Loading

Mês: Julho 2016

19 de Julho, 2016 Carlos Esperança

O cardeal, a missa e o fiel defunto Francisco F.

Na última segunda-feira, dia 18 de julho do ano da graça de 2016, o cardeal Cañizares, que ainda não digeriu o regresso a Espanha, depois de ter sido Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, em Roma, celebrou missa por alma de Francisco Franco, anunciado como Francisco F..

A missa é celebrada mensalmente, no dia 20, a rogo de um devoto, para evocar a morte do ditador, ocorrida em 20 de novembro de 1975. Esta, além de se destinar à expiação dos pecados do maior genocida espanhol de todos os tempos, assinalou o aniversário da sublevação militar de 1936 que deu início, há 80 anos, à Guerra Civil espanhola.

O cardeal Cañizares, arcebispo de Valência, depois de ter sido titular de Toledo, é um nostálgico do franquismo e incapaz de aceitar a democracia. Argumenta que as missas não se podem recusar a ninguém, mas os espanhóis sabem a devoção com que a celebra, com pompa e circunstância.

É delicioso ver que o número de padres que acolita o cardeal Antonio Cañizares é quase o mesmo que o dos crentes que acompanham o piedoso ato. (Ver link de El País).

Quem recorda a História, independentemente da crueldade verificada de ambos os lados da guerra civil, não esquece que o Papa de turno concedeu o carácter de Cruzada à luta das forças fascistas que derrubaram a República, legitimada pelo voto popular.

Um cardeal destes é uma bênção para a memória e a preciosa ajuda para a secularização do país que João Paulo II encheu de santos, remexendo nas cicatrizes que a democracia não conseguiu sarar.

18 de Julho, 2016 Carlos Esperança

O golpe de Estado na Turquia

Não imagino o que pretendiam os militares amotinados, nem faço juízos de valor sobre o golpe de Estado num país cuja democracia serviu a Erdogan para tomar o poder e não mais o largar.

Ele tem o hábito de prender jornalistas e calar os órgãos de comunicação social que lhe fazem oposição. Militares e juízes eram guardiões da laicidade, os primeiros de forma democraticamente inaceitável, mas os segundos legitimados pela separação de poderes e pela Constituição.

Agora passará a ter um exército dócil. O afastamento de 2745 juízes, que dificilmente pode implicar no golpe, revela a determinação de remover todos os obstáculos ao poder absoluto.

O golpe não terá sido inspirado por Erdogan, mas parece. Foi a «dádiva de Deus», que referiu, e dificilmente teria sido organizado sem conhecimento da rede islâmica que o apoia. A cínica frieza com que o aguardou nunca será provada, mas os objetivos dos revoltosos passarão a ser os que ele entender. Os motivos dos amotinados serão os que o sultão quiser. A Turquia estava condenada a um regime autoritário, laico ou confessional.

As liberdades vinham a ser sucessivamente limitadas, com a perseguição de jornalistas e juízes, com a restrição das liberdades individuais e a progressiva reislamização.

A forma rápida e segura como o Sultão chegou ao aeroporto de Istambul revela que os mecanismos do poder estavam controlados.

A UE tem mais um problema. A Turquia é a jangada que se afasta dos valores europeus a caminho das mesquitas, com o poderoso exército da Nato atrás.

Erdogan, permitiu uma rota jihadista de voluntários e armas para a Síria e a organização de células do Estado Islâmico no País. Agora, quando o EI estava a virar-se contra ele, em vez de ser um alvo, pode disputar à Arábia Saudita a sua inspiração e controlo.

O Sultão neo-otomano, liquidado o legado de Atatürk, reforçou condições para reprimir os curdos e os arménios, abolir as liberdades individuais e tentar reinventar o Califado, mas o mais provável é fazer deslizar o País para o caos que devasta o Médio-Oriente.

17 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Turquia – a segunda morte de Atatürk?

