, mas não se lhe dará outro sinal que não seja o do profeta Jonas» – Mateus XII,39. Marcos VIII,12. Lucas XI, 29. E prodígios que nem o populacho achava convincentes, dado que João se lamenta que «apesar de Jesus ter realizado tão grandes milagres diante deles, não acreditavam nele». – João XII,37.

O primeiro milagre, das três dezenas registadas nos evangelhos canónicos, é como se sabe o da transformação da água em vinho nas bodas de Caná, contado apenas por João. Sabemos hoje que não passa de uma metáfora da primeira praga do Egipto, inventada para sugerir um paralelo entre o Jesus do Novo Testamento e Moisés do Antigo.

Além de algumas pescarias milagrosas, agradecidas evidentemente pelos pescadores, também brilhou na culinária ao multiplicar pão e peixe que da primeira vez saciaram cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, com cinco pães e dois peixes, apenas; e da segunda quatro mil, com sete pães e “alguns peixes”, sempre sem contar com as mulheres e crianças. Conseguindo uma melhor relação quantidade/preço, no primeiro milagre que no segundo. Quiçá Jesus estivesse mais cansado da segunda vez, pois nessa ocasião já tinha curado coxos, aleijados, cegos, surdos e muitos mais enfermos. – Mateus XV 32,38. Marcos VIII 1,9.

Naturalmente que as curas constituem o cavalo de batalha de qualquer um que queira atrair multidões. Entre as curas já citadas cabem ainda os leprosos, epilépticos, e endemoninhados. O qual dado o seu número podemos deduzir que a Palestina da altura não era um lugar muito saudável.

Entre estas curas, o exemplo talvez mais desconcertante seja o dos dois “endemoninhados” (ou apenas um, segundo as versões), em que Jesus não está com meias medidas, e faz entrar os demónios que os possuíam, numa vara de dois mil porcos, para logo de seguida os fazer precipitar e morrerem afogados.

Esta história é uma autêntica anedota. Com ela aprendemos que:

1º Um endemoninhado está mesmo possuído por demónios, que podem entrar e sair do corpo.

2º Jesus demonstra pouca consideração pelos animais que podiam ser facilmente salvos. Se fosse hoje, seria processado pela Associação Protectora dos Animais. Não será por acaso que depois do milagre, a gente do povoado lhe implora que se vá embora.

3º Revela escassos conhecimentos dos lugares do suposto “testemunho ocular” de Mateus, uma vez que situa o episódio na cidade de Gadara, que a mesma edição oficial reconhece estar a 12 quilómetros do lago, em vez de sensivelmente «sobre a outra margem».

Pode parecer mentira, mas é graças a estas e outras “curas” milagrosas de Jesus, que a Igreja no século XXI continua a acreditar na possibilidade de expulsar demónios através de ritos de exorcismo. Estes não são praticados apenas em películas de duvidosa qualidade cinematográfica, por padres de duvidosa saúde mental, mas até no Vaticano por Sua Santidade: a última vez foi Paulo II a 6 de Setembro de 2000, parece que sem êxito. Os exorcismos são definidos desta bonita maneira no Catecismo:

O exorcismo acontece, quando a Igreja com a sua autoridade, ordena em nome de Jesus, que uma pessoa, ou objecto, seja protegido do Maligno e salvo do seu domínio. Praticado de forma ordinária no baptismo (sic), o exorcismo solene, também chamado “grande exorcismo”, só pode ser realizado por um presbítero autorizado pelo bispo.

* Fonte: – Odifredi, Oiergiorgio. – Por que no podemos ser cristianos e menos aun catolicos.