Por

E-pá

Por natureza cívica (civil) e por formação democrática (representativa) não nutro qualquer tipo de simpatia por golpes militares.
A política – entendida com um civilizado terreno de luta doutrinária com vista ao bem comum – não pode ter as suas reservas morais sediadas em casernas ou paradas. Como não pode ficar contida nas paredes das igrejas ou mesquitas.
Contudo, estas preposições de princípio não podem inibir uma análise dos factos (sem atribuir-lhe um conteúdo meramente justificativo) e uma interpretação de todas as consequências (reais, possíveis e até especulativas).
A tentativa de golpe militar ocorrida ontem na Turquia tem uma elevada capacidade intrínseca para alterar frágeis equilíbrios no Médio-Oriente, já que este país, está colocado no epicentro de numerosos conflitos (guerra civil síria, colapso do Iraque, etc.) e altas tensões políticas (Irão) e sociais (migratórias).
No entanto, as grandes consequências serão internas, isto é, no regime. O 15 de Julho poderá ficar na história do Levante como o fim de uma já manietada democracia turca, onde a liberdade de expressão (fecho de órgãos de comunicação e prisão de jornalistas), a separação de poderes (depurações do edifício judicial), a independência das forças militares (decapitação selectiva das cadeias de comando) e os direitos das minorias (genocídio arménio e repressão sobre curdos) são diariamente constatadas e violadas, com a olímpica complacência do Ocidente.
O golpe fracassado de ontem vai possibilitar o desmantelamento da república turca criada por Atatürk, em 1923, na sequência da derrocada do califado otomano. A Turquia vai encetar, a todo o gás, uma deriva para estabelecer um Estado Islâmico. A laicidade – a separação entre a política e a religião – que foi um apanágio da nova republica turca vai dar lugar à sharia. Os primeiros indícios estão aí link.
Ficam no ar, para a posteridade, várias questões:
– A Turquia vai continuar a ter condições para ser o braço armado da NATO na região?
– A Turquia vai ressuscitar, sob a sombra tutelar de Erdogan, o velho califado e assimilar o Daesh?
– A Turquia e a UE vão continuar as conversações sobre uma eventual adesão ou associação?
Não deverá demorar muito até termos respostas para estas questões.
Entretanto, no rescaldo do golpe, devem celebrar-se as exéquias da República. Tudo indica que Atatürk foi vitimizado com uma segunda morte.
16 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Infiéis somos todos

Por

Paulo Franco

Existem milhões de pessoas que sofrem com problemas emocionais graves, milhões com problemas mentais (muitos deles não diagnosticados), milhões sofrem a pobreza com uma desumanidade absurda, muitos milhões de pessoas são analfabetas, milhões de pessoas simplesmente não têm perspetivas de futuro e, azar dos azares, milhões de pessoas sofrem destes problemas todos ao mesmo tempo. E, porque tudo isto é verdade, muitos milhões de pessoas do planeta Terra são terrivelmente infelizes.

Este não é um cenário de um qualquer filme apocalíptico de hollywood, não, não, esta é uma descrição razoavelmente correta do mundo em que vivemos. Mas este cenário aqui descrito não se refere exclusivamente à atualidade, é uma representação fidedigna de problemas que a humanidade sempre sofreu em abundância.

Mas, para tornar o panorama mundial ainda mais tenebroso, várias religiões surgiram no mundo e conseguiram convencer nações inteiras que existe um Deus que ordena que nos amemos uns aos outros, mas comete genocídios; ordena a morte de homossexuais e mulheres adúlteras à pedrada, mas a sua justiça é admirável; ordena que nos perdoemos uns aos outros e apela ao apedrejamento até à morte dos apóstatas, e, mais perigoso de tudo, ordena a morte dos infiéis.

Ora acontece que infiéis somos todos. Somos infiéis para Allá porque acreditamos no Deus bíblico; somos infiéis para o Deus bíblico se acreditarmos em Allá; e somos infiéis para todos os Deuses se formos ateus ou agnósticos.

Se calhar, talvez tenha sido má ideia apresentar a bíblia ou o alcorão (ou outro livro da mesma índole) à humanidade como sendo a Palavra de um Deus, levando em linha de conta a enormidade de contradições morais que tais livros contêm e os problemas sociais e mental da humanidade. Em nome de Deus, morreram milhares, no passado, como continuam a morrer milhares, no presente. Basta passar os olhos pelos livros de história e pelos telejornais atuais, para o confirmar.

Só digo que «talvez» tenha sido má ideia porque a história humana já nos ensinou que por vezes mais vale ter um mau Rei (ou governo) do que nenhum e talvez seja melhor ter um mau Deus do que nenhum. Uma coisa é certa: temos a certeza que milhões sofreram (e ainda sofrem) consequências abomináveis graças às contradições morais insuperáveis dos livros sagrados.

De tudo isto podemos retirar uma lição preciosa: no futuro, quando inventarmos mais deuses, convém que sejam deuses que respeitem realmente todos os direitos de todos os humanos (não esquecendo os direitos dos animais).

Paulo Franco.

15 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Nice – Mais uma tragédia

O islamismo é inimigo da liberdade e da vida.

Para defender os islamitas e os outros há um combate a travar.

A luta contra o islamismo é uma urgência.

14 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Demência islâmica

Escatologia muçulmana é definitiva para atrair novos soldados para a “jihad final”
por
Jarbas Aragão

Estado Islâmico quer o “apocalipse”, afirma especialista

De acordo com o renomado especialista em contraterrorismo Sebastian Gorka, o Estado Islâmico nunca escondeu suas intenções de acelerar a chagada do fim do mundo. Seguindo a tradição islâmica, eles pretendem provocar a “jihad final”. Seu objetivo apocalíptico estava claro desde a fundação, como revela o verdadeiro nome do grupo terrorista.

14 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Arábia Saudita é Estado Islâmico

Religiosos pedem até tortura contra saudita que citou Alcorão para questionar regras 3
The New York Times Ben Hubbard
Em Jedá (Arábia Saudita) 13/07/201606h00

Durante a maior parte de sua vida adulta, Ahmed Qassim Al Ghamdi trabalhou na força religiosa barbada da Arábia Saudita. Ele foi um funcionário dedicado da Comissão para Promoção da Virtude e Prevenção do Vício –conhecida no exterior como polícia religiosa–, servindo nas linhas de frente que protegem o reino islâmico da ocidentalização, do secularismo e de qualquer coisa que não sejam as mais conservadoras práticas islâmicas.

Continuar…

12 de Julho, 2016 José Moreira

O Presidente e a Fé

Há coisas que ainda (ou já?) não vou entendendo. O nosso PR proferiu um, quanto a mim, excelente discurso laudatório, quer ao engenheiro Fernando Santos quer à selecção que a FPF (?) decidiu mandar ao “europeu”. Foram palavras como, e cito de memória, que já não é grande coisa, “esforço”, “trabalho”, “dedicação”, “competência”, etc. Até aqui, tudo nos conformes, tudo muito FFF, tudo muito institucional. O que não o impediu, no entanto, de borrar a pintura toda. Tal como o seleccionador, afinal. Mas o seleccionador não é, pelo menos para já, presidente da República. Ora, parece-me que cabe, aqui, perguntar: se houve rezas de terço, qual a necessidade de tanto “esforço”, “trabalho”, “dedicação”, “competência”, etc? Se houve, e parece que sim, “esforço”, “trabalho”, “dedicação”, “competência”, etc, para quê rezar? Falta de auto-confiança, ou falta de confiança nas divindades? Por outro lado: vai a Fátima, fazer o quê? Se a selecção ganhou graças à senhora, para que raios ganha Fernando Santos tanto dinheiro? Se a selecção ganhou graças a Fernando Santos Y sus muchachos, para quê agradecer a uma boneca?

Marcelo Rebelo de Sousa, o católico, assume-se como “presidente de todos os Portugueses”. Não é, assumidamente. Não é presidente de ateus, muçulmanos, judeus, hindus, etc. Nenhum deles acredita na senhora de Fátima, nenhum deles vai à missa ou reza o terço. Marcelo Rebelo de Sousa, o católico,  confunde-se, propositadamente, com Marcelo Rebelo de Sousa, o presidente da República. E há muitos portugueses que também confundem. Essa é que é a porra.

11 de Julho, 2016 Carlos Esperança

Desporto

Fátima -1       Loudes -0